Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Secretária de Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira profere aula inaugural do curso de Serviço Social

Data de publicação  30/03/2023, 16:20
Postagem Atualizada há 1 ano
Saltar para o conteúdo da postagem

 

Da esquerda para a direita: pró-reitora de Graduação da Unilab, Rosalina Tavares; secretária de Igualdade Racial do Ceará, Zelma Madeira; e professora da Unilab e assistente social Matilde Ribeiro. Foto: Secom/Unilab.

A assistente social, professora universitária e secretária de Igualdade Racial no Ceará, Zelma Madeira, proferiu a aula inaugural do semestre 2022.2 do Curso de Serviço Social da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), na última quarta-feira (29).

Com o tema “O Serviço Social na luta por Igualdade Racial e Direitos Humanos”, a aula conduzida por Madeira destacou o papel de intervenção na realidade que compõe a profissão de assistente social. “Serviço Social é uma profissão institucionalizada no Brasil na década de 1930, trabalhando com expressões das desigualdades sociais. Os indicadores revelam as populações negra e indígenas como as mais afetadas, portanto, a desigualdade racial é objeto de intervenção do/as assistentes sociais”, explica.

Fundamental compreender que os profissionais egressos do curso de Serviço Social intervirão numa sociedade racializada e organizada pelo racismo. “A sociedade brasileira é racializada, o que significa que há tratamento diferenciado entre os grupos étnico-raciais. Alguns grupos são beneficiados e contam com privilégios simbólicos e/ou materiais e vantagens, enquanto outros são racializados de forma subalterna, inferiorizados, desumanizados e odiados”, frisa a professora e pesquisadora.

Público no auditório do Campus da Liberdade, em Redenção/CE. Foto: Secom/Unilab.

É a partir desse entendimento que se pode perceber a disparidade em áreas fundamentais da vida, como mercado de trabalho, renda, saúde, educação, acesso aos serviços públicos, condição de moradia, níveis de violência, acesso precário a justiça e outras que impactam a sobrevivência da população negra.

Não por acaso o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que, até 2020, 65% dos postos de nível superior eram ocupados por brancos e apenas 15% e 25% dos cargos de liderança das pastas de Educação, Saúde e Economia eram ocupados por pessoas negras e mulheres, respectivamente. Dados sobre Segurança Pública e violência contra a mulher só vêm a reforçar a desigualdade existente – 69% da população carcerária é composta por pretos e pardos e as mulheres negras são maioria das vítimas de feminicídio.

“O racismo é um problema atual, não apenas um legado histórico. Esse legado histórico se legitima e se reproduz todos os dias. A escravidão virou linguagem e está posta no nosso dia a dia. Quem vocês veem nos cargos de vantagem quando vão ao Fórum de Justiça, à Unidade de Pronto Atendimento? A desigualdade foi naturalizada e houve uma aposta no embranquecimento como base do mito da democracia racial”, questiona Zelma Madeira.

Foto: Secom/Unilab.

A debatedora, Esther Lemos, coordenadora de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), ressaltou o papel de uma formação pública, laica, socialmente referenciada no enfrentamento à questão racial e busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

“A realidade nos enfrenta e convoca. A natureza interventiva da profissão chama à ação. E nós, ao nos expandirmos como profissão [na década de 1970], nos reconhecemos como classe trabalhadora e começamos a romper com o conservadorismo. O contexto de ditadura militar [1964-1985] nos impôs a luta pela democracia. Desconstruir o mito de que vivíamos em uma democracia nos levou a desconstruir o mito da democracia racial”, afirmou.

A aula inaugural teve ainda mediação da vice-coordenadora do curso de Serviço Social, Nathalia Diorgenes, que destacou a necessidade de fazer a defesa intransigente dos Direitos Humanos antirracistas e recusar-se ao autoritarismo.

Mesa de abertura com entidades representativas

No início do evento, a mesa de abertura foi composta pela pró-reitora de Graduação da Unilab, Rosalina Tavares, e membras das entidades representativas da profissão, como a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), Conselho Regional de Serviço Social do Ceará (CRESS/CE), Sindicato de Assistentes Sociais do Estado do Ceará (Sasec) e a Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso).

A pró-reitora e professora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), Rosalina Tavares, destacou a satisfação de ter o jovem curso de Serviço Social, atualmente com 78 discentes, numa universidade como a Unilab. “São estudantes vindos de famílias historicamente excluídas. Não somos uma universidade para a elite, a Unilab foi construída já numa outra perspectiva”, salientou.

Sobre o curso

O curso de bacharelado em Serviço Social busca formar profissionais comprometidos, críticos e sempre prontos para empregar o amplo conhecimento adquirido no Serviço Social na promoção do interesse coletivo e da justiça social, levando em consideração as diversas realidades sociais locais e regionais do Brasil e dos países lusófonos.
É um curso presencial, com tempo integral e seriado semestral. Tem duração de 4 anos. São disponibilizadas 80 vagas anuais para os campi do Ceará, com carga horária de 3.065 horas.
Mais informações: coordenacaoservicosocial@unilab.edu.br.

Categorias
Palavra-chave