Seminário Internacional Arte, Ciência e Diversidade encerra neste dia 20
Na última segunda-feira (18), começaram as atividades do I Seminário Internacional Arte, Ciência e Diversidade, no Anfiteatro do Campus da Liberdade. O evento iniciou com uma apresentação artística do cordelista Chico Simião que recitou a poesia “Minha linda Redenção”, de sua autoria, e a declamação de duas poesias do coordenador de Arte e Cultura, Ivan Maia.
Em seguida, a abertura oficial foi realizada pela reitora, Nilma Lino Gomes, e pelo pró-reitor de Políticas Afirmativas e Estudantis (Propae), Roberto Carlos Borges, com a presença de demais representantes do reitorado. Nilma Gomes salientou a importância da presença da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, da Universidade Federal de São Carlos (USFCAR), e destacou que esse é um evento que proporciona debater sobre a história e a cultura afro-brasileira, uma vez que é um tema que envolve a comunidade acadêmica, a região do Maciço, o Brasil e o mundo. “É um prazer ter o espaço da universidade cheio de pessoas interessadas em discutir e desenvolver esse assunto. E esse seminário teve o envolvimento de todas as pró-reitorias”, afirmou.
O pró-reitor da Propae, Roberto Borges, apresentou o objetivo do evento. “Esse é um espaço de reflexões e debates sobre assuntos de políticas afirmativas e de diversidade étnico-racial, religiosa, cultural, sexual e de gênero, numa perspectiva interdisciplinar”, comentou.
Na sequência, a conferência de abertura foi ministrada pela professora Petronilha Beatriz da Silva com o tema “10 anos de ensino de história e cultura africana e afro-brasileira: princípios e práticas de rupturas políticas e epistemológicas”. De acordo com ela, o seminário leva para a sociedade a proposta da Unilab que é internacional e tem uma responsabilidade com os valores da educação. “As dificuldades que a Unilab tem são pelos desafios da construção do novo, pelo objetivo da integração e cooperação sul-sul”, explanou. Ao final de sua palestra, a convidada recebeu uma homenagem da equipe da universidade.
Fazendo parte da programação de abertura, os participantes puderam conferir a exposição “Panoramas Africanos – Vivências culturais e educação nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)”, promovida pela professora da Unilab e coordenadora do ECOSS (Centro de Referência em Educação de Jovens e Adultos e Cooperação Sul-Sul), Jacqueline Freire. A exposição esteve disponível para visitação no Pátio do Bloco Didático do Campus Liberdade.
Dia 19
A programação teve continuidade nesta terça-feira (19). Durante a manhã, foram realizadas mesas redondas no Anfiteatro, no Auditório e no Pátio do Bloco Administrativo do Campus da Liberdade, além de oficinas com estudantes em escolas públicas de Redenção.
Confira algumas imagens do Seminário na manhã desta terça-feira:
Na tarde desta terça-feira (19), o evento continuou com oficinas e duas mesas redondas: 1) Preconceitos raciais, linguístico e questões da integração na Unilab; e 2) Indicadores de qualidade na educação das relações étnico-raciais. Na primeira, foi abordado as marcas da África na Língua Portuguesa, assim como do preconceito linguístico como algo que interfere no pensamento do indivíduo. Para o prof. Julimar Lopes, uma vez que um professor corrige um aluno em termos gramaticais e não diz o porque da correção, esse tipo de atitude, às vezes, faz parte de um currículo colonizador. Ainda, segundo ele, “a construção da Língua Portuguesa em um contexto social não é, necessariamente, engessada pela gramática”.
A segunda mesa redonda iniciou com duas recitações de poesias por aluno da Unilab e do Ensino Médio e, em seguida, a prof. Sofia Lerche apresentou indicadores que representam a realidade da educação na região do Maciço. Os indicadores, quantitativos e qualitativos, demostraram uma região de extrema pobreza, os quais refletem no desenvolvimento da educação escolar. Na oportunidade, ela destacou a importância de censos e pesquisas como orientadores para uma gestão.
Dia 20
A programação do I Seminário de Arte, Ciência e Diversidade teve continuidade na manhã desta quarta-feira (20) com a realização da mesa redonda: “Gênero, Diversidade Sexual e Relações étnico-raciais”, com a participação das convidadas Zelma Madeira (UECE) e Luma Andrade (UECE) e dos professores da Unilab, Violeta Maria e Carlos Eduardo Bezerra. As convidadas abordaram temas como preconceitos contra a população negra, a naturalização do racismo na sociedade, as lutas do movimento negro e as possibilidades dadas pela educação para mudança social.
Também fez parte da programação nesta manhã a palestra sobre o tema: “Política de saúde da mulher negra”, ministrada pela convidada Lourdes Góis. Ela falou sobre o processo histórico de lutas para a melhoria da qualidade de saúde para a população negra, em especial da mulher negra, a partir da implementação de ações para a equidade étnico-racial e de gênero na política de saúde do país.
Durante a manhã, ocorreu ainda oficina “Dia Nacional da Consciência Negra e o sistema racista à brasileira”, mediada pelo professor Carlindo Fausto Antonio (Unilab) e Kássia Mota (UECE), que foi realizada para estudantes da Escola Estadual Profissional Adolfo Ferreira de Souza.
Encerrando o seminário, a tarde desta quarta-feira (20) contou com mais oficinas, apresentação de teatro em alusão ao Dia da Consciência Negra e uma conferência de encerramento com o tema “Ações afirmativas no contexto nacional e internacional: ruptura política e epistemológica”. A mesa teve a presença da magnífica reitora, prof.ª Nilma Lino Gomes, o conferencista da Universidade de São Paulo (USP), prof. Kabengele Munanga, o pró-reitor de Políticas Afirmativas e Estudantis (Propae), prof. Roberto Borges, e o coordenador de Políticas Afirmativas da Unilab, prof. Bas’ilele Malomalo.
O prof. Bas’ilele Malomalo iniciou a explanação, afirmando que, especialmente, o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é um momento importante para o encerramento do seminário, uma vez que ratifica a nossa ligação com esse dia. Ainda segundo ele, “o evento foi fruto de um trabalho conjunto de todos os setores”. Dando continuidade a atividade, a reitora agradeceu a presença de todos e relatou os desafios e o processo de construção da Unilab, destacando a importância desse tipo de evento no caminho que a universidade está trilhando, o qual auxilia no desenvolvimento. Ela salienta a pertinência da integração entre as pró-reitorias para a realização do seminário e destaca a Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Estudantis (Propae) e Pró-reitoria de Extensão, Arte e Cultura (Proex) que estiveram mais a frente dos trabalhos específicos. Na sequência, segundo o prof. Roberto Borges, “o seminário teve um resultado positivo e superou todas as nossas expectativas. Foi um trabalho de coragem e dedicação e o sucesso é de todos nós”.
O conferencista, prof. Kabengele Munanga, tem experiência na área de antropologia, com ênfase em Antropologia das Populações Afro-Brasileiras, atuando principalmente nos temas “racismo, identidade, identidade negra, África e Brasil”. Ele iniciou sua fala chamando atenção para os 318 anos da morte de Zumbi dos Palmares e dos 125 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. O prof. destacou o alto índice de violência com envolvimento de negros e afirmou a importância de Políticas Públicas para irmos em busca de igualdade de oportunidades. Assim, ele ressaltou a educação como ponto principal para a inserção do negro no mercado de trabalho, estimulando a diminuição do preconceito. De acordo com ele, “na década de 60 os E.U.A. iniciou um processo de políticas afirmativas para a inclusão dos afro-norte-americanos e hoje temos um negro como presidente do país que é a maior potencia mundial”. E ainda segundo ele, “é necessário incluir o negro na universidade, mas é preciso também criar políticas que possibilite sua permanência”.
O evento terminou com a entrega de uma placa em homenagem ao prof. Kabengele pela Pró-Reitora de Extensão, Arte e Cultura (Proex), prof. Ana Lúcia Souza, e com a entrega de certificados da equipe da organização.
Fez parte também da programação de encerramento o pré-lançamento do livro “Cá e Acolá: debates e experiências multiculturais”, organizado pelos professores Gledson Ribeiro de Oliveira, Jeannette Pouchain Ramos e Bruno Okoudowa.
Sobre o Seminário
O seminário tem como tema central “Educação para a liberdade: 10 anos de rupturas políticas e epistemológicas – Lei nº 10.639/03”, documento que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluindo no currículo oficial da rede de ensino fundamental e médio a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. O encontro celebra o Dia do Zumbi dos Palmares, um dos líderes de quilombo, e o Dia da Consciência Negra. O evento é promovido pela Unilab, em parceria com a Cátedra da Unesco/Unilab e a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).
Mais informações sobre o Seminário no Link.