Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Desenvolvimento no contexto social foi tema de debate

Data de publicação  11/07/2011, 00:00
Postagem Atualizada há 12 anos
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Mais uma tarde de sexta-feira movimentada no bloco Didático da Unilab, no Campus da Liberdade. O professor Rodrigo Azevedo (foto), do curso de Agronomia, foi o palestrante da aula integrada no dia 8.
Com a experiência de quem viveu e trabalhou em Mato Grosso, o professor Rodrigo propôs aos estudantes uma reflexão, com apresentação do Projeto Biodiesel-Guariba; lições de uma experiência. “Queremos que, a partir desta situação, os estudantes da Unilab possam relativizar o conceito de desenvolvimento, considerando as pessoas dentro de um contexto social. Ou seja, como pensar o conceito de desenvolvimento, a partir do desenvolvimento rural”.
O projeto foi desenvolvido, no biênio 2005/2006, no âmbito da Universidade Federal de Mato Grosso, com patrocínio da Eletronorte. O título original é “Desenvolvimento de unidade piloto de produção de biodiesel via transesterificação induzida por microondas a partir de espécies oleaginosas – Projeto biodiesel – guariba”. E era objetivo analisar as possibilidades de autonomia energética de uma comunidade isolada de pequenos agricultores por intermédio da produção local de biodiesel.
Considerando a extensão da área de Guariba – cerca de 175 mil há – no Município de Colniza, com área de pasto, derrubada, capoeira, mata, rios, córregos, estradas, usina de biodiesel, áreas urbanas, unidades produtivas, reserva extrativista (RESEX) e área urbana, não era de estranhar o elevado número de atores sociais.
Para discutir a questão do desenvolvimento na região, foram ouvidos agricultores migrantes assentados; agricultores migrantes que chegaram recentemente à região e não estão assentados; os que buscavam localizar seus possíveis lotes na chamada fundiária; migrantes que chegam à região atualmente, mas não conseguem terras para se estabelecer; extrativistas, antigos seringueiros que moram ao longo dos rios; a maior parte dos seringueiros mora fora da área da RESEX, e já o faziam antes da criação da reserva; madeireiros que operam várias pequenas serrarias que fazem o processamento inicial das toras que serão levadas para a cidade de Sinop, para processamento final e destinação ao mercado; trabalhadores empregados nas madeireiras e comércio local; poder público federal – IBAMA, Polícia Federal, FUNAI; poder público estadual: FEMA, Secretaria de Infra-estrutura, Secretaria de Saúde; poder público municipal: escolas, postos de saúde, política local; fazendeiros vindos quando do início do assentamento (depois do rio Água Branca); grandes fazendeiros vindos posteriormente (predominantemente pecuaristas); comerciantes de produtos do extrativismo vindos de Manaus; comerciantes da sede do município e de municípios vizinhos; comerciantes da vila Triunfo; comunidades indígenas com áreas demarcadas; povo indígena isolado.
Após o processo de identificação dos atores, o projeto avançou para o mapeamento temático da região, levando em conta a área e percentual de área de unidades de manejo das Unidades de Proteção da área de estudo do Projeto Guariba; o uso da terra; interpretando o ciclo da agricultura; a qualidade do solo; que avaliou a qualidade nutricional do solo para as plantas e, como conclusão, a percepção social do projeto.
Esta última etapa ponderou o contexto social de cada segmento e o desejo dos atores, com base no entendimento que apresentavam do projeto. Foram registradas, ao todo, 51 mensagens em que os agricultores se posicionavam diante de uma esperança, mesmo que quase impossível de se atingir. Para citar, reproduzimos as três primeiras percepções: vai gerar emprego; o povo fala que vai ser bom o projeto; o projeto não vai gerar energia para os sitiantes. Isso tudo, em uma região com transporte precário, distante, com incidência de malária e com condições precárias.
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