Seminário de Ambientação Acadêmica ajuda os novos estudantes estrangeiros no processo de adaptação na Unilab
Atravessar o oceano em busca de novas oportunidades, deixando para trás família, amigos, o aconchego do lar, a segurança das coisas conhecidas e um mundo de memórias, não é uma decisão fácil. A insegurança e o medo diante do novo sempre surgem.
Todavia, a vontade de vencer na vida fala mais alto para os novos estudantes estrangeiros, oriundos de países africanos de Língua Portuguesa, que escolheram a Unilab como sua nova casa, dando início a jornada do conhecimento.
Para amenizar o impacto dessas mudanças, a Unilab organiza o Seminário de Ambientação Acadêmica (Samba), que, durante três dias, realiza uma série de atividades com apresentações artísticas, palestras, oficinas, círculos de conversa, apoio psicossocial, orientação profissional, além da apresentação dos programas, serviços e de toda a estrutura da universidade.
Primeiro dia de Samba (Segunda-fera – 18)
No primeiro dia do Samba, os tutores do Programa de Acolhimento e Integração de Estudantes Estrangeiros (Paie) e técnicos ligados a Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Estudantis (Propae), deram as boas-vindas aos novos estudantes.
“Nós tutores, bolsistas do Paie, estamos aqui para dar boas-vindas à todos os estudantes estrangeiros e brasileiros recém-chegados à universidade. O que temos a dizer é que todos vocês passarão por um longo processo; todos vocês passarão por vários degraus da longa escada do aprendizado e conhecimento para o sucesso, e a universidade é mais um desses degraus que vos levarão ao caminho do sucesso”, destacou a tutora Osnelly Osório, que é de Cabo Verde e estuda Administração Pública na Unilab.
Além das palavras de boas-vindas, a estudante Osnelly falou dos desafios de adaptação que os novos colegas terão pela frente.
“Os degraus [para as conquistas] não serão fáceis de subir, terão muitos obstáculos pela frente, mas façam desses degraus uma subida simples e deliciosa de passar. Andem sempre de mão dadas com a coragem e a determinação, pois são companheiras de todos nós. Saíram da vossa casa, do vosso ninho aconchegante à procura de conhecimento para aproveitar a oportunidade que a vida está a oferecer, por isso façam valer essa oportunidade e sacrifício. Mantenha sempre vivo a vossa crença de que todos são capazes de vencer”, concluiu.
Entre esses estudantes que têm a Língua Portuguesa como traço comum, diante de tantos dialetos, as diferenças culturais são consideráveis, dando um significado especial à palavra adaptação.
“Aqui, somos obrigados a conviver com sete culturas diferentes. E no começo, para os estudantes estrangeiros, é muito difícil se adaptar a toda essa diferença. A comida é muito diferente. Outro desafio é a própria língua. Tem muitas palavras que a gente demora para entender. A palavra ‘avexado’ só descobri depois de um tempo o que significava”, relatou a tutora Iadira Nanpala, de Guiné-Bisssau, estudante do Bacharelado de Humanidades (BHU).
Mas, de acordo com Nanpala, o tempo e a convivência ajudam a diluir as diferenças, possibilitando novas oportunidades de aprendizado. “Aqui, aprendemos diariamente a respeitar as diferenças e a fazer dessa diferença algo de novo em nossas vidas”, afirma Nanpala.
O fim do primeiro dia do samba foi marcado pela realização de uma palestra sobre políticas afirmativas e estudantis da Unilab, a mensagem do reitor da Unilab Tomaz Mota Santos, encerrando com uma roda de capoeira.
Segundo dia de Samba (Terça-feira – 19)
O segundo dia do Samba começou pela manhã, no Anfiteatro do Campus da Liberdade, em Redenção/CE, com um círculo de diálogos, que buscou estimular a integração intercultural, ao mesmo tempo em que oferecia apoio psicossocial entre os estudantes veteranos e novatos da Unilab.
A dinâmica teve início com a disposição dos estudantes em um círculo. Em seguida, espalhou-se, no meio do círculo, folhas de papel que traziam palavras como saudade, dinheiro, integração, fé e outras que estimulassem os novos estudantes a expressarem seus sentimentos.
Não demorou para que as conversas e os depoimentos tomassem conta do ambiente, revelando a coragem e os medos dos novos estudantes.
“No nosso país, nossos laços de relações interpessoais são muito fortes. Temos várias línguas e etnias, mas vivemos juntos, como se todo mundo falasse uma só Língua. Não temos racismo. Por isso, eu digo: não somos ricos na economia, mas somos muito ricos de cultura”, descreveu Tedse Soares, que deixou a Guiné-Bissau para estudar Humanidades na Unilab.
Tedse falou para os colegas porque escolheu a Unilab.
“A primeira coisa foi por causa da língua. Tem diferenças, mas a língua é a mesma. Isso ajuda muito. Depois, soube da metodologia e do alto nível [educacional] dos professores. Soube até que aqui podemos dialogar e discordar dos professores. No meu país, isso não é possível. E, por fim, sei que terei a acesso a uma nova cultura”, justificou.
Terceiro dia de Samba (Quarta-feira – 20)
No terceiro e último dia acontece uma oficina de orientação profissional, palestras com os temas “Ser estudante estrangeiro no Brasil e os procedimentos legais”, “Serviços de atenção à saúde na Unilab”, “Círculos de habilidades esportivas” e “Arte, Cultura e Extensão na Unilab”. O encerramento fica por conta da apresentação do grupo Afro House, oriundo do Projeto Quarta Cultural da Pró- reitoria de Extensão, Arte e Cultura (Proex).