Unilab completa dez anos de atividades letivas neste Dia da África. Confira depoimentos de docentes
25 de maio é o Dia da África e, não por acaso, a data foi escolhida para marcar o início das atividades letivas, em 2011, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Docente da Unilab desde 2010, quando a universidade ainda nem tinha espaço físico, Emília Chaves, do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) relembra a trajetória da instituição, que se confunde com o caminho traçado por seus servidores e estudantes. “Nesses 10 anos de atividades letivas, consegui perceber muitas mudanças estruturais e organizacionais significativas, desde salas de aulas, número de servidores até o desenvolvimento dos laboratórios e início de aulas práticas nos equipamentos de saúde dos municípios. Acredito também que os gestores dos municípios do Maciço e a própria população passaram a compreender a importância da inserção dos nossos alunos na comunidade, seja por meio das atividades práticas das disciplinas dos cursos, como também pelo desenvolvimento dos projetos de pesquisa e extensão”, salienta.
Uma recompensa bastante citada pela comunidade unilabiana é acompanhar as colações de grau, momento de coroação de todo o esforço de professores, técnicos e estudantes. “Na primeira formatura, um dos alunos disse que se não fosse a existência da Unilab jamais poderia ter feito um curso superior. Junto a esta fala, me emocionou mais ainda apertar a mão do pai do aluno para parabenizá-lo pela formatura do filho e perceber os calos de humildade nas mãos dele e os olhos transbordando em lágrimas. Muita coisa aconteceu e tenho certeza que muito ainda está por vir”, arrematou Emília Chaves.
Para a professora Vera Rodrigues, lotada no Instituto de Humanidades (IH), a Unilab se tornou um sonho logo que soube da comissão de instalação da universidade, em 2010, três anos antes de sua nomeação como docente. Sonho realizado, Vera continua vendo algo muito promissor por aqui. “Me chama a atenção a universidade como um projeto de ação afirmativa. Eu faço isso porque eu não posso deixar de valorizar a luta dos que vieram antes e por entender que essa universidade não é fruto de nenhuma benesse, nem fruto do acaso. Eu vejo a Unilab nesse espectro de luta de todos e todas, um processo constante. Ainda quero ver essa universidade no topo, onde ela merece. Quero ouvir histórias dos egressos da Unilab, saber que contribuí para alguma coisa que fez sentido para trajetórias coletivas de vida”, sublinhou.
Identificação com o projeto Unilab também foi um ponto lembrado pela docente Vilma Faria, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), que chegou à instituição em 2011. “Sinto- me gratificada por ter convivido com tantos jovens e ter sonhado com eles por dias melhores que a formação na Unilab poderia proporcionar a cada um deles. A Unilab tem transformado a vida de muitos que passaram por ela, tem transformado a minha vida também, alargado o meu olhar para o local e para além-mar. Sigamos ultrapassando os desafios e acreditando que o conhecimento pode, sim, humanizar e emancipar a sociedade!”, destacou.
O professor congolês Bas’Ilele Malomalo passou a integrar o quadro da universidade em 2012, tendo contribuído com a remodelação do Bacharelado em Humanidades (BHU) e a criação dos cursos de Licenciatura em Sociologia, Relações Internacionais e o projeto do Mestrado Interdisciplinar em Humanidades.
“Hoje, 25 de maio, é o Dia da Libertação da Africana contra o jugo colonial, e isso também me lembra esse grande movimento na Unilab para que seja um espaço de liberdades. Nesse 25 de maio de 2021 reforço que a Unilab é uma universidade que nasce das reivindicações dos movimentos sociais, especialmente o movimento negro, e a Unilab não é somente patrimônio brasileiro, é patrimonio africano no solo brasileiro”, declarou.
Para Bas’Ilele, a Unilab mudou a paisagem dos municípios onde está instalada, mas ainda enfrenta desafios como o racismo. “O racismo ainda opera nas nossas relações em sala de aula, no refeitório, fora da universidade e até nas produções científicas que lemos em muitos cursos. Precisamos fazer da Unilab um local onde as epistemologias negras tenham um lugar”, pontuou.
Izabel Cristina Teixeira, docente do Instituto de Linguagens e Literaturas (ILL), conta que chegou à universidade em 2012, redistribuída da Federal do Tocantins. “São dez anos de muita luta, muita demanda da universidade, que vai se sedimentando como uma grande instituição, uma instituição de importância na região. Houve muitas conquistas tanto sociais quanto do ponto de vista da melhoria da economia da região”, analisa.
A professora receberá o título de “Cidadã Acarapense” nesta terça-feira (25), na Câmara Municipal de Acarape/CE, cidade onde reside e onde está instalado o Campus dos Palmares. O reconhecimento ocorre por conta das ações em saneamento básico, urbanização e cidadania desenvolvidas na localidade de São Francisco.