MOÇAMBIQUE – Escola Portuguesa de Moçambique expande-se para fora de Maputo
A Escola Portuguesa de Moçambique vai expandir-se para fora de Maputo, com a criação de um primeiro polo na Matola, nos arredores da capital moçambicana, ao abrigo de um memorando assinado ontem pelos governos dos dois países.
Segundo o secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, que assinou em Maputo o memorando em representação do Governo português, o polo da Matola deverá estar pronto no próximo ano letivo, com oferta até ao quarto ano de escolaridade, incluindo pré-escolar, mas com perspectivas de progressivamente aumentar a sua capacidade até ao nono ano.
“É a primeira escola portuguesa no estrangeiro com a possibilidade de ter polos, isto significa que está a cumprir o seu papel na promoção e na difusão da língua portuguesa e no apoio à comunidade em que se insere”, afirmou o secretário de Estado português, logo após a assinatura do memorando com o ministro da Educação moçambicano, Jorge Ferrão.
Além da Matola, o Governo português espera também abrir um novo polo na região norte de Moçambique, assinalou João Casanova de Almeida, destacando que este “é um passo importante para a difusão e promoção da língua portuguesa, uma das mais faladas no mundo e a mais falada no hemisfério sul”.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado do Ensino referiu que o Governo português mantém um projeto de melhoria e expansão da rede de escolas portuguesas no estrangeiro em todos os países de língua oficial portuguesa, que já atingiram o limite da sua capacidade, e que agora chegou o momento de se criar “uma segunda geração” de estabelecimentos.
Depois de Moçambique, adiantou, a expansão de escolas portuguesas está numa fase muito adiantada em São Tomé e Príncipe, em lançamento de concurso em Cabo Verde, havendo ainda planos para São Paulo, no Brasil, e ampliação da rede em Timor-Leste.
O ministro da Educação de Moçambique disse por seu turno que a abertura de uma nova escola “abre sempre uma nova oportunidade de acesso” ao ensino, lembrando que a taxa de escolarização no país é de 83%.”É um grato prazer poder contar com um polo da Escola Portuguesa aqui em Moçambique, porque os desafios que temos na área da educação são, mais do que nunca, superiores ao que podemos imaginar”, declarou Jorge Ferrão.
Moçambique conta com cerca de sete milhões de alunos, 120 mil professores e 13 mil escolas, mas “ainda assim não se consegue dar resposta para que todas as crianças tenham acesso ao ensino”, lamentou o governante moçambicano, que mencionou também as instalações sem equipamentos, a falta de infraestruturas e um largo caminho para percorrer na capacitação dos professores.
Nesse sentido, desafiou o Governo português a colaborar num novo projeto do executivo moçambicano de preencher as bibliotecas dos 24 institutos de formação de professores existentes no país e que atualmente “não têm quase nada”.
“Se um professor na sua formação tem acesso a um livro, ele ganha uma competência que depois vai passar para as crianças”, frisou Jorge Ferrão, que anunciou também uma parceria com os serviços culturais da Embaixada de Portugal em Maputo para a realização de uma exposição sobre os quarenta anos do ensino em Moçambique, no âmbito das celebrações de quatro décadas de independência do país, assinaladas a 25 de junho.
“Temos o espólio, queremos tirá-lo do edifício [Ministério da Educação], fazê-lo circular e só precisamos de encontrar quem o faça”, afirmou.
Fonte: www.sapo.tl/