Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Alunos de oficina de teatro da Unilab fazem pré-estreia do “Auto da Repartição das Almas”

Por
Data de publicação  13/06/2012, 17:20
Postagem Atualizada há 12 anos
Saltar para o conteúdo da postagem

Há aproximadamente três meses, após exercícios de encenação de algumas cenas pontuais de outros textos, os alunos da oficina permanente de teatro da Unilab começaram o processo de montagem da primeira peça. O texto escolhido foi o “Auto da Repartição das Almas”, escrito pelo cearense Alan Mendonça. Depois de muito ensaio e trocas de experiências, o resultado do primeiro trabalho de dramaturgia será apresentado nesta quinta-feira (14), durante pré-estreia, às 16 horas, no anfiteatro do Campus de Redenção, dentro da programação do III Circuito Sociocultural.

“Auto da Repartição das Almas” é inspirada no clássico “Auto da Barca do Inferno”, do dramaturgo português Gil Vicente. A história é uma mistura de comédia e drama, com elementos da cultura popular tradicional: o texto em versos, a linguagem coloquial e direta, e o colorido dos figurinos dos reisados. Conta a história de um coronel que, no leito de morte, com a companhia da esposa infiel, do amigo traidor, de um anjo “torto” e de um diabo “esquisito”, sofre com comentários desairosos, planos para após sua morte, carinhos e carícias entre a esposa e o amigo. Na segunda parte da trama, o coronel é jogado entre a carroça do anjo e a do diabo, tendo como apoio um “parvo”, espécie de tolo, que só pensa em tirar vantagens de cada alma que se achega. Por fim, o coronel resolve refletir sobre sua história, sua postura diante da vida, e se dar a própria penitência.

Fernando Leão coordena a oficina de teatro

Fernando Leão, coordenador de Arte e Cultura da Unilab, explica que o texto foi escolhido para iniciar entre os integrantes do grupo de teatro a discussão da dramaturgia lusófona. “Embora inspirado em um texto de um dramaturgo português, o “Auto da Repartição das Almas” foi recriado pelo Alan Mendonça na contemporaneidade do contexto nordestino. Esse aspecto é importante dentro da proposta da Unilab de integração entre estudantes de países que falam português”, explica.

João Pascoal

João Pascoal, que veio da Angola para fazer o curso de Licenciatura Ciências da Natureza e Matemática na Unilab e também participa da oficina de teatro, reconhece que as aulas de teatro têm contribuído para sua integração à universidade. “É uma forma de conhecer melhor não só a cultura do Brasil, como a cultura do Nordeste”, diz. Na peça, João dará vida ao Coronel. Não será a sua primeira experiência no teatro. Na Angola, ele participou durante nove anos de um grupo de teatro. Mas ele revela que tem aprendido muito com o teatro brasileiro. “Lá, as peças falam mais sobre questões sociais. Aqui, o ator é mais espontâneo, tem mais facilidade de se expressar no palco e interagir com a plateia”, diz.

Os alunos fizeram o figurino

Fernando Leão explica que, como exercício de dramaturgia, a peça também foi montada de forma a não ter um protagonista. “Todos os personagens têm o mesmo grau de importância, todos têm falas, o que muda é o foco de uma cena pra outra. Todos os alunos participaram de todas as etapas de montagem,”, diz. Em três meses, eles ensaiaram o texto, escolheram ou foram escolhidos pelos personagens, fizeram o figurino, e criaram o cenário. “Em conjunto, tivemos algumas ideias, mas eles tiveram liberdade para criar”, explica Fernando.

Cassinha Medeiros

Cassinha Medeiros, que é de Redenção e aluna do curso de Agronomia da Unilab, se dividia com os colegas, na tarde desta quarta-feira (13), para deixar todos os figurinos prontos. No palco, ela será o Diabo, mas defende que o seu personagem não poderá ser taxado apenas pelas maldades. “Ele não precisa ser uma coisa esperada. Ele pode ser uma coisa nova. Ele não precisa só ser mau, também se apega com Deus. Mal e bem muitas vezes caminham juntos”, diz. Para ele, o exercício da dramaturgia também ajuda nas aulas. “Às vezes, a gente é muito travado porque tem medo do que os outros vão pensar. O teatro ajuda a gente a se liberar mais”, diz.

Luana Mateus

Luana Mateus vai viver no palco o Anjo e também reforça o discurso de Cassinha de que os personagens da peça não podem ser resumidos a uma só condição. “O Anjo também tem um pouco de Diabo nele”, ri. Aluna do curso de Licenciatura Ciências da Natureza e Matemática na Unilab e natural do município de Capistrano, Luana diz que encontrou no teatro uma paixão que pode virar também profissão. “Futuramente, eu quero fazer artes cênicas”, revela.

Já Anderson Ribeiro, também aluno de Ciências da Natureza e Matemática, diz que o teatro será uma atividade complementar à sala de aula. “O teatro nos ajuda a descobrir em nós mesmos potencialidades, dons artísticos, que nós não conhecíamos. Isso vai com certeza me ajudar em sala de aula”, diz. Ele será o Parvo na peça.

João Paulo

A oficina de teatro na Unilab também está atraindo a atenção de quem não é aluno da instituição. As aulas são abertas à comunidade do Maciço do Baturité. João Paulo Lima, morador de Acarape, participa do grupo e participará do “Auto da Repartição das Almas” na parte musical. Ele fará a percussão que acompanhará todo o desenrolar das cenas. “Fui convidado para vir participar pela Cassinha e estou gostando muito. Fui muito bem recebido pela universidade”, elogia.

Veja a programação do III Circuito Sociocultural

 [gview file=”http://www.unilab.edu.br/wp-content/uploads/2012/06/III-CIRCUITO-SOCIOCULTURAL-UNILAB.pdf”]

Categoria