Unilab realiza missões internacionais em Guiné-Bissau, Moçambique e Angola
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) realizou em novembro e dezembro deste ano missões internacionais presenciais em Guiné-Bissau, Moçambique e Angola, dentro do projeto “Unilab CPLP 11 anos depois”. Além da aplicação de provas para o processo seletivo de estudantes estrangeiros, as missões tiveram como objetivo, ainda, a reaproximação com os países parceiros da universidade, o estabelecimento e a renovação de novos acordos, além de parcerias que possam auxiliar os estudantes internacionais na Unilab.
“A Unilab hoje tem uma contribuição efetiva, sistemática e impactante porque nós preparamos recursos humanos, que é exatamente aquilo que fazem falta nos Palops [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], especialmente nos países parceiros que fazem parte da Unilab”, afirma o reitor Roque Albuquerque, que esteve nas missões internacionais em Angola e Guiné-Bissau, juntamente com a pró-reitora Artemisa Candé Monteiro, da Pró-Reitoria de Relações Institucionais e Internacionais (Prointer). Nas missões internacionais, também integraram a comitiva a vice-reitora Cláudia Carioca, que esteve em Angola, e a diretora do campus dos Malês Mirian Sumica Reis, que cumpriu agenda institucional em Guiné-Bissau.
As missões internacionais incluíram apresentação de relatórios sobre o quadro de formação dos estudantes internacionais e construção de pontes para cooperações de mão dupla entre a Unilab e os países parceiros. “Em Angola e Guiné-Bissau, me apresentei como professor Roque, reitor da Unilab, embaixador dos estudantes angolanos e guineenses para, em nome deles, buscar auxiliá-los de maneira que eles tenham condições plenas de não terem nenhuma privação e que tenham condições de desenvolverem sua educação, que é para isso que estão aqui”, relata o reitor.
Ele aponta ainda que, em Angola, deixou claro às autoridades de Estado o pedido de parceria que “visa assistir ao estudante angolano, seja na área de bolsa de manutenção, seja na área de assistência consular, que é muito importante, seja na área de assistência à saúde, porque sabemos das dificuldades para o aluno internacional”, explica Albuquerque. Atualmente a Unilab possui 362 estudantes de graduação oriundos de Angola. Entre outras agendas no país angolano, houve também o acompanhamento de questões que envolvem a validação do diploma da Unilab e, ainda, a assinatura de protocolos de intenção e parcerias com institutos de educação (Escola de Administração e Políticas Públicas, Agostinho Neto e Complexo Escolar das Artes).
“Fizemos reunião com universidades que estão no interior de Luanda, uma reaproximação com a questão de interiorização. Foi muito bacana ouvir essas universidades e estabelecer uma linha de cooperação entre as universidades, de troca. E isso é muito interessante para o nosso trabalho e pra nossa internacionalização de currículos e mobilidade internacional”, aponta a pró-reitora Artemisa Candé Monteiro. Ela considera essas missões internacionais fundamentais para renovar e estabelecer acordos, uma vez que há mudança nas gestões dos países parceiros e na própria Unilab. Outro ponto destacado por Monteiro, a partir das missões, é a possibilidade da gestão da universidade ter um olhar diferenciado a esses países visitados e mapear de perto as necessidades dos estudantes internacionais. Ainda segundo Monteiro, o processo de internacionalização é uma construção constante, que envolve diálogo, convencimento, humildade, além da transversalidade desse processo em todos os setores da universidade.
Retorno a Guiné-Bissau
Outro país visitado, como parte das missões internacionais, foi Guiné-Bissau, onde houve retomada dos protocolos de intenção assinados, reaproximação com ministérios e novas parcerias. A pró-reitora Artemisa Candé Monteiro destaca, entre outras agendas, o encontro com o presidente da Assembleia Parlamentar da CPLP, Cipriano Cassamá. “Foi muito bom levar a Unilab além dos muros dos países, chegar nos parlamentares da CPLP, nos deputados, para que a Unilab seja pauta dos seus projetos e para poderem auxiliar e potencializar a universidade na sua internacionalização”, aponta Monteiro, que já havia feito uma primeira missão internacional a Guiné-Bissau em maio deste ano. “Hoje a Unilab é conhecida na Guiné. E nós fomos retornando protocolos de intenção assinados. O ano que vem já vai ser ano de trabalho, de ações efetivas em relação a essa missão”, pontua a pró-reitora.
“Tivemos vários acordos de cooperação e o que percebemos também é que os recursos humanos, a formação de profissionais de qualidade é o que falta a eles. Eles não têm a estrutura, mas não significa que não tenham interesse. O próprio presidente Umaro Sissoco tem prometido que vai ajudar os alunos guineenses”, aponta Albuquerque. Para o reitor, na viagem a Guiné-Bissau, foi perceptível um maior conhecimento dos guineenses em relação à Unilab que, desde 2011, graduou 689 estudantes oriundos da Guiné-Bissau.
Moçambique
Em Moçambique, o docente Segone Ndangalila Cossa, gerente da Divisão de Projetos Internacionais da Prointer, da Unilab, cumpriu agenda institucional no seu país de origem, incluindo a aplicação das provas do PSEE. “Achei que foi uma decisão acertada atrelar a aplicação do PSEE à missão institucional para reestabelecer contatos institucionais que viabilizarão a internacionalização da Unilab”, afirma Cossa. Ele destaca que a Unilab ainda é pouco conhecida em Moçambique e o fato de ser moçambicano facilitou a interlocução com atores e instituições chaves do poder decisório.
Na agenda em Moçambique, houve encontros no Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), no Ministério da Educação, nas agências de Desenvolvimento do Vale do Zambeze a do Desenvolvimento Integrado do Norte, locais onde Cossa notou expectativas desafiadoras em relação à Unilab. “Tomam a nossa universidade como esse lugar sociológico de construção de gramáticas, metáforas e de novas epistemes que contribuirão para um desenvolvimento humano, social e cultural do sul global mais ecológico, emancipatório e antirracista. A proposta é que as nossas diretrizes de internacionalização pensem, além da nova geografia de poder, do ensino inclusivo e da necessidade de formar quadros para toda CPLP, as subjetividades intelectuais pós-coloniais e contra-hegemônicas dos formados e os em formação”, destaca o docente Segone Cossa.
Em relação ao acesso e à democratização ao ensino superior, Cossa acredita que foi lançado um desafio à Unilab de pensar em possibilidade de realizar o processo seletivo de estudantes internacionais nas províncias e localidades distintas da cidade capital de Moçambique. “O diagnóstico feito é que o nosso processo seletivo é necessário e extremamente importante, mas retroalimenta um nicho muito específico de candidatos – urbanizados e de geografia próximas à cidade capital. Um outro desafio foi lançado: pensarmos critérios de inclusão a partir de marcadores como classe social, renda familiar, origem do estudante, gênero e áreas prioritárias de formação desenhadas pelos países parceiros”, aponta Cossa.
PSEE
O Processo Seletivo de Estudantes Estrangeiros (PSEE) este ano nos países parceiros aconteceu com alguns diferenciais. Pela primeira vez houve um processo seletivo referente a três semestres (2021.2, 2022.1 e 2022.2). Outra alteração foi em relação ao número de vagas. “A aplicação ocorreu para até 6 vezes o número de vagas. Antigamente a gente aplicava para até 3 vezes o número de vagas. Então houve essa alteração que demandou mais esforço, mais trabalho, dedicação, mas conseguimos fazer com êxito”, afirma o coordenador de Seleção, Acolhimento e Acompanhamento da Unilab, Carlos André Barros, que esteve em missão internacional em Angola.
Além de atuar na aplicação da prova, Barros pontua que a missão internacional envolveu ainda conhecer realidades educacionais do ensino secundário local, pensar em parcerias que envolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de prospecção de parcerias com universidades e instituições, para a aplicação de provas do processo seletivo nos seus respectivos estabelecimentos.
Segundo Barros, o processo seletivo este ano, em contexto ainda pandêmico, transcorreu de acordo com o esperado. “O processo seletivo atendeu aos novos decretos dos países, com a quantidade máxima de candidatos por sala, todas as exigências por conta da pandemia foram atendidas, de acordo com as legislações dos países. Foi dentro da normalidade”, relata. Compareceu para a realização da prova um total de 1359 estudantes dos países Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Entre os candidatos presentes na prova estava Adélson Silva Souza, de São Tomé e Príncipe. Ele conta que conheceu a Unilab por meio de um amigo e escolheu fazer a prova para tentar o ingresso no curso de Enfermagem. “Creio que é uma área na qual eu me identifico muito porque gosto de ajudar as pessoas. Então acredito que a minha expectativa de chegar ao Brasil é concluir [o curso] e poder dar minha contribuição pro meu país”, conta. O sonho de uma formação na área de Enfermagem também é compartilhado pela compatriota Genifre Ambrosio. “Sempre quis ser enfermeira, é um grande sonho e será um privilégio ser escolhida e poder estudar no Brasil”, afirma a candidata.
Para Braolinho Cá, de Guiné-Bissau, o sonho é ingressar na Unilab no curso de Letras. “Resolvi fazer a prova porque quero muito estudar aí, ter mais conforto em termos de ensino. Muitos alunos são meus colegas e me falaram sobre a Unilab, sobre a qualidade de ensino que oferece. É por isso é que tenho essa paixão de ir lá estudar e me juntar com eles, para depois ganhar mais conhecimento sobre o curso que pretendo estudar: Letras – língua inglesa; minha segunda opção de curso é Agronomia” conta.
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