Palestras, oficinas e minicursos movimentam a I Semana Universitária
Palestras e diversas oficinas e minicursos ocorrem como parte da programação da I Semana Universitária da Unilab, realizada entre os dias 9 e 11 no Ceará, Campus da Liberdade (Redenção) e Unidade Acadêmica dos Palmares (Acarape), e nos dias 10 e 11 na Bahia (São Francisco do Conde), no campus dos Malês.
As temáticas dão conta da diversidade de pesquisas desenvolvidas na universidade, indo desde os debates sobre cultura africana, identidade e etnias, economia solidária e agricultura familiar, à semiótica, educação a distância, plantas medicinais e materiais alternativos em aulas de química e biologia, para citar alguns exemplos.
Nesta sexta-feira (10), o professor da Unilab, Luís Tomás Domingos, ministrou o minicurso “Filosofia e Cosmovisão Africana”. Para uma sala lotada, o antropólogo falou sobre a visão de mundo dos africanos, que envolve outras percepções de tempo e espaço, trajetórias de vida, relações sociais que buscam uma vida sem subordinações e noções diversas das europeias acerca das divisões do tempo como passado, presente e futuro.
“Para o africano, a vida humana em todas as suas manifestações real e imaginária é uma mecânica que une todo o Universo. A vida não é uma linha reta, mas uma roda que está sempre girando; quem não gira está doente”, afirmou.
Também a professora Clébia Freitas ministrou disputada oficina, com o tema “Agricultura familiar e as finanças solidárias”. Conceitos como Empreendedorismo, Capitalismo, Trabalho, Pobreza e Socioeconomia Solidária nortearam o debate.
“A economia solidária surgiu na década de 1970 e no Brasil se fortaleceu nos anos 1990, com ONGs e movimentos sociais buscando cooperação e humanização nas relações de produção e consumo, por uma sociedade mais justa e ecologicamente equilibrada. O que muda é a nossa relação com o dinheiro. No Capitalismo, o dinheiro gera individualismo e divisão de classes, na economia solidária não há essa divisão, há uma casa de todos, o planeta, onde o ser humano interage com outros seres vivos numa relação equilibrada”, explica.
Já o minicurso “Nzinga Cultura, Capoeira e Gênero”, facilitado pela professora Violeta Holanda, trabalhou questões de gênero com a comunidade. O projeto de extensão “Nzinga” (nome de uma rainha de um reino da Angola que modificou as relações de gênero), em execução há três meses, articulou-se com a Associação Cultural Arte e Movimento, trazendo crianças, adolescentes e adultos para a universidade, onde abriram a roda de capoeira e debateram os problemas enfrentados pelas mulheres, como a violência doméstica.
“Foi um momento muito importante porque a gente se aproxima mais da comunidade e muitos já estavam falando que queriam vir estudar na Unilab”, comemora Violeta.
Professora de capoeira, membro da associação e organizadora dos Encontros Femininos do Maciço, Ana Cláudia Semião destaca a importância de espaços de debate, principalmente com as adolescentes. “A gente sempre pauta isso na associação. Peço a elas que não deixem ir à capoeira por conta do companheiro que se opõe”, disse.
Palestras
Na sexta-feira (10), o campus da Liberdade, em Redenção/CE, recebeu o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, que proferiu a palestra “Função social da universidade: desafios epistemológicos para forjar uma universidade crítica”. Com pesquisas na linha “Políticas e Instituições Educacionais” e colaborador da Escola Nacional Florestan Fernandes, Leher defende uma universidade pública que fomente a criatividade em oposição ao pensamento conservador e busque soluções inventivas para os problemas sociais.
Também no dia 10, no campus dos Malês, em São Francisco do Conde/BA, a professora Sandra Petit, da Universidade Federal do Ceará (UFC), deu a palestra “Encontro de culturas e a integração ensino-pesquisa-extensão: desafios e possibilidades da descolonização da Universidade”, que vai ao encontro do debate em prol de uma universidade mais crítica, autônoma e voltada para a sociedade.
No sábado (11), foi a vez do professor Daniel Mill, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A palestra, intitulada “Pensar e fazer EaD de qualidade: a pesquisa como estratégia”, ocorreu em Redenção e foi transmitida também no campus dos Malês, por videoconferência. O pesquisador afirma que a educação a distância está em acelerada expansão, porém, ainda necessita de mais estudos e pesquisas.
Já a professora Thais Joi Martins, também da UFSCar, proferiu a palestra “As elites negras: um estudo de caso no interior de São Paulo”, no campus dos Malês, no sábado. A pesquisadora reflete sobre a identidade e a trajetória de alguns profissionais liberais e empresários negros do Oeste Paulista, observando como ressignificaram suas identidades ao ocuparem posições importantes no mercado de trabalho e adquirirem mobilidade social e econômica.