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CABO VERDE – Projeto pretende preservar o patrimônio histórico e cultural nacional

Data de publicação  15/09/2014, 09:31
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banderia-caboverdeCabo Verde quer reconstruir a rota mundial do tráfico de escravos e fazer com que os cidadãos estejam conscientes da sua herança para a formação da sociedade e da história mundial. Este desejo foi manifestado, no último dia 11, pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, e pelos ministros da Cultura, Mário Lúcio Sousa, e do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva. A informação foi dada durante o lançamento do Programa de Comemorações do 20º aniversário do projeto ‘Rota dos Escravos’, uma iniciativa do Haiti, que visa educar, informar, sensibilizar e preservar o patrimônio histórico nacional e mundial.

“A rota dos escravos é fundamental para a construção do futuro de Cabo Verde. Temos de conhecer muito bem o nosso passado, que é extraordinariamente rico. A história ainda precisa ser contada, precisamos reconstituir a rota global dos escravos e a participação de Cabo Verde”, disse José Maria Neves. Segundo o primeiro-ministro, o crioulo nasceu em Cabo Verde e expandiu-se pelo mundo, representando um “grande contributo” para o desenvolvimento da humanidade e de novas línguas.

“Temos crioulos em todo o mundo, na África, nas Américas, Caraíbas, Pacífico, tudo resultado desta grande distribuição de pessoas e de culturas”, reforçou Neves, defendendo que os cabo-verdianos também devem conhecer a rota interna dos escravos.

“Como é que os escravos circularam aqui internamente, como é que conseguiram resistir, onde é que foram os quilombos cabo-verdianos, quais os caminhos feitos. Tudo isso para podermos construir o nosso futuro, conhecendo toda a riqueza da nossa história”, referiu.

Por sua vez, o ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva, salientou que a sociedade cabo-verdiana, que esteve no início da rota dos escravos, até agora tem tido “um papel que não honra” o seu lugar na história. Por isso, o também presidente da Comissão Nacional de Cabo Verde para a Unesco anunciou que o país está aproveitando o 20º aniversário do ‘Rota dos Escravos’ para “recuperar o atraso” e “recolocar Cabo Verde no centro do projeto mundial”.

“Não estamos a revisitar a história por uma razão de nostalgia, nem temos uma relação vitimizante com o nosso passado. Queremos, sim, encontrar um futuro para o nosso passado, que passa por produzir obras científicas, pedagógicas e pôr esse produto ao serviço da sociedade”, referiu.

Para António Correia e Silva, muitas vezes, aborda-se a escravatura apenas pela exploração e violência, mas tratou-se de “um momento de transferência de tecnologia, de cultura e de grande inovação”. “Queremos valorizar todo o contributo que os escravos deram para a nossa sociedade e mostrar a escravatura nas suas diversas dimensões”, referiu o ministro.

Até o dia 31 de dezembro, indicou Mário Lúcio Sousa, Cabo Verde comemorará esta data com um conjunto de atividades nos principais centros e monumentos históricos do país, como exposições de fotos, filmes, documentos, palestras, diálogos, publicações, etc.

Fonte: Site da Embaixada de Cabo Verde em Lisboa

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