Pesquisador Wilson Trajano ministra palestra na Unilab
O professor da Universidade de Brasília (UnB), Wilson Trajano, ministrou na manhã desta quinta-feira (04) a palestra “Estudos Africanos no Brasil: lacunas e oportunidades” para estudantes e professores no auditório da Unilab. O evento, mediado pelo professor Luis Tomás Domingos, foi uma realização da Pró-reitoria de Relações Institucionais.
O investigador, que conhece bem a realidade de países da África Ocidental, como Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, falou sobre as oportunidades e dificuldades que os pesquisadores têm em consolidar um campo de estudos africanos no Brasil.
Dentre as dificuldades, o professor citou a obsessão que os pesquisadores brasileiros têm estudar sobre o Brasil. “Falta interesse dos estudiosos em se moverem para fora, para conhecer de perto a realidade africana. Raramente, os estudos africanos vão para a África. Já existem, de maneira incipiente, estudos focando a África de expressão portuguesa, mas nós temos que escapar desse campo. O português não é vantagem alguma, porque na África não se fala português, principalmente fora das grandes cidades”, revelou o professor. Ele afirmou que, em Bissau, capital do país guineense, apenas 8% da população se expressa em língua portuguesa.
Wilson comentou ainda sobre as oportunidades existentes para os pesquisadores brasileiros. “Há uma série de temáticas que podem ser investigadas, por exemplo, a criolização das culturas africanas. Os pesquisadores devem evitar a brasilidade e promover pesquisas pensando de maneira cosmopolita”, explicou.
Sobre Wilson Trajano Filho
O professor Wilson Trajano Filho é bacharel em Música pela Universidade de Brasília (1979), mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília (1984) e doutor em Antropologia pela University of Pennsylvania (1998). Ensina no Departamento de Antropologia da UnB desde 1993 e atualmente é pesquisador associado ao Max Planck Institute for Social Anthropology, Halle/Saale (Alemanha). É co-editor do Anuário Antropológico e membro do corpo editorial de vários periódicos no Brasil, Estados Unidos, Portugal e Polônia.
Wilson Trajano realiza pesquisa de campo no Brasil (entre músicos profissionais), na Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Sua principal área de interesse é a Antropologia da África, com ênfase nos seguintes temas: história do colonialismo português em África, formação e reprodução das sociedades crioulas na Alta Costa da Guiné, cultura popular e análise de rituais e formas narrativas em sociedades africanas.