Produzir e filmar um curta-metragem em uma semana. O desafio está lançado e é um dos objetivos do curso de Audiovisual iniciado nesta segunda-feira (13) no Campus da Liberdade. Juntos, alunos da Unilab constroem a narrativa que deve contar a história de um estudante estrangeiro que vem ao Brasil estudar e vivencia os desafios de morar em um país distante, viver outra cultura e conviver com outros hábitos. A história se assemelha a de metade da turma, formada por alunos estrangeiros de países de língua portuguesa. A outra metade é composta por alunos brasileiros.

A turma é formada por alunos brasileiros e estrangeiros

O curso é realizado em parceria com o Festival do Audiovisual Luso Afro Brasileiro (FestFilmes). Até domingo (19), 20 alunos de Letras/Língua Portuguesa e do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas terão aulas de roteiro, produção, câmera e edição de vídeo. Serão 50 horas/aula. Na manhã desta segunda (18), a turma começou aprendendo noções da construção do roteiro do curta-metragem que eles vão produzir.

Gerardo Damasceno é facilitador do Curso

Gerardo Damasceno, coordenador da ONG Academia Ciências e Artes (Acartes) e facilitador do Curso de Audiovisual, explica que o processo de aprendizado é muito prático. “Desde o primeiro momento, os alunos aprendem fazendo. Hoje, eles já começaram a construir o roteiro. Ao longo do processo, eles vão filmar e editar e a gente vai delegando tarefas porque o oficinando aprende no fazer”, diz.

Damasceno diz que já no primeiro contato ficou surpreso com o interesse dos alunos da Unilab. “Eles são muito bons. Vai ser muito interessante essa troca de experiência entre nações diferentes”, argumenta. Para ele, o cinema será uma grande ferramenta para a integração entre alunos do Brasil, de países africanos e do Timor Leste. “Nós brasileiros falamos a mesma língua, mas vivemos muito tempo de costas para esses países. Às vezes, temos muito mais interesse pelo continente europeu do que pelo continente africano. Acho que o cinema vai nos ajudar a retomar essa conversa”, diz.

O coordenador de Arte e Cultura (CAC) da Unilab, Fernando Leão, explica que a parceria com o Festival do Audiovisual Luso Afro Brasileiro (FestFilmes) na oferta do curso veio atender a uma demanda que já existia na Unilab. “Alguns dos alunos já têm experiência com a produção de vídeos, fotos, e eles pediam um curso na área do audiovisual”, diz.

Para ele, o roteiro que a turma está produzindo, que conta a história de um estudante estrangeiro na Unilab, deverá ser muito interessante porque será um reflexo do momento que os próprios alunos estrangeiros e brasileiros estão vivendo. “Acho que vai gerar um debate porque saberemos pelo roteiro algumas das dificuldades enfrentadas por eles. Saberemos também como Redenção e os outros alunos os têm recebido. Acho que esse filme terá uma grande função social”, diz.

Impressão dos alunos

O angolano Geremias Boio, aluno de Letras, conta que nunca teve experiência com audiovisual, mas já se sente estimulado com a oportunidade de criar um curta-metragem. “Acho que isso vai ser muito interessante para mim porque uma das saídas profissionais para o curso de Letras é o jornalismo. Acho que o que eu vou aprender vai encaixar com o que eu quero ser futuramente”, avalia.

Jorge, Elenice e Boio concordam que a oficina também vai ajudar na profissão

Elenice Freire, aluna do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, já prevê a aplicação das técnicas de filmagem que irá aprender na sua profissão. “Como vou usar muitas fotos e mapas, acho que vai ajudar”, diz. Jorge Artur Cambinda, também aluno do curso Interdisciplinar em Ciências Humanas, que é de Angola, diz que também se interessou pelo curso por considerar que o seu conteúdo lhe ajudará na trajetória profissional. Mas ele revela que também tem interesse em seguir a carreira de cineasta. “Interesso-me por cinema também”, afirma.

Roberto quer aprimorar seus conhecimentos

O artista local e estudante de Letras da Unilab, José Roberto Bernardino da Silva, é um dos alunos do curso que já tem experiência na área de audiovisual. Ele já produziu três filmes, um deles o “Chacal” que foi apresentado no Cineclube na Unilab em abril deste ano. Roberto diz buscar agora o conhecimento técnico para complementar a sua formação. “Porque o que eu sei é o que eu assisto nos filmes. Eu trabalho mais pela intuição, pelo instinto. Estou atrás de mais conhecimento, de algo mais concreto”, argumenta.

FestFilmes

O FestFilmes é um espaço de intercâmbio cultural, social e econômico entre os países de língua portuguesa, a partir da apresentação e discussão dos diversos materiais audiovisuais, com ênfase privilegiada ao formato digital. Durante o mês de maio, o Festival realizou uma programação com a promoção de oficinas, seminários, palestras e exibição de produções cinematográficas.