ÁFRICA – Países de Língua Portuguesa realizam medidas para evitar disseminação do ebola
A população da Guiné-Bissau foi chamada a partir desta sexta-feira (15.08) a doar sangue para garantir um estoque para a campanha de recolha de sangue prevista no Programa de Emergência Sanitária de Prevenção do vírus ebola. Apesar de não haver nenhum registo de infecção do ebola na Guiné-Bissau, o governo anunciou, no último dia 12, um programa com várias medidas de prevenção da epidemia que afeta a África ocidental, incluindo a vizinha Guiné-Conacri.
Domingos Simões Pereira, chefe do Executivo guineense, foi o primeiro a doar sangue no Hospital Simão Mendes, em Bissau, e desafiou toda a população a fazê-lo. “Penso que se trata de uma responsabilidade de todos os cidadãos contribuírem para que, em caso de necessidade, possamos ter à disposição este bem essencial para salvar vidas, que é o sangue”, afirmou Domingos Simões.
Os guineenses reagem bem às medidas de prevenção
Depois de destacar que a Guiné-Bissau está reagindo bem à ameaça de um surto, Domingos Pereira acrescentou que “os cidadãos estão conscientes da necessidade do controle ser reforçado. Não há pânico, nem nenhuma reação extraordinária, mas sim um reforço da vigilância, e um acompanhamento mais apertado”.
A perda de sangue devido a hemorragias é um dos problemas causados pelo ebola. Dessa forma, a Guiné-Bissau necessita ter um estoque disponível, justificou a ministra da Saúde, Valentina Mendes. “Devo dizer que esta campanha não é restrita aos membros do Governo, mas abrange todos os cidadãos do país. A minha colega que se ocupa da pasta da Defesa já anunciou que vai convocar os militares e os para-militares, bem como a população em geral”, informou.
Fronteiras entre a Guiné-Bissau e a Guiné-Conacri são enceradas
Entre as medidas tomadas pelo governo guineense para evitar grandes aglomerações de pessoas está o fechamento das fronteiras com a Guiné-Conacri e a proibição de algumas feiras e outras atividades. Na opinião do antropólogo guineense, Mamadù Jao, a decisão de encerrar as fronteiras com a Guiné-Conacri para prevenir a entrada do vírus ebola pode, no entanto, levar muitas pessoas a circularem em vias transfronteiriças sem controle. “A medida pode reduzir a circulação de pessoas, mas também encorajar a procura de outras vias alternativas que são muitas, desde a parte sul ao leste de Guiné-Bissau com a Guiné-Conacri”.
Sobre o assunto, o primeiro-ministro Domingos Pereira disse que: “não vale a pena provar que o Governo não tem capacidade de controlar as fronteiras. O importante é colaborar para que o isolamento seja efetivo e se possa evitar a entrada desta doença em Guiné-Bissau”.
Medidas de prevenção em outros Países Africanos de Língua Portuguesa (Palop’s)
O Governo moçambicano anunciou, no último dia 15, a criação de uma equipe nacional de coordenação contra o risco do ebola no país, colocando todas as províncias em alerta para a presença de sinais da febre hemorrágica. O diretor nacional de Saúde Pública no Ministério da Saúde de Moçambique, Francisco Mbofana, afirmou durante uma entrevista coletiva que as autoridades colocaram postos de controle em todos os pontos de entrada no país, principalmente nos aeroportos para identificar passageiros com suspeita de ebola. O diretor do Hospital Central de Maputo, o maior estabelecimento hospitalar do país, João Fumane, afastou rumores sobre a existência da doença na unidade.
Angola está em “alerta máximo” para travar a epidemia
O representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Angola já garantiu que as autoridades angolanas estão “em alerta máximo” para travar a epidemia de ebola, que atinge alguns países africanos desde março. Em declarações à rádio oficial angolana, Hernando Agudelo disse que em Angola e nos países vizinhos não foi registado nenhum caso de ebola. “O país mais perto com casos de ebola reportados até hoje é a Nigéria. E fica a milhares de quilômetros de distância de Angola”, disse o representante.
Segundo ele, o país está cumprindo as recomendações dadas e uma delas é a triagem de pessoas que chegam ao aeroporto, especialmente de países afetados. Recentemente, as autoridades sanitárias angolanas anunciaram o reforço das medidas de segurança nas zonas fronteiriças, para o maior controle da situação, com a capacitação de equipes técnicas e provimento de logística, com destaque para as regiões fronteiriças.
São Tomé e Príncipe pede apoio para Portugal e para a OMS para prevenir a epidemia
O Governo de São Tomé e Príncipe ordenou ao Ministério da Saúde que solicite peritos e especialistas de Portugal e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para lidar com o vírus do ebola. O comunicado refere ainda que o Governo decidiu criar um “cordão sanitário” nos portos e aeroportos do arquipélago com o objetivo de prevenir a epidemia.
Cabo Verde reforçou vigilância nos portos e aeroportos
O Governo de Cabo Verde também decidiu reforçar a vigilância nos portos e aeroportos do país, segundo garantiu à imprensa a ministra da Saúde cabo-verdiana, Cristina Fontes Lima. “O perigo é real, apesar de o risco ser baixo. Fazemos tudo para o vírus não entrar, mas temos de estar preparados para, se entrar, reagir adequadamente. O que devemos fazer é prevenir e observar que todas as instruções sejam seguidas”, sustentou.
Desde abril, Cabo Verde deu início a um controle mais rigoroso nas fronteiras portuárias e aeroportuárias para prevenir a entrada no arquipélago do vírus da febre hemorrágica. Nesta época, o Sistema das Nações Unidas (SNU) em Cabo Verde disponibilizou às autoridades sanitárias cabo-verdianas um conjunto de materiais descartáveis, como óculos, macacões, luvas, botas, máscaras e aventais para ajudar os profissionais de saúde.
Fonte: Deutsche Welle