Curso “Racismo estrutural e democracia” fomentará práticas educacionais antirracistas em escolas do Grande Bom Jardim
O Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) por meio da Escola Popular em Direitos Humanos (EPEDH) em parceria com o Instituto Negra do Ceará (INEGRA) e o grupo de Diálogos de Extensão e Pesquisas Interdisciplinares, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) realiza no dia 6 de junho, às 18h, aula inaugural do curso “Racismo Estrutural e democracia: a busca pela superação do racismo na escola”.
O curso objetiva formar professores e professoras da educação básica atuantes em escolas do Grande Bom Jardim, promovendo estudos e reflexões teórico-práticas sobre a democracia e o racismo estrutural no Brasil, com viés crítico-dialógico, buscando a incorporação dessas temáticas ao cotidiano curricular e pedagógico-didático dessas escolas. Esse percurso se inicia com aula inaugural “Os desafios e perspectivas de uma educação antirracista”, que acontece no auditório da Escola Julia Alves (Rua São Francisco, 125 – Bom Jardim, esquina com a Av. Osório de Paiva), em Fortaleza/CE, e será ministrada por Elissânia Oliveira e Regis Alves. O evento é voltado para os inscritos no curso, mas a comunidade acadêmica da Unilab interessada em participar na aula inaugural pode entrar em contato com o grupo Diálogos de Extensão e Pesquisas Interdisciplinares da Unilab, via Instagram.
Biografia
Elissânia Oliveira, mulher preta, periférica e candomblecista. Formada em História pela Universidade Federal do Ceará, é especialista em História do Brasil pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú, mestra em Ensino de Sociologia pela Universidade Federal do Ceará e professora da rede de ensino do Estado do Ceará. Desenvolve pesquisa sobre racismo no ambiente escolar através das piadas e brincadeiras racistas. Área de atuação e interesse: Questões étnico-raciais, Ensino de História, Ensino de Sociologia, Educação Antirracista, Teatro e Educação, práticas pedagógica de promoção ao orgulho racial.
Regis Alves é professor de História, coordenador Estadual de Organização Política do Movimento Negro Unificado do Ceará,secretário de Promoção de Igualdade Racial do Sindicato dos Servidores/as Municipais de Itapipoca, Tururu e Uruburetama e diretor de Combate ao Racismo da Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal do Ceará (FETAMCE). Pesquisa sobre a História e a Cultura africana e Afro-brasileira, na implementação da Lei 10.639/2003 e o enfrentamento ao racismo no contexto do futebol e do Movimento das Torcidas Organizadas no Brasil.
Curso
O Curso “Racismo estrutural e democracia: a busca pela superação do racismo” será realizado entre junho e outubro de 2023, de forma gratuita, com carga horária de 80 horas. Ele foi concebido e está sendo executado através de uma parceria envolvendo o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS), a Escola Popular de Educação em Direitos Humanos (EPEDH), o Instituto Negra do Ceará (INEGRA) e o Grupo Diálogos de Extensão e Pesquisas Interdisciplinares, grupo vinculado ao Instituto de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e ao Núcleo Fortaleza do Observatório das Metrópoles.
O curso visa desenvolver experiências formativas com profissionais da educação básica da rede pública, na perspectiva histórica, cultural e política discutindo criticamente a estruturação das desigualdades raciais no Brasil; estimular o desenvolvimento de práticas pedagógicas referenciadas na defesa da democracia, em articulação com os caminhos da luta antirracista, com a educação em direitos humanos e com os contextos escolares e comunitários; e também difundir os parâmetros curriculares e demais normas nacionais e internacionais orientadoras da educação democrática, antirracista e em direitos humanos.
A iniciativa objetiva, ainda, agregar, expandir e sistematizar experiências e práticas pedagógicas significativas para/com educadores e educadoras, na luta pela democracia e na construção de uma educação antirracista, enxergando a diversidade como base essencial à defesa dos direitos humanos.
O curso, com um ambiente virtual de aprendizagem, está estruturado em três módulos: (1) Raça e racismo no Ceará e no Brasil: um reconhecimento de fundamentos histórico-políticos; (2) Democracia e políticas de ações afirmativas: uma abordagem interdisciplinar; e (3) Escola e a superação do racismo. Também serão realizados uma aula de campo com vivência em uma comunidade quilombola Alto Alegre – Horizonte e um seminário de encerramento na Unilab.
Grande Bom Jardim
O Grande Bom Jardim (GBJ), formado por cinco bairros – Bom Jardim, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Siqueira – e com população estimada em mais de 225 mil habitantes, sendo 70% parda e preta, caracteriza-se por grande precariedade urbana e vulnerabilidade social. Ao mesmo tempo, trata-se de um território com uma sociedade civil local potente e politicamente atuante na luta por direitos e por justiça social.
O contexto atual revela a relevância – educacional, social e política – de uma atuação prático-teórica antirracista. Nesse sentido, o curso busca fomentar o enfrentamento de múltiplas violências que perpassam as escolas, promovendo uma educação e cultura antirracistas, articulando universidade, sociedade civil e agentes escolares.
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