Estudantes da Unilab desenvolvem Projeto Cultura de Alimentar a Aldeia em território tremembé
Entre os povos indígenas do Ceará e do Brasil, o assunto “insegurança alimentar e nutricional” vem ganhando destaque, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando as populações tradicionais brasileiras foram reconhecidas como “grupos em situação de extrema vulnerabilidade”. Frente ao contexto, cinco estudantes indígenas tremembé da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) decidiram unir saber acadêmico e prática e buscar alternativas para garantir a segurança alimentar e incentivo à agricultura familiar na região.
Mateus Tremembé, Lauriane Castro, Gabriele Lima e Graziela Silvestre, do curso de Agronomia, junto com Gabriela Silvestre, da Antropologia, concorreram com o projeto “Cultura de Alimentar a Aldeia” no edital Emergencial Covid-19 do Fundo Socioambiental Casa. O projeto foi aprovado e será desenvolvido até dezembro deste ano. “Estamos sempre buscando técnicas novas para a construção de uma agricultura familiar cada vez mais sustentável em nossas aldeias. No projeto executamos ações junto às famílias agricultoras e pescadoras do território, realizando debates sobre a importância do acesso e a produção de alimentos para melhorar a qualidade de vida e a saúde de nossas aldeias”, aponta Mateus. As ações já realizadas foram:
– Distribuição de kits de higiene e equipamentos de proteção individual para 150 famílias, somando 450 pessoas atendidas;
– distribuição de 150 cestas básicas;
– 15 famílias de agricultores familiares atendidos com o fortalecimento dos quintais produtivos e incremento de equipamentos agrícolas;
– 15 famílias de pescadores artesanais fortalecidos com a compra de duas embarcações e ferramentas de pesca.
– criação de duas áreas de plantios coletivos.
Terra indígena Tremembé da Barra do Mundaú
A Terra Indígena Tremembé da Barra do Mundaú está localizada no município de Itapipoca, no litoral oeste cearense, a 155 quilômetros de Fortaleza-CE. O território se divide em quatro aldeias – São José, Munguba, Buriti do Meio e Buriti de Baixo -, com aproximadamente 150 famílias que lutam por seus direitos, mais especificamente pela demarcação de seu território.
De acordo com Mateus Tremembé, o povo indígena Tremembé tem recursos naturais e direitos ameaçados por empreendimentos nacionais e internacionais. “Soma-se a esse contexto um modelo de desenvolvimento baseado na maximização produtiva e na dependência de insumos externos, cuja presença no território se caracteriza por áreas de monocultura irrigada, uso indiscriminado de produtos agroquímicos, mecanização, substituição das sementes crioulas por variedades ‘melhoradas’, entre outras práticas nocivas ao meio ambiente”, destaca.
Uma forma de resistência do povo indígena Tremembé, segundo Mateus, tem sido a produção agroecológica e sustentável, a valorização dos saberes e tradições, com a realização de seus cantos e rituais sagrado, e a luta pelo direito a terra, água, saúde, educação e segurança alimentar. O estudante desenvolveu a pesquisa “Batiputá – O Óleo Sagrado que Alimenta e Cura. Saberes e Sabores do Povo Indígena Tremembé da Barra do Mundaú”, na segunda edição do edital do Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia Social.