Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Mestrado em Estudos de Linguagens realiza aula inaugural, no campus dos Malês

O conjunto de eventos da aula inaugural aconteceu entre os dias 16 a 18 de março

Data de publicação  18/03/2022, 18:12
Postagem Atualizada há 2 anos
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Três dias de evento inaugural do mestrado em Estudos de Linguagens: contextos lusófonos África-Brasil (Mel Malês) foram marcados por celebração, apresentações, palestras, diálogos e contextualização desse marco, que é o início do primeiro mestrado do campus dos Malês, localizado em São Francisco do Conde (BA). Estudantes da primeira turma do Mel Malês, docentes, membros da gestão da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) marcaram presença no evento, que aconteceu entre os dias 16 a 18 de março, no auditório do campus dos Malês. Também participaram da aula inaugural pesquisadores convidados, além de representantes estudantis, de entidades sindicais e da área de educação da Bahia e do município de São Francisco do Conde.

A aula inaugural do Mel Malês contou com a presença do reitor da Unilab, Roque Albuquerque, que acompanhou, em Brasília, o processo de aprovação do mestrado, no Conselho Nacional de Educação e na Capes. Para ele, o início dessa pós-graduação é um “divisor de águas” para o campus dos Malês e o município de São Francisco do Conde. “O mestrado nos Malês é uma clara indicação de que nós estamos avançando naquilo que fomos vocacionados a fazer: ensino, pesquisa e extensão. O que houve foi um salto na pesquisa, uma vez que estamos falando de uma pós-graduação stricto sensu. Aqui os horizontes se abrem para grandes oportunidades futuras para esses profissionais da educação que, quando alcançarem seus títulos de mestres, estarão a um passo do doutorado”, apontou o reitor.

Sobre o perfil do corpo discente do mestrado em Estudos de Linguagens, a diretora do campus dos Malês, Mírian Reis, também lembrou que boa parte dos estudantes são oriundos da área de educação da região e foi aprovada por meio de ações afirmativas. “A gente reconhece a importância de defender o acesso de forma mais equânime possível. Esse foi o primeiro programa de pós-graduação da Unilab a contar com banca de heteroidentificação, porque a gente percebeu que o nosso mestrado precisava contemplar essa defesa das cotas pra esse público prioritário”, afirmou a diretora. Na sua fala durante a aula inaugural, a diretora relatou uma história de encontro com o estudante da primeira turma do Mel Malês Mbviavanga Adão Garcia, em Angola, onde a diretora este esteve para aplicação de prova no processo seletivo internacional, em 2017.

Estudantes da primeira turma do mestrado Mel Malês

“Estou muito comovida de encontrar você agora, cinco anos depois, nessa aula inaugural, nesse momento solene, porque sua presença aqui mostra que o que estamos fazendo aqui é o certo. Essa é um das histórias. Já formamos quase 700 estudantes daqui do território e dos países africanos que, sem esse campus, sem a Unilab, não teriam acesso à universidade pública. Tenho muito orgulho de dizer, sem nenhuma modéstia, que esta universidade é a única desse país que forma estudantes majoritariamente negros e negras”, destacou a diretora.

Primeira turma do Mel Malês

O estudante angolano Mbiavanga Adão Garcia, mais conhecido como Deid, integra o corpo discente da primeira turma do Mel Malês, trazendo uma trajetória de trabalhos como escritor – com dois livros publicados – e graduação no curso de Letras-Língua Portuguesa da Unilab, no campus do Ceará. Natural da cidade de Cacuaco, Deid traz ainda uma bagagem de pesquisador na área de “afrobrasilidades e africanidades – linguagens e culturais”. Sobre o curso, o estudante trouxe também alguns questionamentos. “O programa, por ser novo, trará coisas novas ou vai seguir o mesmo padrão curricular dos demais programas? Quando terminar o mestrado, sei que a Unilab vai me fazer ficar aqui mais uma vez” afirmou o estudante, em tom bem-humorado. Ele conta também de seus planos após a formação no mestrado. “Penso em focar na minha carreira, escrevendo e ensinando sobre o que consegui aprender na formação”, afirmou.

Também da primeira turma do mestrado, Veronice Francisca dos Santos, graduada em Pedagogia, relata que seu primeiro contato com a Unilab foi no período em que atuava como coordenadora pedagógica pela prefeitura de São Francisco do Conde. “Pude conhecer um pouquinho da filosofia da universidade e me encantei pela sua representatividade para a comunidade negra e para o município de um modo geral”, afirma. Sobre as expectativas para o mestrado, segundo ela, “é além de contrariar as estatísticas, poder contribuir de forma significativa, de maneira que haja uma transformação real no contexto educacional em São Francisco do Conde, principalmente na comunidade em que atuo, dentro de uma perspectiva afrorreferenciada”, destaca a mestranda.

Desafios e potências

A aula inaugural do mestrado em Estudos de Linguagens: contextos lusófonos África-Brasil, segundo a coordenadora do Mel Malês, Eliane Gonçalves, foi a concretização de um sonho antigo dos docentes do campus dos Malês. “Foi um momento de mostrar a força e a importância política de termos um mestrado na cidade de São Francisco do Conde, na Unilab, no campus dos Malês. Foi uma potência, uma força esse primeiro momento, que mostra os desafios que nós teremos que enfrentar e que com certeza terá um caminho de muito sucesso”, afirmou a docente. Ela destacou a fala da professora convidada à aula inaugural, Georgina Gonçalves dos Santos (UFRB), que trouxe palavras de encorajamento, diante dos ataques sofridos pela pesquisa atualmente, e também abordou o desafio de colocar as políticas de ações afirmativas em ação.

Coordenadora do mestrado Mel Malês, Eliane Gonçalves (esq.); docente convidada Georgina Gonçalves dos Santos (UFRB); e diretora do campus dos Malês, Mírian Reis (dir.)

“O Mel vem pra contribuir com uma formação de professores na área de Linguagem. E isso muito nos orgulha, porque é a universidade cumprindo sua função, estabelecendo um elo com a educação básica. É a universidade dialogando efetivamente com o que se pesquisa e colocando a pesquisa em ação. Então essa é a importância do que o mestrado em Estudos da Linguagem, de colocar  as pesquisas em ação direta na própria rede pública da educação básica. Colocar as leis 10.639 de 2003e 11645 de 2008 em ação [as leis versam sobre ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Indígena na rede de ensino]. É mostrar a força e a importância que uma universidade como a Unilab tem pra que essas ações afirmativas cumpram seu papel, que é de melhorar a educação pública em todos os seus níveis – da educação básica ao ensino superior”, destaca a coordenadora Eliane Gonçalves.

Outra potência do mestrado, segundo aponta a vice-coordenadora do Mel Malês, Vânia Vasconcelos, é a possibilidade de contribuição entre os campi da Unilab na Bahia e no Ceará, na área de Letras. “Acho que a Unilab está amadurecendo o suficiente para pensar tudo de uma forma institucional mais completa. E isso inclui as trocas entre os campi. O projeto é um só, o objetivo é o mesmo, dos cursos de Letras, que é justamente de formar professores e pesquisadores a partir de uma perspectiva afrocentrada e afro-brasileira”, afirma Vasconcelos, que atualmente está lotada no Instituto de Linguagens e Literaturas (ILL), no Ceará. Ela destaca a possibilidade de trocas tanto no contexto das pesquisas e bancas, como também em outros eventos acadêmicos, a exemplo de seminários. “Esse diálogo interinstitucional e intercampi dentro de uma universidade só enriquece a universidade. E é uma prova de maturidade a gente conseguir estabelecer esse diálogo”, aponta a docente.

  • Para obter mais informações sobre o mestrado em Estudos de Linguagens: contextos lusófonos África-Brasil, as linhas de pesquisa e o processo seletivo, acesse a página do Mel Malês.
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