Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Unilab forma 208 novos profissionais em 10 áreas do conhecimento

Data de publicação  30/04/2019, 13:23
Postagem Atualizada há 6 anos
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À primeira vista, a colação de grau na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), realizada na noite da última sexta-feira, 26 de abril, no Campus das Auroras, Redenção/CE, parece igual a todas as outras. Como as demais, conta com as becas pretas alugadas em meio as roupas coloridas, os vestidos e os cabelos longos e escovados, a expressão de satisfação dos pais, parentes e amigos, a altivez do dever cumprido dos concludentes, e muitas selfies, a fim de eternizar para a história aquilo que a memória ousar um dia esquecer. 

A etiqueta do cerimonial também está presente em toda sua plenitude: têm juramentos, a composição da mesa de honra, a abertura dos trabalhos feita pelo reitor, discursos inflamados e oficiais e outras peculiaridades que fazem parte da tradição de uma colação de grau. O grito de Lula Livre, que encerrou boa parte dos discursos dos concludentes, parece também tem se tornado uma marca quase natural nesse tipo de celebração universitária. 

Todavia, um olhar um pouco mais atento vai logo perceber a singularidade presente não apenas nessa cerimônia, mas, e principalmente, no papel desempenhado pela Unilab para o desenvolvimento e a partilha do conhecimento para além das nossas fronteiras. 

Fato, aliás, destacado logo no início pela cerimonialista ao lembrar a todos os presentes que a missão institucional da Unibal “é formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional”.


Por isso, nessa cerimônia são executados não apenas o nosso belo hino nacional, mas também trechos dos hinos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste, numa clara manifestação de integração entre esses povos. Os discursos dos concludentes trazem também a marca da diversidade linguística e cultural, pois, embora a Língua Portuguesa seja o traço comum, os distintos sotaques deixam escapar uma espécie de elogio das diferenças. 

Em meio a tanta diversidade, uma colação de grau na Unilab é sempre uma celebração única de integração entre os povos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Diversidade presente também nos números de formandos e nos cursos, evidenciando que a Unilab está em franca expansão do seu ensino, pesquisa e extensão. A colação corou a graduação de 208 novos profissionais em 10 cursos diferentes, referente ao período letivo 2018.2, divididos nos seguintes bacharelados: Administração Pública (13), Agronomia (34), Antropologia (01), Ciências da Natureza e Matemática (10), Enfermagem (20), Engenharia de Energias (07), Humanidades-BI/LI (74)] e Licenciaturas [História (19), Letras- Língua Portuguesa (13) e Sociologia (17).

Os discursos dos representantes das turmas são também um reflexo do multiculturalismo e da riqueza étnica, que fazem da Unilab uma instituição única em todo o território nacional. Marcados, ao mesmo tempo, por forte um tom crítico e emotivo, essas falas formam um retrato fiel desse rito de passagem em que se expõem as cicatrizes dos desafios e os regozijos da vitória. 

Isabel Baldé: “As mulheres podem estudar, casar e ter filhos. Se quiserem! Uma coisa não anula a outra”.

A primeira a discursar foi Isabel Baldé, concludente do curso de Administração Pública, que enalteceu o esforço de cada um para atingir seus objetivos. “O nosso percurso certamente foi marcado por muitos desafios, desde a criação de grupos de trabalho nos primeiros dias de aula, até a criação da comissão de formatura. Para nós que viemos de longe, a dose pode ter sido um pouquinho mais forte. A comida, a água, os hábitos e costumes, até a língua era diferente para nós. Nas primeiras semanas de aula não compreendíamos quando os professores falavam, mas isso logo foi superado”.

Em sua fala, Baldé fez ainda uma menção honrosa à perseverança das mulheres que, diante do impasse entre abraçar a maternidade ou uma vida profissional, decidiram encarar esse desafio duplo. “Lembro-me de quando saíram os resultados da seleção lá em 2014, olhando a lista de classificados percebi que eu era a única menina no grupo da Administração Púbica no meu país. Isso é porque muitas meninas não tem a mesma oportunidade que eu tive e que outras que vieram para outros cursos tiveram. Muitas meninas ainda são educadas para se casarem e terem filhos. E aí eu pergunto: seria o casamento e a maternidade um empecilho para a formação da mulher? E respondo: Não. As mulheres podem estudar, casar e ter filhos. Se quiserem! Uma coisa não anula a outra. Nessa turma de formandos, temos duas mulheres, sim, apenas duas, e as duas são administradoras públicas e mães. Então, sigamos e façamos com que outras pessoas consigam ter oportunidades assim como nós tivemos.”

Já Márcio da Costa, concludente do curso de Agronomia, destacou o espírito de equipe para superar os desafios, sobretudo os emocionais. “Quando chegamos aqui, nos deparamos com realidades totalmente distintas e o principal desafio era aprender a conviver com o novo. Essas realidades, com o passar do tempo, passaram a ser as nossas realidades; deixaram de ser “eu” e passamos a ser “nós”. Descobrimos uns com os outros que compartilhamos muitas coisas, dentre elas a saudade. Saudade de quem deixamos em nossos países, nossas cidades, nossos lares, e tinha dias que isso doía”.

O concludente do curso de Antropologia, Antonio Abipinte preferiu agradecer diretamente a instituição, que, segundo ele, foi marcante para a descoberta de novos horizontes. “A Unilab mostrou-nos um novo caminho, permitiu-nos viajar em um universo plural, onde feminismos, africanismos, branquitudes, afro-centrismos, e todos outros ismos necessários foram importantes para nos constituirmos enquanto seres políticos. Intelectuais engajados. Vamos ser ousados, rebeldes e implodir às velhas epistemologias racistas, machistas, xenófobas e epistemícidas. Vamos inovar, ser criativos e não esquecer o que a Unilab semeou em todos de nós: Ubuntu.”

Durante a cerimônia de colação de grau era fácil perceber que, entre os concludentes, há uma visão comum de que a graduação é um divisor de águas, um passo importante na afirmação da vida profissional, mas que não é tudo, não é a linha de chegada, mas uma porta aberta para novos começos. 

Segundo Rolanda Domingos, concludentes do curso de Enfermagem “a jornada foi espetacular e está apenas começando”. Pois, continua, “deixamos nossas casas e passamos a viver aqui, em busca do nosso sonho. No início, fomos questionados por que escolhemos a Enfermagem, e no geral, respondemos que foi porque queremos cuidar do próximo. Bem, a poetisa Maya Angelou uma vez disse que ‘Se você sentir em seu coração que deve cuidar de outra pessoa, você terá sido bem-sucedido’. Então, já somos bem-sucedidos, e o desejo para de hoje em diante é que sejamos cada dia mais extraordinários”.

Para o concludente do curso de Engenharia de Energias, Erik Martins, toda conquista nunca é resultado de um esforço individual, mas um somatório coletivo que torna os sonhos possíveis. “Além do aprendizado, tivemos nesse período o acompanhamento de pessoas maravilhosas, além dos nossos familiares e amigos, professores tão preocupados conosco quanto nossos pais, puxando nossas orelhas, aconselhando, se importando com nosso aprendizado em sala. Outros com excelente habilidade em repassar o conhecimento, e até os que tentaram encontrar meios para ajudar os alunos quando a burocracia da universidade não cooperava. Além deles, os demais profissionais que nos atenderam de forma excepcional e que hoje estão sendo representados por cada um dos homenageados que escolhemos.”

Maria Whildislane da Silva: “Nosso compromisso é não nos deixarmos ficar pelo meio do caminho, pelo contrário, assumamos os novos desafios de sermos, cada vez mais, estudiosos e servidores comprometidos com a deontologia profissional”.

Assim, dando-se as mãos, parece ser possível construir um mundo mais humano por meio da partilha do saber e do sensível. Pelo menos esse é o desejo dos concludentes do curso de Humanidades, expresso no discurso de Maria Whildislane da Silva: “O longínquo caminho que temos a percorrer permanece patente à nossa frente. Porém, a sua distância não nos deve assustar, sabendo que o nosso sonho é gigantesco. Tendo como referência a fala da poetisa angolana Alda Lara ‘Todo caminho é belo se é cumprido/ Ficar no meio é que é perder o sonho’. Portanto, o nosso compromisso é não nos deixarmos ficar pelo meio do caminho, pelo contrário, assumamos os novos desafios de sermos, cada vez mais, estudiosos e servidores comprometidos com a deontologia profissional”.

A formação de espíritos críticos para a conjugação de um mundo mais justo foi a tônica das falas dos estudantes de História e Sociologia. “Nosso compromisso nesse momento crítico é seguir lutando em defesa de uma educação pública gratuita, laica de qualidade e para todos, que respeite a diversidade cultural, religiosa, as opiniões divergentes e principalmente preze por um ensino que possibilite a construção de uma consciência crítica. Seguiremos resistindo, a exemplo de Zumbi dos Palmares, Dandara, Marielle Franco, Nelson Mandela, Amílcar Cabral, Titina Sila, Martin Luther King, Angela Davis”, destacou o concludente do curso de História, Francisco Peixoto. 

Já Suleimane Seide, concludente do curso de Sociologia, exaltou em seu discurso o papel do sociólogo no processo de descolonização. “Ao longo do nosso percurso acadêmico no curso de sociologia e na Unilab, em geral, fomos ensinados a ser professores para orientar os sonhos de milhares de pessoas e fomos ensinados a resistir, de fato. A desocupação dos territórios não se traduziu em emancipação total, o colonialismo só mudou de roupagem, a exploração e usurpação dos nossos recursos, hoje se dá, de maneira sutil, através dos processos subjacentes a lógica neocolonial que são arbitariamente impostas aos nossos estados”.

Os Silvas, citando Luther King: ‘Pouca coisa é necessária para mudar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios”

Essa cerimônia singular deixou nos participantes um sentimento de que a mudança para um mundo melhor é possível. “Martin Luther King dizia que ‘Pouca coisa é necessária para mudar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios”, e é assim, com amor no coração e um sorriso nos lábios que encerramos nossa fala, na certeza de que este é um dos momentos mais emocionantes na vida de cada formando aqui presente, pois para além do profissionalismo, o tempo que passamos nesta universidade também nos transformou como humanos’, afirmaram os concludente do curso de Letras-Língua Portuguesa, Eugênio Ramos da Silva e Kessio Lopes da Silva.

Mesa de Honra

A mesa de honra foi composta por Alexandre Cunha Costa, Reitor pro tempore; Andrea Linard, Vice-Reitora pro tempore; Edson Barboza,  Pró-Reitor de Graduação; Yumi Kanikadan, coordenadora em exercício do curso de Bacharelado em Administração Pública, modalidade presencial; Fernanda Schneider, coordenadora em exercício do curso de Bacharelado em Agronomia; Lailson Ferreira, coordenador do curso de Bacharelado em Antropologia; Camila da Costa, coordenadora em exercício do curso de Bacharelado em Enfermagem; José Cleiton Sousa dos Santos, coordenador do curso de Bacharelado em Engenharia de Energias; Jacqueline da Silva, coordenadora do curso de Bacharelado em Humanidades; Lourenço Ocuni, coordenador do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza e Matemática; Fernanda Pinheiro, coordenadora do curso de Licenciatura em História; Antonia Pereira, coordenadora do curso de Licenciatura em Letras- Língua Portuguesa; Thiago Vasconcelos, coordenador do curso de Licenciatura em Sociologia.

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