Conferência aborda o candomblé de Bahia
A pesquisadora Kadya Tall dará conferência nesta quinta-feira (13) com o tema “O candomblé de Bahia, espelho barroco das melancolias pós-coloniais”. Será nesta quinta-feira (13), às 14h, no auditório do Campus dos Malês, em São Francisco do Conde/BA.
Como explicar a celebração conjunta numa mesma sequência ritual, de Jesus Cristo via o ritual eucarístico e do fundador presumido de um antigo reino africano através da imolação de um boi cujas cabeça e vísceras são transformadas em objetos divinos?
Revisitando o candomblé de Bahia, um culto de possessão que se tornou famoso graças aos trabalhos de Roger Bastide e Pierre Verger, Kadya Tall tenta renovar sua visão em substituir às analises em termos de sincretismo, uma antropologia religiosa histórica e pragmática de um espaço-tempo, o Atlântico Sul. O trato escravista desenvolveu-se no quadro ideológico da Contrarreforma que renovou tanto para os negreiros africanos quanto para os colonos europeus, os escravos africanos e os autóctones índios a relação ao sagrado, produzindo configurações barrocas de crenças.
Nutrido no seio das Irmandades católicas no Novo Mundo, o candomblé da Bahia opera até hoje uma síntese disjuntiva de elementos rituais heterogêneos para tornar presente o divino. Ele foi se constituindo como imaginário da democracia racial, refletindo-a indefinidamente, numa colocação em que os corpos de Jesus Cristo, do rei de Ketu, das figuras coloniais do velho e manso escravo africano, da prostituta cigana, do índio primordial e selvagem e aquelas dos santos católicos fusionam-se no próprio corpo dos adeptos possuídos. Ao evocar todos esses elementos, inteligíveis a longa duração, o candomblé constitui o espelho barroco das melancolias pós-coloniais.
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