Patente para câncer de próstata é concedida à Unilab pelo INPI

Parte da equipe de autores da invenção: Raquel Petrilli, Cláudia do Ó Pessoa e Josimar Eloy. Foto: Flickr UFC.
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) recebeu do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), como cotitular, carta patente de invenção para combate ao câncer de próstata, intitulada “Imunolipossomas anti-EGFR para liberação de cabazitaxel em câncer de próstata”. A invenção, que está em fase de estudos pré-clínica, permitirá atacar mais especificamente as células cancerígenas, preservando as células saudáveis.
A patente, que tem validade de 20 anos, é fruto do trabalho de docentes da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com docentes da Unilab, tendo como autores Raquel Petrilli, que fez parte do corpo docente do Instituto de Ciências da Saúde da Unilab (ICS) e os professores da UFC Josimar de Oliveira Eloy, Cláudia do Ó Pessoa, Bruno Rodrigues Arruda, Celina de Jesus Guimarães, Elias da Silva Santos e Ana Carolina Cruz de Sousa. O projeto envolveu experimentos e discussões científicas durante quatro anos, de 2019 a 2023.
Conforme explica Raquel Petrilli, a carta patente se refere a vesículas lipídicas nanométricas, os lipossomas, funcionalizados com anticorpo em sua superfície. “Tem uma especificidade melhor pelas células de câncer. O que acontece em geral, nos tratamentos de câncer, é que há uma sensibilização de todas as células do organismo. O medicamento comum acaba não sendo seletivo para as células de câncer, então, o paciente costuma ter uma série de efeitos colaterais, e já costuma ser um paciente debilitado”, ensina.
O invento tem o objetivo, então, de levar o cabazitaxel, remédio atualmente utilizada na clínica para o tratamento de câncer de próstata, de uma maneira mais específica, ou seja, reconhecendo seletivamente as células tumorais que apresentam superexpressão (alta produção) do receptor.
Os nanocarreadores lipídicos são sistemas utilizados para direcionar fármacos especificamente para seu lugar de ação. Assim, o cabazitaxel é utilizado nos casos mais avançados de câncer de próstata, e a patente se refere a uma ligação covalente (que ocorre quando dois átomos compartilham, entre si, um par de elétrons), que é feita com anticorpo monoclonal na superfície desse lipossoma/ nanocarreador (um veículo para a medicação, digamos assim), o que faz com que essa formulação seja seletiva para células tumorais que superexpressam o receptor.
“Até o momento, os estudos focaram em desenvolver a formulação e realizar sua avaliação de eficácia tanto in vitro como in vivo, em modelo animal, para câncer de próstata. Estudos futuros são necessários para demonstrar a eficácia e segurança para uso clínico”, detalha.
Ainda faltam etapas para que a medicação chegue aos pacientes, como os estudos clínicos de fase 1, 2 e 3. “No caso, o medicamento ainda está em estudos pré-clínicos, então ainda faltam algumas etapas, é um processo longo”, comenta Petrilli.
Mais patentes
A UFC e a Unilab ainda aguardam a resposta final do INPI acerca de outro pedido de patente de invenção na qual Raquel Petrilli também participou: “Imunolipossomas PH sensíveis funcionalizados com anticorpo anti-EGFR cetuximabe para entrega de docetaxel a células de câncer de próstata”. Caso o pedido seja deferido, a Unilab terá a sua segunda carta patente na condição de cotitular.
Segundo a Coordenação de Inovação Tecnológica, o pedido de uma patente é um processo muito longo que pode durar anos até a concreta concessão dos direitos da propriedade intelectual. A Unilab conta atualmente com quatro pedidos de registro de patente de invenção, um pedido de patente de modelo de utilidade e um pedido de marca em análise pelo INPI.
Em 2024, o instituto concedeu à Unilab cinco registros de software (programa de computador) e, ainda no mesmo ano, após avaliação criteriosa do órgão, a instituição obteve o certificado de registro da sua primeira marca, mais precisamente a marca da Unilab. Tal registro garante a propriedade e o uso exclusivo da marca da Unilab, certificando que a marca se encontra registrada nos termos das normas legais e regularmente em vigor.
Para o pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Carlos Henrique Pinheiro, o registro da patente é uma conquista muito significativa para a universidade, pois, além de dar visibilidade à instituição, configura-se como um incentivo aos pesquisadores e pesquisadoras para que possam ter mais segurança e proteção nas suas produções intelectuais e cada vez mais reconhecimento.
Segundo ele, nos últimos anos a Unilab vem garantido orçamento para custear despesas com propriedade intelectual e solicitando junto ao INPI pedidos de patente, o que representa uma conquista coletiva e a valorização da articulação e parcerias com outras instituições.