III Fórum de Divulgação Científica em Ecologia, Botânica e Evolução
Pesquisador abre fórum de divulgação científica com palestra sobre História Natural da Serra de Baturité
O pesquisador Waldir Mantovani, professor titular aposentado da Universidade de São Paulo e professor visitante na Universidade Federal do Ceará, proferiu palestra, no último dia 4, com o tema “História Natural da Serra de Baturité”. A atividade se insere na programação do III Fórum de Divulgação Científica em Ecologia, Botânica e Evolução, que ocorreu nos dias 4 e 5 de outubro e terá continuidade nesta quinta-feira (11), com o tema “Serra de Baturité: Biodiversidade e Conservação”.
Mantovani abordou a Serra de Baturité com um objeto de estudo em seus vários aspectos: flora e fauna, consequências da ação do homem, entre outros. “A história de ocupação de um lugar é fundamental. Primeiro indício de ocupação na Serra de Baturité foi pelos indígenas jenipapo-kanindé, que vieram de outra serra, em Quixadá”, conta, lamentando a posterior dizimação dos indígenas e sua cultura.
Atualmente, a população do Maciço de Baturité se dedica à policultura, porém, de acordo com o pesquisador, falta preocupação com os recursos naturais, utilizando-se de técnicas muito rudimentares. “Nós não aprendemos com os índios, mas eles tinham técnicas que respeitavam a natureza. Hoje temos uma agricultura irresponsável. As pragas estão ganhando resistência”, afirmou, ao passo em que chamou a atenção para o impacto dos agrotóxicos no organismo humano e em todo o ecossistema, pois penetram no solo e lençóis freáticos.
Entre as características da serra, o professor destacou a floresta úmida perenifólia, nas cotas entre 600m e 800m; e Floresta úmida semiperenifólia, na vertente oriental e a barlavento, a 200m e 600m; e a sotavento, em casos inferiores a 600m, a savana estépica (caatinga). Além disso, enfocou a estrutura de maciço cristalino, a existência de quatro tipos de solos e a fauna bastante rica, contando, por exemplo, com aves ameaçadas de extinção e 128 espécies de abelha, das quais 3 são novas para a ciência.
A palestra voltou-se ainda para a importância, na ciência, de estar aberto a novas ideias e desenvolver a cidadania. “A melhor coisa é discutir novas ideias. O cientista tem que ser alguém aberto a isso. Instrumentos para pessoas desenvolverem a cidadania e tudo que se refere ao Meio Ambiente tem a ver com cidadania, pois se trata de um bem coletivo”, sintetizou.
III Fórum de Divulgação Científica em Ecologia, Botânica e Evolução
Mais de cem pessoas, dentre elas estudantes e professores da Unilab e de outras universidades, participam do III Fórum de Divulgação Científica em Ecologia, Botânica e Evolução. O primeiro dia de evento, 4/10, contou com cinco palestras ministradas por pesquisadores externos à Unilab de diferentes instituições e universidades para a comunidade acadêmica e comunidade em geral. Além disso, ao longo do dia, o estudante Macione Ferreira, do 1º ano do Curso de Ciências Biológicas, da Terra indígena Tremembé da Barra do Mundaú, do município de Itapipoca, e integrante do Grupo de Pesquisa em Biologia Vegetal, realizou pinturas indígenas com jenipapo nos participantes do evento e demais pessoas interessadas.
No segundo dia de evento, o Fórum recebeu cinco escolas da rede pública do Maciço de Baturité e região, incluindo escolas indígenas de Aratuba e Maracanaú e escola quilombola da Serra do Evaristo em Baturité, sendo a primeira vez que escolas de comunidades tradicionais e indígenas são recebidas nos laboratórios da Unilab.
As escolas foram: duas turmas de 2º ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Padre Saraiva Leão, de Redenção; uma turma de ensino fundamental da Escola Indígena Chuí (Pitaguary), de Maracanaú; turmaa de ensino fundamental e médio da Escola Indígena Manoel Francisco dos Santos, de Aratuba (Kanindé); turmas de 8º e 9° ano do ensino fundamental da Escola Quilombola Osório Julião da Serra do Evaristo, Baturité; e turma de 2º ano da Escola de Ensino Médio Menezes Pimentel, de Pacoti. Foram recebidos cerca de 200 alunos, acompanhados de seus professores, que visitaram os laboratórios do Campus das Auroras/Unilab: Laboratório de Botânica, Laboratório de Ecologia e Evolução, Laboratório de Fisiologia Vegetal e auditório 1 do Campus das Auroras.
No laboratório de Ecologia e Evolução os alunos tiveram a oportunidade de visitar uma exposição de fósseis. No Laboratório de Fisiologia Vegetal aprenderam sobre Interações ecológicas envolvendo fungos entomopatogênicos e vespas parasitoides de aranhas. No Laboratório de Botânica conheceram os trabalhos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Biologia vegetal, aprenderam sobre plantas nativas úteis da Serra de Baturité, e receberam sementes de espécies nativas da Serra de Baturité. Também foram entregues mudas de árvores nativas para os professores responsáveis pelas turmas.
O evento continua nesta quinta-feira (11), quando serão ofertados minicursos por pesquisadores externos à Unilab, de diferentes instituições e universidades, a serem realizados no Laboratório de Botânica, Laboratório de Ecologia e Evolução, Laboratório de Fisiologia Vegetal e Laboratório de Informática, ambos localizados no Campus das Auroras.
Os interessados em participar em um dos minicursos devem entrar em contato com os professores organizadores do evento, ou com um dos discentes integrantes dos grupos de pesquisa envolvidos, para verificarem a disponibilidade de vagas no minicurso de interesse.
O evento é realizado pelo Grupo de Pesquisa Biologia Vegetal e pelo Grupo de Pesquisa Ecologia e Recursos Naturais, os quais são coordenados pelos professores Jullyana Sobczak e Jober Sobczak, respectivamente, ambos professores do curso de Ciências Biológicas do Instituto de Ciências Exatas e da Natureza (Icen/Unilab). Estão na organização do referido evento, além destes professores, diversos discentes do Ciências Biológicas do Instituto de Ciências Exatas e da Natureza (ICEN) e do curso de Agronomia do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR), integrantes destes grupos de pesquisa e orientados por estes professores em projetos aprovados nos diferentes programas de bolsas institucionais: Pibic/Unilab, Pibic/CNPq, Pibeac, Pibiti/CNPq, BICT/FUNCAP e em projetos financiados por agências de fomento: Funcap e CNPq Universal.