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Oficina em Cabo Verde marca início da Universidade Popular de Movimentos Sociais (UPMS) da Unilab

Data de publicação  22/07/2015, 17:37
Postagem Atualizada há 9 anos
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Consolidando o projeto Universidade Popular de Movimentos Sociais (UPMS) na Unilab e no contexto da comemoração dos 40 anos de Independência de Cabo Verde, foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de julho a I oficina da UPMS na Ilha de Santiago, em Cabo Verde. Com o tema “Educação, Movimentos Sociais e Dignidade Humana: 40 anos de Educação em Cabo Verde e desafios pós-2015”, a ação foi realizada na comunidade dos Rabelados, em Espinho Branco, município de São Miguel.

A UPMS está sendo implementada pela Unilab e parceiros nacionais e internacionais. Ela tem como pilares para seu desenvolvimento: “Educação como Direito Humano e Educação Étnico-Racial; Juventude(s) e Dignidade Humana; e Direitos das Mulheres em foco”. Sem sede específica, a universidade acontece onde estão os movimentos.

Oficina em Cabo Verde do projeto Universidade Popular de Movimentos Sociais (UPMS)

Uma das coordenadoras da UPMS, professora Jacqueline Freire, do Instituto de Ciências da Natureza e Matemática (Icen), explica que a comunidade de Rabelados é formada por camponeses que resistiram à subordinação religiosa católica na década de 1940, quando o país ainda era colônia de Portugal. Na perspectiva de garantir sua ancestralidade e tradições, os Rabelados refugiaram-se nas montanhas, passando a viver livremente sua cultura, sendo, no entanto, historicamente segregados, processo esse que tem sido revertido pela afirmação de suas lutas e resistências, apesar dos complexos desafios que continuam a enfrentar.

A programação contemplou uma passagem pelo município de Santa Catarina, com visita na casa onde viveu Amílcar Cabral, líder da luta pela independência de Cabo Verde e Guiné Bissau, atualmente Museu da Residência. Foi visitado o Campo de Concentração do Tarrafal, localizado em município homônimo, onde muitos prisioneiros políticos de países africanos resistiram na luta de seus ideais e muitos tombaram na repressão.

A oficina teve a presença do Ministro do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território, Antero Veiga, que ouviu os reivindicações da comunidade, assumindo compromissos em contribuir para o equacionamento dos problemas lá abordados. “Deixei a Comunidade de Espinho Branco com a sensação e mesmo certeza de que ainda vamos a tempo de mobilizar mais vias e meios para contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos Rabelados”, afirmou Antero Veiga. O evento foi destaque na imprensa de Cabo Verde.

A participação de jovens rabelados foi um diferencial, uma vez que tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões aos órgãos governamentais, instituições e entidades da sociedade civil presentes.

Representando a Unilab, a oficina foi coordenada pelas professoras Elisangela André e Jacqueline Freire, além da participação das professoras Rebeca Meijer e Geranilde Silva, nas visitas no dia 12. Para Elisangela e Jacqueline, “iniciativas como essa oficina reafirmam e fortalecem a missão institucional da Unilab de integração internacional e cooperação solidária, saindo da retórica para a ação concreta e transformadora”. O projeto foi aprovado no edital de fluxo contínuo do Programa Institucional de Bolsas de Extensão, Arte e Cultura, da Pró-Reitoria de Extensão, Arte e Cultura (Pibeac/Proex 2015).

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O evento foi realizado pela Unilab, o Instituto Universitário de Educação de Cabo Verde (IUE), o Projeto ALICE do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC), Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO/Brasil), com a parceria da Plataforma de ONG’s de Cabo Verde, a Associação dos Rabelados de Santiago (Rabelarti), a Universidade de Cabo Verde (UNI-CV), a Casa Brasil-África da Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), a Trama Teia Filmes/Marabá/Brasil.

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A Universidade Popular de Movimentos Sociais (UPMS)

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A proposta da UPMS foi apresentada no Fórum Social Mundial (FSM) de 2003, por Boaventura de Sousa Santos, reconhecido intelectual português, com vasta produção teórica que vem contribuindo para a constituição de conhecimento sobre as epistemologias do Sul. Jacqueline Freire explica que a perspectiva da universidade é constituir-se como espaços de diálogos entre os movimentos sociais, organizações da sociedade civil e instituições, que possam intercambiar seus saberes e produzir conhecimento coletivo e intercultural, a fim de gerar agendas comuns e, consequentemente, práticas transformadoras, tanto para os próprios movimentos como para o planeta. Boaventura de Sousa Santos expressou satisfação pela experiência da oficina realizada em Cabo Verde. “Fico muito feliz por esta auspiciosa colaboração triangular e transantlântica”, afirmou.

Oficina em Cabo Verde do projeto Universidade Popular de Movimentos Sociais (UPMS)_

Juntamente com Jacqueline Freire, também coordena a UPMS a professora Matilde Ribeiro, do Instituto de Humanidades e Letras no Campus dos Malês. Além das instituições envolvidas na oficina, a UPMS também tem a parceria da Campanha Nacional pelo Direito à Educação/Brasil, a Cátedra Unilab e Central Única dos Trabalhadores (CUT/CE), bem como diversas universidades brasileiras, organizações da sociedade civil, em nível internacional e nacional, apoiam a construção e consolidação da UPMS.

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