Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Cotidiano universitário é tema de documentário produzido por estudantes do Campus dos Malês

Data de publicação  19/08/2020, 15:53
Saltar para o conteúdo da postagem

Um desafio foi lançado: a construção de um projeto audiovisual que interpretasse os entrelaçamentos dos estudantes afro-brasileiros na região de abrangência do Campus dos Malês, localizado no município de São Francisco do Conde/BA. O aceite dos estudantes veio em forma de documentário. A produção intitulada “Narrativas Afrodescendentes” foi o resultado da provocação do professor Eduardo Estevam, durante aulas da disciplina Sociedades, Diferenças e Direitos Humanos nos espaços lusófonos.

Dilemas, trocas simbólicas, conquistas e vicissitudes permeiam o audiovisual que aproxima o telespectador às experiências da realidade sociocultural do recôncavo baiano e comunidade unilabiana. Em pouco mais de 18 minutos, retratos do campus e do seu entorno são capturados em depoimentos, danças, músicas, imagens e espaços entrelaçados de uma lusofonia afrodescendente.

Da ideia – em meio às discussões de um capítulo do livro “Cultura e Imperialismo” sobre espaços entrelaçados – à finalização do filme, foi longa a jornada. “Iniciamos todo o processo no segundo semestre de 2018 e concluímos agora, em julho de 2020”, apontou Estevam. E acrescentou: “Tivemos inúmeras dificuldades, consequentemente várias pausas nos encontros e gravações”, mas que foram superadas e o resultado você pode conferir aqui.

Natural de São Francisco do Conde, José Jorge do Espírito Santo é professor de Geografia e fez um levantamento de questões cruzadas entre o continente africano e o município. “Eu sempre tive uma preocupação em estudar e analisar essa população – São Francisco do Conde, uma cidade que tem o predomínio de uma população negra, mais de 93% é afrodescente”, detalhou o professor, parceiro das atividades do Campus dos Malês, em depoimento à estudante brasileira Samara Conceição das Dores.

Em frente a sua casa, José Jorge contou que acompanhou a chegada dos estudantes africanos no território franciscano e os processos de adaptação da população local com a chegada da Unilab. “Em algumas situações, começava-se a ver o estudante negro dos países de língua portuguesa como se fosse mais um elemento dificultador das relações políticas locais. Um exemplo: as pessoas acham que muita gente que vem de outro lugar vai tirar o que elas têm”, explicou ele, ao passo em que discordou do posicionamento.

Em outra perspectiva, Margarida Duete, estudante angolana, pontuou os choques e desafios em estudar do outro lado do Atlântico. Também angolano, José Capitango, que chegou na Unilab em 2015 e participa de projeto de extensão na cidade, condensou em poucas palavras o caminho trilhado por comunidade acadêmica e população local, “a integração é um processo em construção”.  

Construção de versos repletos de vida é o que Pedro Nguvu apresenta no documentário. Estudante angolano no Campus dos Malês, ele conjuga em poesia o verbo esperançar.

“Todos sabemos o prestígio que é estudar fora do país. Quando a oportunidade chega, tudo que desejamos é que o dia da viagem chegue logo, fazendo com que os dias na escola vão mais rápido do que o normal. Então, o tão esperado dia chega e a gente se dá conta do que está deixando pra trás. Neste momento, o coração aperta, o medo toma conta da gente e tudo que temos pra nos abrigar é a esperança – esperança essa de um futuro melhor. Mas uma vez longe de casa, somos obrigados a nos adaptar a uma nova realidade, o que não é fácil. Durante esse processo, lágrimas rolam e as saudades moram em nós, porém o desejo da formação universitária é maior do que qualquer obstáculo. Desta forma, dias, meses e anos se passam. Estamos vivos, estamos bem. Apesar dos pesares, a gente conseguiu conciliar o passado, presente e futuro, mantendo vivo o desejo incessante do retorno ao lar pátrio”. 

Clique aqui e assista ao documentário “Narrativas Afrodescendentes”.
 

Ficha técnica

“Narrativas Afrodescendentes” é um filme produzido pela Unilab, por meio do Projeto Espaços Entrelaçados – narrativas da lusofonia afrodescendente, cadastrado na Pró-Reitoria de Extensão, Arte e Cultura (Proex) da Unilab. Ele teve a colaboração de integrantes do curso de Cinema da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), por meio de minicurso formativo ministrado pelo Prof. Guilherme Sarmiento, docente da instituição. A parceria foi possível através do acordo de cooperação técnica, científica e cultural entre as duas universidades.

Filme: Narrativas Afrodescendentes
Direção: Prof. Eduardo Estevam
Duração: 18:49 min
UF/Ano: Unilab/BA/2020
Classificação indicativa: Livre
Equipe: Prof. Eduardo Estevam, Pedro Nguvu, Raine Lucena, Graziella Oliveira, Ana Mambela, Alesson Cruz, Galileu Indi, Reginalda Cabral, Milian Santos, Samara Conceicao, Jose Capitango e Kleber Santos.
Entrevistados: José Jorge, Margarida Duete e Moacir Soares Gama
Entrevistadores: Samara Conceicao e Jose Capitango
Colaboradora: Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

Categorias