Delegação do Ministério da Educação do Timor-Leste e gestão da Unilab se reúnem para alinhar perspectivas e novos acordos
“A Unilab não é vossa, é nossa também”, disse o deputado Eládio de Jesus, da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin). Com esse espírito de integração e de sentir-se em casa, ocorreu, no último sábado (7), reunião entre a gestão da Unilab e a delegação do Ministério da Educação do Timor-Leste. Entre os temas tratados, a renovação do protocolo de cooperação entre Unilab e Timor-Leste e a elaboração de documento, pela gestão da universidade, explicando a interrupção das aulas no contexto de greve discente e docente.
Representando o país, estiveram o diretor geral do Ministério de Estado e presidência do Conselho dos Ministros, Victor Maia; o deputado Eládio de Jesus; e o adido da Educação, Abrão dos Santos, entre outras autoridades. Por parte da Unilab, estavam o reitor pro tempore em exercício, Aristeu Lima; o pró-reitor de Relações Institucionais, Edson Borges; a professora Andrea Muraro, chefe de Gabinete da Reitoria; o professor Gustavo Henn, representando a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd); e o professor João Paulo Madeiro, representando a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Proppg).
O reitor em exercício, Aristeu Lima, destacou a alegria em receber a delegação timorense e contou um pouco de sua experiência com os estudantes. “A primeira turma de timorenses com que trabalhei, a maior aqui na Unilab até agora, eram 30 estudantes no curso de Ciências da Natureza e Matemática (CNeM). Eles tinham muita dificuldade com o Português, mas houve aulas no contraturno e os estudantes conseguiram se recuperar. Hoje são alunos excelentes. Nós queremos inclusive ‘puxá-los’ para a Unilab, mas são aptos a irem para qualquer instituição”, contou, acrescentando ainda que devido a essa experiência exitosa gostaria que os próximos timorenses a chegarem à instituição tivessem contato com os veteranos.
O adido Abrão Santos lembrou que há 71 estudantes timorenses na Unilab, distribuídos em cursos como Agronomia, Enfermagem, Ciências da Natureza e Matemática (área considerada prioritária no país) e Engenharia de Energias. Dois estudantes acabaram de se formar, nos cursos de Química e Administração Pública, sendo os primeiros timorenses a concluírem um curso no Brasil. “Queremos fazer o esforço de mandar mais estudantes, vamos ver as possibilidades. Eles têm papel significativo para o desenvolvimento do Timor-Leste”, declarou.
Já o deputado Eládio de Jesus agradeceu o suporte da Unilab e destacou a língua portuguesa como uma língua pela resistência, remetendo à luta pela libertação. “Unilab tem um bom nome no Timor-Leste, viemos conhecer mais de perto e queremos conversar mais amigavelmente como amigos dentro da casa. A Unilab não é vossa, é nossa também. A universidade é muito interessante para os países lusófonos, nossa cooperação vai continuar, vou intervir por isso no plenário”, sublinhou. O parlamentar destacou ainda a ressonância que a música brasileira tem no Timor-Leste e o interesse em que houvesse um curso de Música.
O pró-reitor de Relações Institucionais da Unilab, Edson Borges, demarcou que a hospitalidade é recíproca, relembrando a missão que fez à capital do Timor-Leste, Díli, em maio de 2016. “É importante ouvir dos interlocutores o que eles gostariam de receber, saber o que a Unilab pode fazer para contribuir com os países. Formação de professores foi apontada como área estratégica; que a gente tenha outras e próximas reuniões para colocar sobre a mesa as demandas e como elas podem ser atendidas”, disse.
Tessitura da integração
A visita da delegação timorense vinha sendo construída há meses. É um dos resultados da Missão Técnica da Unilab, junto com a Rede de Instituições Públicas de Educação Superior (Ripes) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), em Díli, República Democrática de Timor-Leste, entre 17 a 28 de maio de 2016.
Na ocasião, o Pró-Reitor de Relações Institucionais (Proinst) da Unilab e coordenador da Ripes, Edson Borges, cumpriu uma agenda extensa, incluindo a Embaixada do Brasil, o Ministério da Educação de Timor-Leste e a Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL).
Em 17 de maio, Borges se reuniu com o vice-ministro da Educação, Abel Ximenes, na sede do Ministério da Educação. “Destacamos que o Timor-Leste tem grande necessidade de cursos de língua inglesa, português e mandarim, porque seus estudantes precisam dominar aquelas línguas para realizarem cursos de graduação e pós-graduação no exterior. O vice-ministro manifestou o desejo de que a Unilab receba mais estudantes timorenses. Sugeriu que a Unilab, a Ripes e a UNTL construam planos de ação que possam ser executados, cooperativamente, em 2017. Por isso, recentemente renovamos o Acordo de Cooperação entre a Unilab e a UNTL e estamos próximos de renovar o Protocolo de Cooperação entre a Unilab e o MEC de Timor-Leste”, relata Edson Borges.
O pró-reitor esteve ainda com o reitor da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), Francisco Miguel Martins. Na ocasião, o reitor destacou que as cooperações nacional e internacional são vetores-chave para o desenvolvimento da universidade, com a participação em programas internacionais de ensino e formação, assinatura de acordos de cooperação bilateral e multilateral (Portugal, Indonésia, Austrália, Japão, Brasil e com outros países da América, África, Europa, Ásia e Oceania). Entre as redes, Francisco Miguel destacou a oficialização da adesão da UNTL à Ripes, desde o início de 2014.