CPLP condena golpe militar na República da Guiné-Bissau
Em reunião realizada no último dia 14, em Lisboa, o Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) decidiu condenar todas as ações de subversão ocorridas na República da Guiné-Bissau após o golpe militar do dia 12 de abril. O Conselho exige a imediata reposição da ordem constitucional e a conclusão do processo eleitoral.
A CPLP vai solicitar também a todos os implicados a cessarem de imediato os atos violentos e ilegais, além de exigir o estrito respeito e a preservação da integridade física dos titulares de cargos públicos e demais cidadãos que estão sob custódia dos militares.
Com essa mesma intenção, um grupo de guineenses estudantes da Unilab também espera que a vida social e política do país volte à normalidade. Eles pedem uma intervenção das organizações internacionais com o objetivo de resolver a atual situação. Os estudantes Carimato Bari, 22 anos, Faustino Manuel Rodrigues, 26 anos e Edgar Djú, 26 anos, do curso de Administração Pública, e Amiry Monteiro Sanca, 20 anos, do curso de Enfermagem, falaram sobre a necessidade de reformar o país em diversas áreas.
Faustino afirmou que Guiné-Bissau sempre teve problemas por causa da interferência dos militares na área política. “Estamos muito preocupados porque nós vamos voltar para ajudar a desenvolver Guiné. Os nossos conterrâneos devem se unir para construir o país e deixar que as pessoas que têm capacidade façam o bem para o povo”, explicou o estudante de Administração Pública.
Já o aluno Edgar comentou que a população sozinha não pode fazer nada. “Quem tem ferro é quem manda. Estamos preocupados como futuros herdeiros do país. É preciso recrutar jovens com nível acadêmico para reformar Guiné-Bissau”, comentou Edgar.
A jovem Carimato também se mostrou aflita ao saber notícias do golpe militar. “Estou preocupada em voltar e ter que enfrentar esses problemas. A minha família não quer me dar notícias para não me preocupar. Só me dizem que a situação lá vai se acalmar. O que eu sei é muito por causa da internet”, destacou.
Depois que concluir os estudos na Unilab, o aluno de Enfermagem Amiry pretende voltar ao país para contribuir na área de saúde. “Quero ajudar na saúde pública de Guiné. Lá, precisa de investimentos em várias áreas, mas o que precisa mesmo é do diálogo entre as pessoas. Peço aos meus conterrâneos fé de que tudo vai mudar”, falou.
O golpe
O golpe militar, ocorrido em 12 de abril passado, aconteceu às vésperas do início da campanha eleitoral para a 2ª volta que levaria à escolha do Presidente da República. O golpe, liderado pelo chefe do Estado Maior- General, António Indjai, culminou com a detenção do presidente da República interino, Raimundo Pereira, e do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
Por enquanto, o espaço marítimo, aéreo e terrestre do país está interditado pelos militares, sendo necessária autorização prévia do Estado-Maior, mediante a apresentação dos planos e objetivos, para qualquer operação de entrada no país. Além disso, os lideres do golpe decidiram dissolver as instituições do país e criar um “Conselho Nacional de Transição”.
De acordo com a rádio portuguesa TSF, nos dias que sucederam o levantamento militar, os moradores de Guiné-Bissau vivem em situação de quase normalidade na capital. A presença dos militares nas ruas de Bissau é pouco visível.
Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau, oficialmente República da Guiné-Bissau, é um país da costa ocidental de África. Foi uma colônia de Portugal desde o século XV até proclamar unilateralmente a sua independência, em 24 de Setembro de 1973, reconhecida internacionalmente – mas não pelo colonizador. Tal reconhecimento por parte de Portugal só veio em 10 de Setembro de 1974. A Guiné-Bissau, juntamente com Cabo Verde, foi a primeira colônia portuguesa no continente africano a ter a independência reconhecida por Portugal. Atualmente, faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), das Nações Unidas, dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e da União Africana.