Unilab/Malês firma parceria com UNEB e recebe II Colóquio Internacional
De 21 a 26 de outubro acontece o “II Colóquio Internacional-Worshop Representações de africanos e pessoas de descendência africana nos manuais escolares. Perspectivas afro-decoloniais. Visões práticas e teóricas”. O Campus dos Malês da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) receberá algumas das atividades, nos dias 21 e 26.
Serão seis dias de debates em Grupos de Trabalhos (GTs), conferências, mesas redondas, rodas de saberes e lançamentos de livros, que giram em torno de temas ligados a África e à diáspora dos povos africanos. O evento contará com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros, como Kabengele Munanga, Florentina da Silva Souza, Tiganá Santana, Eugenio Nkogo-Ondo, Mbare Ngom, Sandra Haydée Petit e Alba Rodriguéz-Garcia.
Organizado por professores de universidades brasileiras, africanas e europeias, o evento é uma parceria entre o Campus dos Malês e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras (PPGEAFIN).
O colóquio também conta com a parceria do Grupo de Pesquisa Ensino de História nos Espaços Lusófonos, coordenado pelas professoras Fábia Ribeiro e Idalina Freitas. Com um projeto de pesquisa sobre manuais didáticos de História moçambicanos e angolanos financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), o grupo apresentará os resultados da pesquisa realizada pelos estudantes Sene Indjai, Zinha Nanque e Eurizando Caomique, sobre Moçambique.
Com a palavra, os coordenadores
Ciente da importância do evento para o diálogo e a interação entre profissionais da educação de diversos países, a coordenadora Fabia Ribeiro destaca o movimento dos pesquisadores e educadores em busca pelas práticas pedagógicas no Brasil. “O Brasil é um país que tem um avanço muito grande desde a Lei nº 10.639, que institui a obrigatoriedade do ensino da história da África. O país tem sido uma referência em produção de material didático e práticas pedagógicas inovadoras, ao trabalhar com a história da África e também com a diáspora africana no Brasil”, explica a docente.
A escolha pela Bahia também tem uma razão de ser. Para a profa. Fábia, há no estado uma referência em africanidade e ancestralidade. Como parte do objetivo maior de inserir e fortalecer a Unilab em um contexto de internacionalização, a ideia é ampliar o diálogo. “A Unilab é uma universidade de diálogo com o continente africano e o colóquio reforça isso”. Inserir a instituição nesse debate pode colocar a Unilab/Bahia como referência no cenário internacional.
Juliana Farias, que também integra a coordenação geral do colóquio, ressalta a necessidade de estabelecer parcerias nacionais e internacionais, com instituições que pesquisam novas práticas pedagógicas decoloniais e temas afins.
“Nós temos desenvolvido projetos de internacionalização, que são fundamentais para o projeto da Unilab. Eu mesma venho realizando projetos com universidades do Senegal, a exemplo do projeto SLAFNET, uma parceria entre a Universidade de Lisboa e a Universidade Cheikh Anta Diop, em Dakar”, explica a professora do curso de História da Unilab, Juliana Farias.
Outro exemplo é o projeto de pesquisa da professora do curso de História da Unilab, Fábia Ribeiro, financiado pela FAPESB, que tem o objetivo de pensar os manuais escolares nos países lusófonos, pensando em Angola e Moçambique, com alunos bolsistas que participarão do colóquio.
“Teremos pesquisadores brasileiros, aqui do Nordeste, mas também pessoas que vêm de São Paulo, Mato Grosso e outras regiões, muitas pessoas que se inscreveram para os grupos de trabalho. Será um momento muito importante de trocas, que vai pensar não só teoricamente, mas também em produzir os materiais escolares com uma nova perspectiva para pensar a história africana e a própria história das diásporas africanas”, frisou a docente Juliana.
Entre os coordenadores internacionais, o professor Sébastien Lefèvre, da Universidade Gaston Berger, acredita que a segunda edição do colóquio será um espaço de reflexões entre acadêmicos e não acadêmicos, “para promover ações concretas para estabelecer certa justiça epistemológica, combatendo o racismo epistemológico estrutural difundido pela ciência ocidental”.
Ele, que esteve a frente do evento antes mesmo de sua primeira edição, aposta agora na criação da base digital de suportes didáticos, com acesso livre para qualquer docente, de qualquer parte do mundo. “Com esta plataforma, será possível integrar e reintegrar os aspectos da docência em uma visão mais universal do conhecimento. Pode caber aí muitos mundos – europeus, africanos, afrodescendentes, etc.”, finaliza Sébastien Lefèvre.
Primeira edição e desdobramentos
Em maio de 2017, a primeira edição do colóquio aconteceu na Universidade Gaston Berger, em Saint-Louis/Senegal, e contou com a participação de 40 pesquisadores, professores de Ensino Médio, estudantes universitários e interessados em geral. Todas as intervenções trataram de questões relacionadas às representações da África e dos africanos em materiais didáticos e ilustraram a filosofia do evento: a apresentação de reflexões epistemológicas sobre a necessidade de ações concretas capazes de modificar a perspectiva eurocêntrica dos manuais didáticos.
Desses encontros, que resultaram em análises minuciosas sobre os livros didáticos na África e na sua diáspora, surgiu a ideia da realização da segunda edição, no Brasil. De acordo com a professora Juliana Farias, coordenadora geral do evento, “agora, o objetivo também é criar uma plataforma digital, disponibilizando todo o tipo de material e fontes documentais relacionadas às culturas africanas e afro-diaspóricas, que poderão ser consultados por docentes, estudantes, agentes culturais, artistas e educadores do mundo inteiro. Por esta razão, o encontro privilegiará questões de práticas pedagógicas e didáticas”.
Oficina Pretagógica
A professora Sandra Petit, da Universidade Federal do Ceará (UFC), ofertará a oficina Pretagógica “Narrativas orais e práticas comunitárias”, cujo objetivo é construir narrativas orais e práticas comunitárias afrorreferenciadas que fortaleçam os conceitos de Pertencimento Afro e Senso Comunitário Afroancestral e motivem a apropriação das cosmopercepções africanas, de modo teórico-prático, favorecendo-se a realização de intervenções e projetos pretagógicos nas escolas e comunidades a partir de material afrorreferenciado.
A oficina acontecerá no dia 25, das 9h às 12h, no CEPAIA/UNEB. Para a atividade, o colóquio estabeleceu o número de 6 a 36 participantes. As inscrições devem ser feitas com manifestação de interesse enviada ao e-mail: afrodecolonial@gmail.com
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