I Festival das Culturas da Unilab celebra diversidade e integração e recebe o escritor angolano Ondjaki
Concebido com o objetivo de celebrar a diversidade cultural e integração, assim como o aniversário da Lei de Criação da Unilab, começou, nesta terça-feira (19), o I Festival das Culturas da Unilab. Sob o tema “Vozes de África, vozes do Brasil”, o evento ocorre até o próximo dia 22. Seminários, debates, musicalidade e festa dão vazão a expressões culturais das sete nações – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste -, amalgamando internacionalização e regionalização.
Já no início da cerimônia – que ocorreu no Campus da Liberdade, com transmissão para o Campus dos Malês –, a organização do evento citou o escritor moçambicano Mia Couto, com o livro “Vozes anoitecidas” e a metáfora de que a arte pode fazer com que as vozes rompam o “anoitecer” e vazem o sol. “Que possamos sempre escutar estas vozes. Que elas vazem o sol para todos nós. É assim que damos boas-vindas ao I Festival das Culturas da Unilab!”, declararam. Em seguida, os poetas guineenses Emílio Santos e Domingos Malú declamaram poemas.
A mesa de abertura foi composta pelo reitor, Tomaz Santos; o secretário de Cultura do Estado do Ceará, Fabiano dos Santos; a pró-reitora de Extensão, Rafaella Pessoa; e o coordenador de Arte e Cultura, Mário Castro.
O reitor da Unilab destacou que “integração” é a palavra-chave da universidade. “Comecei a me emocionar com o reisado das crianças e adolescentes de Pacoti, isso já antecipou como vai ser o festival. Gosto de pensar a cultura como ‘modos de estar no mundo’ e no festival vamos ouvir muitas vozes dizendo dessas formas distintas de se estar no mundo. Ouvir isso pode nos levar à integração, a palavra principal da Unilab, que mesmo ainda pequena tem uma tarefa muito grande de contribuir para o desenvolvimento internacional e regional a partir da integração”, enfatizou.
Mário frisou o envolvimento de toda a comunidade acadêmica para a realização do festival. “Uma ideia que ganha vida, concretude e tem tudo a ver com tudo a que a Unilab se propõe e quer ser. A universidade não é só ciência; é festa, celebração. Celebremos o aniversário da Unilab, um projeto corajoso, único!”, sublinhou.
A pró-reitora de Extensão, Rafaella, chamou a atenção para as dimensões que o Festival tomou e o quanto ainda crescerá. “O Festival começa pequeno, mas já é grande, maior do que poderíamos esperar quando começamos a organizá-lo. Daqui a 10 anos quero assistir às apresentações do Festival nas cidades do Maciço de Baturité e do Recôncavo Baiano”, disse.
O secretário de Cultura do Estado, Fabiano dos Santos, citou o conceito de cultura como um saber-fazer comum. “Gosto de adotar esse conceito de cultura e pensar na frase ‘Tudo o que sabemos, sabemos entre todos’, um conceito de cultura que vejo muito presente na Unilab. Na Conferência Estadual de Juventude um estudante daqui falou no conceito de “biblioteca humana”, de que as pessoas são acervos, e é importante compartilhar esses conceitos”, disse.
Seminário com escritor Ondjaki aborda experiências de escrita no mundo da língua portuguesa
O prosador e poeta angolano Ondjaki proferiu, na abertura do I Festival das Culturas, o seminário “Vozes de África, vozes do Brasil – experiências de escrita no mundo da língua portuguesa”.
Ondjaki declarou que, na Unilab, foi a primeira vez em que encontrou tantos estudantes africanos fora de África. “Pela primeira vez encontro, fora dos nossos territórios, tantos estudantes africanos. Estudei em Portugal e éramos poucos. Penso que é inédito no mundo uma universidade que tenha promovido, dado espaço a outras culturas”, disse.
O escritor destacou que a língua portuguesa deve ser celebrada, mas, para além disso, é preciso desconstruir preconceitos e repensar a ideia de países, que podem se assemelhar a “ilhas no mundo”. “Parecem ilhas das quais lançamos pontes ou não quando nos convém. As pessoas não observam realmente o que o outro está a dizer, mas os sotaques, as diferenças”, disse.
Ondjaki é prosador e poeta, também escreve para cinema e co-realizou um documentário sobre a cidade de Luanda (“Oxalá cresçam pitangas – histórias de luanda”, 2006). Alguns livros seus foram traduzidos para francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio, sueco, polonês. Ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura em 2010, na categoria juvenil, pelo romance Avó dezanove e o segredo do soviético e o Prémio Literário José Saramago, com o romance Os transparentes.
Nesta quarta-feira (20), Ondjaki inicia o curso “Escrita criativa”, que dura dois dias. Também hoje, às 19h, participa do Seminário Letras, onde haverá conversa com estudantes e sessão de autógrafos.
Unilab e Secult assinam termo de cooperação
A Unilab firmou acordo de cooperação técnica com a Secretaria Estadual de Cultura do Ceará para a realização de atividades conjuntas relacionadas às respectivas missões institucionais e para desenvolver ações voltadas à qualificação da gestão pública cultural. O acordo tem vigência de dois anos.