Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Professora da Unilab, Luma Andrade profere aula magna de abertura do semestre na UFSC

Data de publicação  17/03/2016, 11:07
Postagem Atualizada há 9 anos
Saltar para o conteúdo da postagem
Professora Luma Andrade profere aula magna na UFSC. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC

Professora Luma Andrade profere aula magna na UFSC. Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC

A professora Luma Andrade, do Instituto de Humanidades e Letras (IHL) da Unilab proferiu aula magna na última terça-feira (15), na abertura do primeiro semestre letivo de 2016 da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Luma é a primeira travesti a conquistar o título de doutora e a ocupar o cargo de professora de uma universidade pública e federal no país.

A partir do tema “Moral, código (i)moral e (i)moralidade dos costumes: a relação entre sujeitos e normas em épocas e lugares diferentes”, a professora iniciou a aula explicando que se identifica e se autodenomina como travesti por uma questão política: “Por que eu não posso me afirmar enquanto travesti? Enquanto transexual? O que fizeram com nossas travestis ao longo da história?”. Argumentou ainda que a sociedade, em diferentes épocas, excluiu as travestis de suas instituições, lares, escolas e justamente por isso é preciso criar linhas de fuga, inventar outras possibilidades, “fissuras nas normas”: “Estou aqui para dizer que é possível, sim, para uma travesti, ser doutora, ser professora universitária”.

Tendo como principal referência a obra “História da Sexualidade”, de Michel Foucault, Luma expôs a evolução do conceito de moral e moralidade desde a Antiguidade, passando pela Idade Média, até os dias atuais. Segundo ela, a cultura condiciona a visão de mundo e interfere, inclusive, no plano biológico, quando institui um modelo idealizado de homem e mulher. “Se hoje somos racistas, sexistas, é porque fomos adestrados a compreender o mundo nessa perspectiva. Mas é preciso estar aberto para as diferenças.”

Estiveram presentes a reitora Roselane Neckel, a vice-reitora, Lúcia Helena Martins-Pacheco, e a pró-reitora de pós-graduação Joana Maria Pedro, que presidiu a mesa.

Público

Foto: Henrique Almeida/Agecom/DGC/UFSC.

Minutos antes da aula começar, a caloura do curso de História, Thayná Costa, 22 anos, aguardava com grandes expectativas: “Achei incrível uma travesti ser convidada para recepcionar os calouros. A universidade, principalmente a universidade pública, deve se posicionar contra as discriminações e dar o exemplo. Não sou trans, sou cis (cisgênero, que se identifica com o seu ‘gênero de nascença’), mas quero aprender com a professora sobre respeitar o diferente e não reproduzir opressões.”

Quando Luma encerrou seu discurso, o público a aplaudiu de pé, demonstrando grande contentamento com o que acabara de ouvir. Dandara Manoela Santos, 23 anos, aluna da 5ª fase do Serviço Social, disse estar muito satisfeita: “Achei fantástico. Foi uma experiência bem positiva. Eu já tinha ouvido falar bem dela, mas ela me surpreendeu, foi além do que eu tinha imaginado. O que mais me chamou a atenção foi quando disse que a gente tende a reproduzir os mesmos comportamentos que criticamos.”

Adaptado do site da UFSC.

Categorias