Falas Indígenas
Indígenas estudantes da Unilab falam sobre a importância deste dia, suas lutas pelos territórios, seus anseios no mundo contemporâneo, as conquistas já alcançadas, sem esquecer os desafios que estão por vir, além de falar sobre sonhos, ancestralidade e universidade.
Nilton, do Povo Kanindé, de Aratuba, foi estudante do Mestrado Interdisciplinar em Humanidades | Unilab.
Posso dizer que essa conquista (Mestre em Humanidades) não foi só minha, mas também uma conquista para o meu povo. Isto mostra que a Unilab está de portas abertas para as populações indígenas, para os adolescentes (indígenas), que estão terminando o Ensino Médio. Antes, a gente (povo indígena) não tinha essa possibilidade, sempre era um sonho a gente conseguir adentrar na Universidade, mas que, ao passar dos anos, estamos conseguindo ocupar esse espaço universitário, que sempre foi das populações indígenas, mas que, muitas vezes, teve essa negação. É um orgulho pra nações indígenas conseguir colocar os jovens dentro da universidade. Então, posso afirmar que a Unilab está com essa parceria, com esse olhar diferenciado para a população indígena.
Danúbia Soares, do Povo Jenipapo Kanindé, em Aquiraz, Estudante do Curso de Ciências Biológicas | Unilab.
Ser indígena pra mim é ser resistência nesse espaço. É sempre como eu falo para os meus parentes, a gente precisa resistir para poder existir dentro e fora da comunidade e também dentro e fora da universidade. A gente precisa também trazer nossos parentes para cá (Unilab) e é assim que a gente já está fazendo para poder resistir cada dia mais, para lutar pelos nossos direitos e assim permanecer.
Lucas, do Povo Kanindé, de Aratuba, foi o primeiro estudante indígena formado em Pedagogia pela Unilab.
Reforço a importância da resistência neste mês de abril, mês dos povos indígenas, os povos originários de todo o Brasil, e da importância de estarmos ocupando esses espaços universitários, que ainda é um espaço de muita resistência aos povos originários, mas que devemos estar ocupando esses espaços, reflorestando a universidade.
Rildelene, do Povo Kanindé, de Aratuba, pesquisadora da cultura alimentar indígena e Mestre em Sociobiodiversidade pela Unilab.
Nesse dia 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, comemora-se as lutas pelos nossos territórios e o combate ao preconceito racial, principalmente. Como ex-aluna da Unilab, pude acompanhar as melhorias perante os povos indígenas, com os quilombolas também, tendo vagas específicas para a graduação e para a pós-graduação, que ainda são poucas vagas, mas que já são grandes vitórias que nós, povos tradicionais, conseguimos.
Samuel Santos, do Povo Kanindé, de Aratuba, estudante do 4º Semestre do Bacharelado em Humanidades (BHU/Unilab).
Hoje, este dia, o Dia do Indígena, para nós, populações indígenas, representa nossa força, nossa luta, nossa existência, todo o nosso movimento e, além disso, representa nossa força como seres indígenas, reforçando aquilo que é próprio da nossa cultura. E como estudante indígena aqui na Unilab represento a nossa luta de cada dia para demarcar espaço aqui dentro, na nossa Universidade, buscando, cada dia mais, que ocupemos mais espaços e que nossos indígenas se formem e consigam atingir todos os seus objetivos.
Suzenalson, do Povo Kanindé, de Aratuba, foi estudante do Mestrado Interdisciplinar em Humanidades | Unilab.
Tenho muito orgulho de ter passado por esse espaço democrático (Unilab) e participado da luta dos povos indígenas aqui do Ceará, porque não dizer também do Nordeste e do Brasil. O dia 19 de abril, principalmente para nós da Unilab, é uma forma de resistência, de lutar pelos nossos territórios, pela nossa Mãe Terra, pela nossa ancestralidade. Estar juntos nesse momento faz com que a gente crie e tenha cada vez mais força para tá lutando pelo nosso aldeamento, para enfrentar os desafios que são muitos nos dias atuais, dentro da própria universidade e do contexto estudantil. É importante também a gente estar aldeando a universidade, para que o contexto do ensino possa estar afinado com os nossos objetivos.