Unilab sedia curso de formação de jovens para agricultura camponesa no semiárido
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) recebeu, nesta segunda-feira (26), a abertura do curso de “Formação de jovens rurais para o fortalecimento da agricultura camponesa do semiárido cearense”, que é fruto de uma articulação institucional entre a Secretaria Nacional de Juventude e a UNILAB, faz parte do Programa Nacional de Inclusão Produtiva da Juventude Rural com Formação Cidadã e Agroecológica da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ). Nascida como um projeto piloto, a iniciativa foi construída na intenção de ser objeto de posterior disseminação por todo o país
A cerimônia de abertura, realizada no Anfiteatro do Campus da Liberdade (Redenção-CE), recebeu representações de diversos setores envolvidos na parceria, entre eles: Secretaria Nacional de Juventude, nas pessoas da secretária Severine Macedo e de sua assessora Elisa Guaraná; Prefeitura de Canindé, na pessoa do Secretário de Agricultura Valdenir Amâncio; Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), na pessoa da diretora Cícera Vieira e do diretor regional de Crateús Emanuel Alves Lima; Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), na pessoa de Elitiel Guedes; Pastoral da Juventude Rural (PJR), na pessoa de Francisco Romário Silva de Macedo; Universidade Federal do Ceará (UFC), na pessoa da professora Eliane Furtado; Universidade Estadual do Ceará (UECE), na pessoa da professora Sandra Gadelha; Instituto Terramar, na pessoa de Rogéria de Oliveira Rodrigues.
Antes do início dos discursos, o Anfiteatro recebeu a performance conjunta de jovens e representações da Fetraece, PJR e MST de Crateús, com esquete sem palavras, canto em grupo e declamação de poesia inspirada na luta e no trabalho do homem do campo.
Após os agradecimentos do professor Rodrigo Aleixo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) da Unilab, assumiu a palavra a titular da Secretaria Nacional de Juventude, Severine Macedo. Em sua fala, ela destacou a importância da iniciativa do Programa Nacional de Inclusão Produtiva da Juventude Rural com Formação Cidadã e Agroecológica, que partiu do exemplo da sociedade civil organizada e do movimento campesino para um dia se tornar uma política pública. Segundo ela, “este programa vem para promover a sustentabilidade da agricultura familiar por meio da inclusão e capacitação, retendo-o no campo e incluindo-o dos pontos de vista digital, tecnológico e educacional”.
Em seguida foi a vez da reitora pro tempore da Unilab, Nilma Lino Gomes, que agradeceu e cedeu a palavra ao professor José Ribamar Furtado, do IDR, por seu importante papel na realização do curso. O professor fez questão de registrar sua felicidade em receber, por meio da Unilab, um programa de capacitação que é pioneiro no Norte e Nordeste, talvez em todo o Brasil. “Este curso vai preparar esta juventude, incluindo-a nesta sociedade para enfrentar as dificuldades que se apresentarem”, concluiu.
Retomando a palavra, a reitora Nilma Gomes lembrou os presentes que “a Unilab é uma universidade pública federal, pensada dentro de uma perspectiva internacional e com um eixo de cooperação sul-sul”. Segundo ela, “estamos juntos dentro com a intenção de pensar novas alternativas de desenvolvimento, e isso vale para todas as nacionalidades presentes”. A reitora concluiu sua fala declarando: “quero que cada jovem saia deste curso, ao final dele, transformado, mas que nos transforme igualmente”.
O programa e o curso
O Programa Nacional de Inclusão Produtiva da Juventude Rural com Formação Cidadã e Agroecológica tem como objetivo promover ações que articulem e integrem a troca de experiência, formação cidadã e o acesso a tecnologias sociais, na perspectiva de estimular a produção agroecológica e as práticas de geração de renda agrícola e não agrícolas sustentáveis para fortalecer as condições necessárias para a permanência dos jovens no campo.
O Curso será executado em dois blocos de cinco turmas de 150 jovens, sendo trinta em cada uma, perfazendo 300 participantes. Ao longo de oito semanas, serão 176 horas de Tempo-Escola e 160 horas de Tempo-Comunidade, totalizando de 336 horas. Cada bloco terá quatro encontros presenciais, Tempo-Escola, de uma semana, perfazendo 176 horas. Por sua vez haverá 04 encontros no campo, Tempo-Comunidade, sendo 40 horas, cada, somando 160 horas. Estes jovens são agricultores, com idade entre 15 a 29 anos, vivem nas regiões de Crateús e Canindé, contemplando aproximadamente quinze municípios encravados no semiárido cearense.
Os componentes curriculares serão desenvolvidos obedecendo à pedagogia da Alternância, isto é, após cada segmento teórico (tempo-escola) haverá um segmento de prática de campo (tempo-comunidade). Os módulos estão assim denominados: formação cidadã e participação social; coletivos de auto-organização; capacitação para o trabalho e renda; tecnologias de comunicação e informação e elaboração dos projetos coletivos de geração de renda.
Os jovens participantes realizarão, inicialmente, um diagnóstico junto com a comunidade para aprofundar o conhecimento de sua própria realidade. Isto será feito através de um processo participativo que levará à construção de uma Agenda de Prioridades para as suas comunidades de origem. Estas Agendas, com seus projetos produtivos agrícolas e não agrícolas, terão um modelo de autogestão com espaços consultivo, deliberativo e executivo. Espera-se que com a execução dos projetos produtivos e por sua vez, com a continuidade dessas ações em outras comunidades, sejam apontados caminhos para a sucessão rural, a inserção e permanência dos povos do campo, com novas opções de vida e trabalho, contribuindo concretamente, com o fortalecimento da agricultura camponesa do semiárido cearense.
Concomitantemente, será desenvolvida uma pesquisa para conhecer esse jovem rural que vive no semiárido cearense, envolvendo professores do Instituto de Desenvolvimento Rural e onze bolsistas, alunos da Unilab, coordenada pelo Professor Rodrigo Azevedo, diretor do Instituto.
Facilitadores e parceiros
Para Paulo Henrique Oliveira, facilitador do curso de formação de jovens rurais para o fortalecimento da agricultura camponesa do semiárido cearense, “este trabalho é um marco histórico, tanto pela democratização do conhecimento quanto pela parceria entre a universidade e movimentos sociais”. Pensamento semelhante tem Elitiel Guedes, do MST, que acredita que “o curso significa a garantia dos direitos dos jovens camponeses à educação na perspectiva de mudar o atual modelo, que é baseado na exclusão”. Francisco Romério de Macedo, da Pastoral da Juventude Rural, também se disse “muito feliz com o diálogo entre SNJ, Unilab e movimentos sociais, pois o jovem rural só tem a ganhar com isso tudo”.