No Dia Internacional da Mulher, diretora do campus dos Malês é homenageada na Câmara Municipal
A homenagem aconteceu na manhã do dia 8 de março
No Dia Internacional da Mulher, celebrado 8 de março, um grupo de mulheres atuantes na cidade de São Francisco do Conde recebeu homenagem na Câmara Municipal, em sessão especial, que trouxe o tema “Não é sobre rosas, é sobre direitos”. A diretora do campus dos Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Mírian Reis, foi uma das mulheres homenageadas pelos vereadores de São Francisco do Conde, município que instituiu a data 7 de março como dia de Combate ao Feminicídio e Defesa à Integridade Física e Moral da Mulher.
Mirian Reis, em sua fala, trouxe uma linha do tempo sobre processo de explorações, silenciamentos e preconceitos sofridos pela mulher desde o período de escravidão, o que gerou também lutas, resiliência e estratégias de resistência. Exemplo citado foi a revolta dos Malês, na qual as mulheres tiveram papel fundamental na articulação do movimento. “Foi um processo de travessia perversa e, ainda hoje, é uma luta contra estereótipos do corpo negro feminino”, apontou.
Nesse sentido, Reis também sublinhou para o fato de o feminicídio também resultar em mortes subjetivas, nos cotidianos das mulheres, por meio de diversas formas de abusos e violências. Ela apontou ainda para a existência de um sistema de educação que reforça estereótipos e valores patriarcais, que colocam a mulher em um lugar de subalternidade. “A mudança só pode vir a acontecer por meio de uma educação que vai emancipar mulheres e homens também”, afirmou.
Campus dos Malês
A diretora Mirian Reis destacou ainda, na sua fala na Câmara Municipal, que em sete anos de existência do campus dos Malês, a Unilab já formou quase 700 estudantes. “São jovens que com certeza vão pensar duas vezes antes de reproduzir o machismo, o patriarcado, o racismo, a homofobia, o preconceito de classe e credo”, apontou. Ainda segundo ela, “essa universidade (Unilab) promove a emancipação e permite que homens e mulheres se libertem de certas amarras tidas como coisas da cultura e naturalizadas como se fossem da cultura, e passem a refletir”. acrescentou.
Reis também lembrou que “a Unilab tem desempenhado seu papel e vai continuar desempenhando para que outros e outras jovens possam estar em espaços como esse e conseguir repetir histórias de sucesso e de conquistas”, avaliou. Em referência ao poema “Vozes-mulheres” de Conceição Evaristo, a diretora também lembrou das histórias de mulheres negras ancestrais, que sofreram e tiveram suas vozes silenciadas, para apontar também para as vozes das novas gerações. “Essa voz eu escuto nas mulheres de São Francisco do Conde, escuto nas mulheres de Cabo Verde, Guiné Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe e Moçambique, que fazem parte da comunidade da Unilab e que se integram a essas mulheres daqui, e nos dá a esperança de que novas vozes virão para ecoar cada vez mais longe, a partir desse território, em um eco da vida-liberdade”, conclui.