Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Sessão na Assembleia Legislativa da Bahia homenageia os 9 anos do campus dos Malês

Data de publicação  05/05/2023, 18:51
Postagem Atualizada há 11 meses
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Em tom de celebração, a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia realizou nesta sexta-feira (05/05) sessão especial em homenagem ao ciclo de 9 anos de existência do campus dos Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), que será comemorado no dia 12 de maio. Comunidade acadêmica, autoridades estaduais e municipais, além de representantes de diversas instituições da Bahia compareceram à sessão, presidida pelo deputado Rosemberg Pinto.

Estudantes do projeto de extensão Cabaz Garande apresentaram danças guineenses na sessão especial da Alba

Representações discentes do campus dos Malês marcaram presença no evento, com depoimentos de trajetórias e experiências de estudar no campus baiano da Unilab. “Eu fui na Unilab por causa do projeto pedagógico. Eu sempre me questionei do porquê não estudava a história dos meus, na perspectiva dos meus na escola. E quando cheguei na Unilab, eu vi uma universidade majoritariamente negra”, relata a Sueide Menezes, representante do DCE e discente do curso de licenciatura em História. Ela destacou também a experiência única de, na Unilab, poder estudar filosofia africana e, ainda, de todos os discentes terem oportunidade de conhecer colegas de países africanos de língua portuguesa.

Estudante de licenciatura em História do campus dos Malês Sueide Menezes

No seu discurso na plenária, o estudante do curso de Relações Internacionais Jacque Mário Ié destacou que o campus dos Malês representa a diversidade não só da África como também do Brasil. “Gostaria que as universidades brasileiras, sobretudo as universidades que fazem parte do estado da Bahia, tivessem essa configuração dessa sala aqui presente – que representa o que é a Bahia e o que é a formação da identidade brasileira -, porque é uma sala que está repleta não só de pessoas pretas, como também de pessoas de todas as identidades e classes econômicas e sociais”, afirmou o discente.

Jacque Mário Ió, estudante do curso de Relações Internacionais, representante discente da ASEA (Associação dos Estudantes e Amigos da África)

Já o representante do corpo técnico-administrativo em Educação do campus dos Malês, o engenheiro civil Marcus Dias, lembrou que os cursos de graduação do campus baiano da Unilab receberam notas de excelência pelo Ministério da Educação e destacou cenário político positivo para alçar novos voos. “É possível cada vez mais alcançarmos nossos objetivos tanto do ponto de vista acadêmico, de extensão e pesquisa, quanto do crescimento institucional que o campus dos Malês tanto precisa”, apontou.

Engenheiro civil Marcus Dias, representante dos técnico-administrativos em Educação, no discurso da sessão especial

Missão institucional
Também compareceu à sessão especial na Alba a vice-reitora da Unilab, professora Cláudia Carioca, que parabenizou o campus dos Malês em nome da Reitoria e destacou o cumprimento da missão institucional da Unilab/campus dos Malês, por meio de seus 6 cursos de graduação e 1 mestrado. “Hoje temos números relevantes que são frutos de um labor dedicado e audaz: 900 alunos ativos, dentre os quais 191 são alunos africanos, e 838 alunos formados pela Unilab/campus dos Malês, dentre os quais 248 são alunos africanos. Assim, a Unilab na Bahia cumpre sua missão institucional”, aponta Carioca.

Vice-reitora da Unilab Cláudia Carioca

Ela lembrou, ainda, das dificuldades enfrentadas pelo campus baiano desde sua criação, em 2014, o trabalho e esforço da Reitoria para o processo de ampliação do campus dos Malês, com construção de novas salas de aula e do prédio com sede própria. A vice-reitora também lembrou que a Unilab tem como uma das missões centrais a formação de recursos humanos para contribuir com a integração entre Brasil e demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), promover o desenvolvimento regional, o intercâmbio cultural, científico e educacional, além de desenvolver pesquisas e promover extensão em áreas diversas. “Destaco a importância de se ter um campus de uma universidade internacional. A Unilab é internacional, com potencial de desenvolvimento na articulação Sul-Sul e Norte-Sul”, apontou.

A diretora do campus dos Malês Mírian Reis também contextualizou os princípios que regem a Unilab, que insere-se no contexto de expansão da educação superior no Brasil, com compromisso social. “Uma universidade criada como ação de reparação pelos danos sociais provocados pela escravidão é também um lugar de reconstrução da identidade brasileira, porque se propõe a pensar o Brasil a partir do legado africano para o povo que aqui se constitui”, apontou a diretora. Ela também destacou diretrizes que regem a Unilab como a cooperação solidária, que apoia e valoriza o potencial de colaboração e aprendizagem entre países.

Diretora do campus dos Malês Mírian Reis

“Fundamentada nos princípios de apoio e ajuda mútua, a Unilab visou criar e consolidar espaços de formação, produção e disseminação de conhecimento com relevância social. Com a Unilab o Brasil executa parte do pedido de perdão ao povo africano realizado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2005, no Porto de Goreé- Senegal, quando reconheceu a dívida brasileira com a África, pelo sequestro e escravização de homens, mulheres e crianças durante séculos”, contextualizou a diretora.

A professora Mírian Reis também destacou contradições na trajetória de 9 anos do campus dos Malês e os desafios pela frente. Ela sublinhou ainda que, apesar das dificuldades, a excelência dos cursos vem de um engajamento da comunidade que compõe o campus dos Malês, o espírito de resiliência, a qualidade do corpo docente e a competência do grupo de técnico-administrativos. “As nossas excelentes avaliações refletem nossa expertise em educação antirracista, de currículos decoloniais, atenta às diretrizes do ensino para as relações étnico-raciais e às necessidades do Brasil e dos países africanos que formam a nossa comunidade”, apontou.

Reis sublinhou, ainda, o momento de retomada democrática no país, o que torna um momento para falar de consolidação e emancipação. “É hora de lutar por tornar o Malês – com toda força deste nome que carrega – na nova universidade federal baiana: negra, antirracista, inclusiva e cidadã”, destacou.

Reparação Histórica
Na sessão especial na Alba também foram destacados nos discursos de autoridades a importância do campus dos Malês para a cidade de São Francisco do Conde e o estado da Bahia; o processo de resistência deste campus diante de situações adversas no cenário político; e a proposta de atuação com princípios solidários, de integração, antirracista, em um contexto de reparação histórica em relação à população negra.

Deputado Rosemberg Pinto, presidente e propositor da sessão especial em homenagem aos 9 anos do campus dos Malês

“Para além dessa universidade ser uma espécie de reparação, ela é também uma universidade que coloca todos os dias nos corações da gente a necessidade de desmistificar a formação da sociedade brasileira, que sempre foi contada nos livros a partir do viés europeu, enquanto a mais importante contribuição em todos os seguimentos – seja na construção física, seja na cultura, na intelectualidade – foi do povo negro, que veio aqui construir esse Brasil tão discriminado”, apontou o deputado Rosemberg Pinto.

Secretária de Educação estadual Adélia Pinheiro, que representou o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues na sessão especial

A secretária de Educação estadual Adélia Pinheiro, representando o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues, parabenizou o ciclo de 9 anos do campus dos Malês e destacou a importância da Unilab com seu papel de integrar os povos do Brasil e de países africanos, no contexto da educação superior no território baiano. “Ressalto o compromisso do governo do estado da Bahia por uma educação de qualidade, antirracista, de relevância pra nossas juventudes e toda a nossa população. É o que nos faz aqui nessa manhã juntar as nossas emoções, a alma e as nossas intencionalidades”, afirmou a secretária.

Unilab internacional e interiorizada

Marivaldo do Amaral, representante dos vereadores do município de São Francisco do Conde

O representante dos vereadores do município de São Francisco do Conde, Marivaldo do Amaral, em seu discurso, lembrou da trajetória e lutas para a instalação do campus dos Malês e o caráter internacional e interiorizado da universidade. “A Unilab é uma oportunidade única para transformar o legado da história de São Francisco do Conde e região em um catalizador de um novo processo de desenvolvimento baseado na cooperação internacional”, apontou.

Ele também destacou a importância do campus dos Malês para a comunidade do território onde está situado. “A Unilab são seus professores, técnicos, estudantes, as comunidades africanas, comunidade da Baixa Fria, do Cais, comunidade quilombola do Monte Recôncavo e todos os outros bairros e cidades vizinhas”, afirmou Amaral.

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