Guiné-Bissau é retratada em livro de estudante brasileiro da Unilab
Quem circula pelos campi da Unilab no Ceará já deve ter visto o estudante Gislailson “Cá”, sempre participando de atividades acadêmicas e culturais ou entre os colegas, uma figura com aquela agitação boa de se ver. Tanta vontade de aprender rendeu ao brasileiro dois meses em terras guineenses e, da rica experiência, surge agora o livro “Nha terra: Guiné-Bissau em Relatos e Fotografias”, lançado no último dia 19.
Fotografias e textos misturam-se para dar ao leitor uma ideia da vivência, costurada ainda na Unilab. Foram 199 visitas, passeios, conversas e troca de saberes, um roteiro de fôlego, que incluiu a elogiada entrevista com a escritora e ex-ministra da Cultura e da Educação Maria Odete Semedo.
Ainda em 2014, então com 17 anos, Antonio Gislailson Delfino da Silva chegou à Unilab para cursar o Bacharelado em Humanidades. Na turma, dos 40 estudantes, 30 eram guineenses, quase todos com sobrenomes “Cá”, “Có”, “Djú” e “Té”. Gislailson acabou adotando o sobrenome “Cá”, que se refere a uma etnia chamada pepel (papel em português).
O convívio com os colegas fez com que a Guiné-Bissau virasse paixão e tema de pesquisa. O estudante, decidido a cruzar o Atlântico, realizou a campanha “Gislailson Cá rumo à África – Guiné-Bissau” e em dezembro de 2015 viajou pela primeira vez a um país africano, onde esteve por dois meses pesquisando sobre educação e cooperação.
“Nha terra”, da língua Kriol, significa “minha terra” em português. “Considero Guiné-Bissau como se fosse meu segundo país, pois através da experiência vivenciada pude notar o quanto o povo guineense é acolhedor e hospitaleiro”, afirma.
Assim como a viagem, o livro teve financiamento coletivo, num processo que durou quase um ano. Gislailson realizou torneio de futsal, feira de comidas típicas, festas da integração e também recebeu ajuda de servidores e funcionários terceirizados da Unilab.
O estudante considera que difundir a experiência de pesquisa e convivência por meio de um livro ajudará a incentivar a integração e o respeito em outras universidades. Acredita ainda ser uma forma de agradecer à comunidade africana na Unilab e, em especial, à comunidade guineense. “Pela oportunidade, por ter me aceitado e me inserido nessa comunidade através do aprendizado da língua, através do convívio diariamente, nas (celebrações das) independências. Também é uma forma de agradecer às pessoas que contribuíram para a minha viagem à Guiné-Bissau, dizer o resultado do trabalho, pois tem todo um relato da experiência no país. É um presente para a Unilab, para os países que estão aqui e para a Guiné-Bissau”, destacou.
Gislailson sublinha a oportunidade de ampliar os horizontes promovida pela Unilab aos discentes. “Aqui tem vários países e costumes. Que não percam a oportunidade e se integrem e se respeitem acima de tudo. Que aprendam as línguas, que aprendam as danças, a música, que conheçam um pouco o que é uma troca de saberes, um conhecimento mútuo. A Unilab é um espaço único e exclusivo, essas oportunidades para se integrar e conhecer um pouco dos outros países só temos aqui”, ressaltou.
“Texto autêntico, limpo e direto”
A apresentação de “Nha terra: Guiné-Bissau em Relatos e Fotografias” ficou por conta do escritor guineense Manuel Casqueiro, presidente da Academia Afrocearense de Letras.
Casqueiro descreve o texto de Gislailson como “autêntico, limpo e direto. (…) Segui-lo em seus percursos pela cidade de Bissau, seus bairros e interior da nação, pendurado nos ‘toca-toca’ ou noutro veículo qualquer, é prazeroso. Ler-lhe as observações de gourmet dos vários pratos da culinária guineense me deu água na boca”, revela, convidando à leitura.
O guineense considerou a obra ainda como “uma sincera homenagem à Unilab, à Guiné-Bissau, à amizade e à paz”.
O livro está à venda por R$50,00 (à vista) e R$60,00 (parcelado em 2x no cartão de crédito). Para mais informações, entre em contato com Gislailson “Cá” pelo e-mail gislailsondelfino@yahoo.com.br.
Mais sobre o autor
Gislailson Silva, mais conhecido como Gislailson Cá, é natural do município de Mulungu, na região cearense do Maciço de Baturité. Ingressou na Unilab aos 17 anos, no curso de Humanidades, tornando-se, assim, a primeira geração da família a ter acesso ao ensino superior. Já concluiu o bacharelado em Humanidades e agora cursa o último semestre da Licenciatura em Sociologia, além de duas pós-graduações, uma delas na Unilab.