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Especialistas discutem Desafios do Desenvolvimento do Território do Ceará

Data de publicação  04/02/2012, 12:28
Postagem Atualizada há 13 anos
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O Seminário “Desafios para o Desenvolvimento do Território Cearense – Elementos para o Debate”, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Unilab, foi realizado nesta sexta-feira (03) no anfiteatro do Campus da Liberdade, em Redenção. O evento contou com a participação de especialistas e estudiosos das áreas da História, Geografia, Economia, Educação e Cultura.

Stela Meneghel, pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão, conduz os trabalhos

 O tema das discussões no período da manhã foi “Economia e Desenvolvimento no Território Cearense”. O primeiro palestrante foi o historiador e atual secretário da Cultura do Estado, Francisco Pinheiro. Ele falou sobre “As Origens do Estado Cearense – Elementos para Compreender o Desenvolvimento do Território”. Pinheiro fez um resgate histórico dos períodos mais importantes da economia do estado, desde a colonização e a inserção do trabalho escravo no Ceará até as fases de ascensão e declínio das exportações, passando pelo charque, algodão, café, cana-de-açúcar e seus derivados, como açúcar, rapadura e cachaça.

Prof. Francisco Pinheiro

 Após essa retrospectiva da historiografia do desenvolvimento econômico do estado, Francisco Pinheiro pontuou o investimento atual do Governo para manter e alavancar o crescimento do Ceará. Segundo ele, atualmente o Estado começa uma nova fase, com foco na indústria de base (siderúrgica e refinaria), na melhoria das condições de infraestrutura (portos, aeroportos e estradas) e na educação, especialmente na área técnica.

 O secretário destacou a importância das escolas técnicas profissionalizantes do Estado e da relação dessa rede com as instituições de nível superior e dos institutos de educação, ciência e tecnologia do governo federal. Para ele, “a estratégia atual não aponta para o desenvolvimento da indústria tradicional, e sim para os negócios em que a inteligência é o elemento essencial”.

Economista Carlos Manso

 O segundo palestrante do dia foi o economista Carlos Manso, pesquisador do Laboratório de Estudos da Pobreza da UFC. Ele falou sobre “Pobreza e Desenvolvimento Econômico e Social – o Plano do Ceará”. Manso mostrou a evolução do pensamento em desenvolvimento econômico ao longo da segunda metade do século XX, e a transição entre as escolas que defendiam o aumento do estoque do capital (1947) até o início do século XXI em que os teóricos passam a defender as metas do milênio estabelecidas pela ONU, aliando crescimento à redução da pobreza. No caso brasileiro, Carlos Manso também faz um resgate histórico e provou o quanto as desigualdades foram construídas ao longo do tempo, baseadas numa estratégia política concentrada da produção de bens primários, foco no capital financeiro e concessão de créditos e incentivos fiscais para empreendimentos privados. Atualmente, ele defende uma alternativa de combate à desigualdade firmada em projetos estruturantes, investimento em infraestrutura social (educação, saúde e crédito produtivo) e plano de erradicação da miséria.

 As discussões da manhã terminaram com a intervenção da geógrafa Virgínia Holanda. O tema da palestra foi “O Uso do Território Cearense: Diferentes Perspectivas”. Virgínia falou sobre a nova dinâmica territorial do estado, com o surgimento das chamadas “cidades médias”, como Sobral, Iguatu, Juazeiro do Norte e Crato. A professora diz que esse processo vai além dos aspectos demográficos e econômicos, porque se relaciona com a criação de novas metrópoles e de regiões metropolitanas. Virgínia questiona o modelo de desenvolvimento econômico adotado para essas regiões, principalmente no que diz respeito à implantação de investimento industriais, da guerra fiscal, da especialização produtiva e da modernização agrícola. Segundo ela, esses fatores estabelecem novas culturas de trabalho, sem valorizar os saberes locais e impõem aos municípios um modelo de crescimento que exclui a grande maioria da população. As discussões continuaram com a fase de debate, em que os palestrantes puderam responder às indagações do público presente.

Geógrafa Virgínia Holanda

A tarde começou animada para os participantes do seminário, que foram brindados com a apresentação de alguns dos integrantes do Maracatu Solar, de Fortaleza, puxados pelo cantor e compositor cearense Pingo de Fortaleza. Na ocasião eles mostraram três músicas do repertório do maracatu, entre elas, “Noite Azul”, composta por Pingo, Parahyba e Moita. Ao final, todos os presentes dançaram ao som do maracatu.

Maracatu Solar com Pingo de Fortaleza

Após a apresentação, foi formada a mesa abordando a temática “Educação, Cultura e Desenvolvimento Social no Ceará”, com a participação da professora da UFC e da UECE, Sofia Lercher Vieira; do também professor da UECE do Cândido B.C. Neto, além do professor da Unilab, Ribamar Furtado.

Professores B.C. Neto, Ribamar Furtado e Sofia Lerche

A primeira palestra ficou a cargo da ex-secretária de Educação do estado do Ceará, Sofia Lerche, que abordou “Educação e desenvolvimento social – perspectivas para o Ceará”. Em sua fala, ela afirmou que a educação no Ceará está caminhando, mas, ainda há muito o que avançar. Sofia aproveitou para destacar que é preciso definir o significado da universidade dentro dos contextos onde está inserida. “A universidade tem um papel fundamental na superação dos problemas existentes no seu entorno. Para isto é preciso ter o foco na melhoria da qualidade de vida dos moradores do seu território”.

Prof. Sofia Lerche

Sofia Lerche também falou sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Observatório da Educação no Maciço, que tem o objetivo de detectar os problemas da educação básica na região. Na ocasião, ela mostrou diversos indicadores referentes aos 15 municípios que vem sendo estudados em itens como escolarização – aprovação, reprovação e evasão -, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice de Desenvolvimento de Educação Básico (IDEB), entre outros. “Nosso desafio é melhorar o que está aí e ampliar o número de pessoas beneficiadas com o acesso à educação”.

Prof. B.C. Neto

Em seguida, o professor B. C. Neto, apresentou o tema “Arte e Cultura no Ceará”. Em sua explanação ela ressaltou a necessidade de valorização dos talentos, onde, além do Estado, cada setor organizado da sociedade – escola, igreja etc – passe a reconhecer e respeitar os reais valores da nossa cultura. Segundo ele, existe hoje a necessidade de uma revolução que possibilita a valorização da cultura.

Para complementar a sua apresentação, B. C. Neto passou a palavra para o músico e artista plástico cearense Descartes Gadelha, que falou sobre a multiplicidade cultural brasileira – citando a miscigenação entre o índio, o europeu e o negro nas mais variadas áreas – e, sobretudo de música, citando Villa-Lobos e Tom Jobim, entre outros, para finalizar com o ritmo do maracatu.

Descartes Gadelha, músico e artista plástico

Ao final, os presentes puderam fazer seus questionamentos aos palestrantes.

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