Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Curso de Pedagogia tem aula inaugural com lançamento de livro sobre políticas de igualdade racial

Data de publicação  03/03/2015, 17:50
Saltar para o conteúdo da postagem

O curso de Pedagogia da Unilab realizou, na última sexta-feira (27), aula inaugural em que lançou o livro da professora Matilde Ribeiro, “Políticas de promoção da igualdade racial – 1986 a 2010”, e realizou debate sobre diálogos culturais, políticos e epistemológicos em mesa redonda.

A mesa de abertura do evento foi composta pela pró-reitora de Graduação, Andrea Linard, pela coordenadora do curso de Pedagogia, Rebeca Meijer, e os professores Leandro Proença e Luma Andrade. Andrea Linard afirmou que satisfeita e esperançosa de que o curso seja referência, “pois é responsável pela formação dos professores de todas as licenciaturas”.

Rebeca Meijer caracterizou o curso como inovador e destacou os desafios e pontos fortes. “O grande desafio é vencer a tendência eurocentrada da universidade, de pensar a partir da Europa e analisar as outras formas de conhecer o mundo. A metodologia proposta participa da epistemologia do eixo Sul-Sul e isso causa estranhamento na universidade. Estamos dialogando com África e diáspora, que é o Brasil africanizado, e romper com essa tradição eurocêntrica já está sendo um desafio”, declara.

A mesa redonda, cujo tema era “Diálogos culturais, políticos e epistemológicos do curso de Pedagogia”, foi composta pela professora da Unilab, Matilde Ribeiro, pelo mestre de capoeira Angola, Magnata, que colaborou para a estruturação do curso, e pelo ativista da política de igualdade racial no Ceará, Luís Bernardo.

Professora da Unilab, Matilde Ribeiro lança o livro  Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Brasil (1986-2010).

Professora da Unilab, Matilde Ribeiro lança o livro Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Brasil (1986-2010).

Primeira ministra da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), considerada um expoente na luta pela igualdade racial e aplicação da Lei 10.639 – que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, Matilde Ribeiro afirmou que não poderia falar sobre o lançamento de seu livro sem abordar a Unilab e o curso de Pedagogia.

A pesquisadora explicou que a obra traça uma retrospectiva da construção das políticas de igualdade, culminando com as ações afirmativas do século XXI, entre as quais reconhece a Unilab. “Começo com o marco de 1986, dois anos antes da revisão da Constituição, quando o movimento negro se antecipou entregando uma plataforma de reivindicações, já que cem anos após a abolição da escravatura não havia ainda uma ação continuada para incluir a população negra como cidadã. Apresento uma linha do tempo, com principais momentos da luta, até a fundação da Seppir e ações afirmativas no século XXI. A Unilab faz parte desse processo, mas isso não está contundente no livro, por conta do recorte temporal, que vai até 2010, quando a universidade estava sendo criada. A Unilab é uma conquista nas ações afirmativas, uma universidade ímpar, não só pelo processo educativo, mas pela cooperação Sul-Sul. Não há um projeto acadêmico com essa envergadura e temos que reforçar isso”, sublinha.

Para Matilde Ribeiro, o curso de Pedagogia segue a linha da universidade. “Ele parte da afrocentralidade. Reforça os componentes cultural, social, político e epistemológico”, afirma.

O militante Luís Bernardo falou de sua experiência como coordenador de Políticas para a Igualdade Racial no Município de Fortaleza. “Nós avaliávamos a criação da Seppir como extremamente importante, mas sem ressonância em Fortaleza porque não havia um órgão. Dentro da Secretaria de Direitos Humanos foram criadas as coordenadorias, inclusive a de igualdade racial, com ferramentas de participação do movimento negro e eventos para promoção da cultura negra, curso de formação de professores etc”, detalha.

Bernardo apoiou a criação do curso de Pedagogia da Unilab, emprestando sua experiência como militante pela implementação da Lei 10.639 e outras pautas do movimento pela igualdade racial. “Eu participei do Fórum Permanente de Educação para as Relações Étnico-raciais do Ceará e foi com essa experiência que contribui para a criação do curso. A professora Rebeca escutou os militantes, diretamente envolvidos no processo de emancipação, e essa postura ajudou bastante”, enfatiza.

A aula inaugural foi encerrada com roda de capoeira.

A aula inaugural foi encerrada com roda de capoeira.

Sobre o livro Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Brasil

livro matilde

O livro “Políticas de promoção da igualdade racial – 1986 a 2010”, lançado pela Editora Garamond, surge de uma reflexão teórica política acerca da realidade brasileira a partir do reconhecimento, por parte do Estado, da existência do racismo e das perspectivas para sua superação. O reconhecimento do racismo foi impulsionado pela atuação do Movimento Negro e da organização das mulheres negras perante a sociedade e o Estado, por meio do encadeamento de lutas e negociações das políticas públicas de igualdade racial. O período escolhido (1986-2010) demarca importantes momentos da realidade social e política brasileira – do processo pré-Constituinte ao final da segunda gestão do presidente Lula.

Categorias