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Homossexualidade indígena no Brasil é tema de palestra na Unilab

Data de publicação  08/06/2017, 09:02
Postagem Atualizada há 7 anos
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Estêvão Rafael Fernandes, antropólogo e professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Estêvão Rafael Fernandes, antropólogo e professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Desde que escolheu o ativismo homossexual indígena no Brasil como tema de investigação, o antropólogo e professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Estêvão Rafael Fernandes, tem levantado alguns questionamentos e promovido debates relevantes, especialmente sobre o processo político implicado nas relações coloniais e de colonialidade que levaram a uma heterossexualização indígena.

Convidado pela Coordenação do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Humanidades, o professor Fernandes fará palestra na próxima terça-feira (13), às 14h30, no Auditório I do Campus das Auroras, em Redenção/CE. Na oportunidade, ele irá discutir com a comunidade acadêmica da Unilab a temática que culminou no livro “Gay Indians in Brazil: Untold Stories of the Colonization of Indigenous Sexualities”.

A obra está sendo lançada pela editora Springer e disponível no portal Amazon.com. Foi elaborada em parceria com a também antropóloga Barbara Arisi, professora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), e é destaque em pré-vendas. Gay Indians in Brazil analisa um aspecto ignorado da história brasileira: como a colonização do país moldou (e ainda molda) a sexualidade de sua população nativa. Pretende ser uma ferramenta para pesquisadores interessados em entender como a colonização gradualmente impôs a centenas de povos indígenas brasileiros o modelo familiar considerado “normal” pelo governo e pelas instituições religiosas.

Este livro contribui para a discussão de questões que dizem respeito à opinião pública de hoje, não só no Brasil, mas na América Latina como um todo: Que papel as religiões, os governos e os movimentos sociais têm desempenhado em tais aspectos particulares da vida das pessoas, como a sua sexualidade? Para responder a essa pergunta, analisa dados obtidos tanto na literatura como na pesquisa de campo desenvolvida desde 2012 junto a indígenas e órgãos do governo responsáveis pela gestão da política indigenista no Brasil, além de setores dos movimentos indígenas e homossexuais no Brasil e nos Estados Unidos; como utilizando diferentes marcos teóricos como Teoria Queer, Estudos Culturais e Estudos Pós-Coloniais, e autores indígenas.

Em entrevista ao Estadão, Fernandes conta que nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo, a resposta da comunidade indígena LGBT foi o movimento “two-spirit” – uma tradição histórica de indivíduos com dois espíritos. “Tratam-se de pessoas com um papel espiritual importante de embaixadores em suas culturas, por terem dois espíritos, o masculino e o feminino. Desta forma, eles poderiam migrar entre esses dois mundos e também entre o mundo do branco e o mundo indígena e o espiritual e o terreno”.

O que tais processos nos permitem compreender sobre a própria articulação interna aos movimentos indígenas, movimentos LGBTIQ, academia, OnGs e Governo? De que maneiras podemos abordar essas questões sem que limitemos a diversidade de processos repensando paradigmas que perpassam essas categorias e outras, como “identidade”, “ativismo”, “movimentos sociais”, “poder”, “gênero”, “sexualidade”, “colonização”? Essas são algumas das reflexões que poderão ser exploradas no encontro com o professor.

Sobre o autor

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (2002), mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília (2005) e Doutor em Ciências Sociais (Estudos Comparados sobre as Américas) pela Universidade de Brasília (2015). Atualmente é professor do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Mestrado em Histórias e Estudos Culturais da Universidade Federal de Rondônia; e professor colaborador no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Mato Grosso (PPGAS/UFMT). Realizou doutorado sanduíche com bolsa Capes na Duke University (Carolina do Norte, EUA) sob orientação do Prof. Walter Mignolo, sendo pesquisador visitante no Center for Global Studies and the Humanities daquela Universidade.

(Com texto e informações da jornalista Danielle Campos.)

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