Debate sobre cooperação internacional e institucional marca segundo dia de Seminário de Internacionalização Universitária
Durante três dias preenchidos por intensa programação, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) realizou o II Seminário de Internacionalização Universitária, no Campus das Auroras, em Redenção/CE. Em 5 de outubro, segundo dia de programação, debateram-se temas como internacionalização curricular, dupla diplomação e parcerias estratégicas, entre outros assuntos relevantes para a realização da missão institucional da universidade.
Sob o título “Panorama Unilab 2010 – 2023 e a cooperação educacional entre o Brasil e os demais países da CPLP”, o reitor da Unilab, Roque Albuquerque, dialogou com o secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Laudemar Aguiar Neto.
Roque Albuquerque destacou a lacuna de conexões internacionais que a Unilab enfrentou desde a saída de seu primeiro reitor pro tempore, Paulo Speller, até 2020, quando a atual gestão assumiu. “Nós procuramos restabelecer essas conexões, foi a primeira coisa que fiz quando assumi”, conta. Uma das ações para voltar a priorizar a internacionalização foi a escolha da professora africana Artemisa Monteiro como pró-reitora de Relações Institucionais e Internacionais. “Reconhecemos a capacidade de uma professora doutora que chegou até aqui e lutava pela internacionalização”, afirmou Albuquerque.
O reitor ressaltou ainda que a internacionalização está no DNA da Unilab e é a característica que a diferencia das outras dezenas de universidades brasileiras. “Se removermos a internacionalização da Unilab, não sobra nada. É só mais uma universidade nova, pequena, no interior, destinada a ser pequena. Já atingimos a marca de mais de 53 mil inscritos em processos seletivos internacionais da Unilab. O último processo seletivo teve 14 mil inscritos, um crescimento de quase 300%. Pra quem tem visão, a Unilab nesses países representa muito”, declarou.
O secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Laudemar Aguiar Neto, afirmou que a educação voltou a ser prioridade para o governo brasileiro, “após quatro anos sequestrada por grupos mal intencionados”. De acordo com o secretário, o governo Lula tem como prioridade, nas relações exteriores, o diálogo com África. “Assim, queremos fortalecer cada vez mais as relações com a Unilab e também queremos evitar a fuga de cérebros. Que vocês, estudantes internacionais, tenham uma boa formação no Brasil e retornem para contribuir com seus países de origem”, ressaltou.
“Raramente vemos negros no Brasil em altas posições. E no Brasil os negros são 54%. Símbolos criam perspectiva de mudança de paradigma. Você não vai entender que existe racismo estrutural (e lutar contra isso) com invisibilidade”, concluiu.
Em seguida, a pró-reitora de Relações Institucionais e Internacionais, Artemisa Monteiro, subiu ao palco e lançou o Selo Parceiros da Unilab e a Campanha “Eu sou porque nós somos Unilab”, convidando para foto as autoridades presentes, a exemplo dos embaixadores da Guiné-Bissau no Brasil, M’Bala Fernandes; de Moçambique no Brasil, Jacinto Maguni; e do Ministro Conselheiro da Embaixada de Angola no Brasil, José Carlos Daio.
Internacionalização de currículos e dupla diplomação
Com este mote ocorreu a terceira mesa-redonda do evento, contando com a assessora para Assuntos Internacionais da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Liliane Resende, e o pró-reitor de Relações Interinstitucionais da Universidade Federal do Ceará (UFC), José de Paula Neto. A mediação ficou por conta do pró-reitor de Graduação da Unilab, Thiago Moura.
Para Liliane Resende, a internacionalização é a quarta dimensão da universidade e contribui para o aumento da qualidade do tripé da universidade (ensino, pesquisa e extensão). “No mundo conectado, não dá mais para trabalhar isolado. Os problemas são mundiais e nos impactam localmente. Precisamos desenvolver parceria estratégicas para pensar soluções de interesse global”, disse.
A assessora listou, como ações para a internacionalização, que a UFSJ oferece curso de Português on-line gratuito aos candidatos à instituição e, em seguida, curso de Português presencial; promove aulas on-line com professores internacionais, sobre os mais diversos temas; e concede mais pontos para progressão de professores aos que orientam trabalhos internacionais.
Thiago Moura ressaltou que a Unilab aprova os Planos Pedagógicos de Curso (PPCs) com base na legislação brasileira e que a dupla diplomação traria mais adesão e permanência dos estudantes internacionais.
Internacionalização e os desafios na integração comunitária e local
A última mesa-redonda do dia contou com a participação do reitor da Unilab, Roque Albuquerque, e o presidente do Instituto de Gestão e Cidadania (IGC), Herberth Lobo. Na ocasião, foi assinado protocolo de acordo de cooperação mútua entre Unilab e IGC.
O reitor da Unilab comentou sobre tratativas iniciativas por gestões anteriores que não tiveram continuidade, como dupla diplomação e a implantação de cursos de interesse dos países parceiros. Além disso, lembrou as problemáticas enfrentadas pelos municípios onde a Unilab está, como o impacto que a universidade gera nos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e comemorou o novo Hospital do Maciço de Baturité, recém-anunciado pelo governo do Estado. “Estamos em um momento bom e pegando impulsão para voar mais longe”, sintetizou.
Herberth Lobo afirmou a necessidade de utilizar tecnologias e inovação para promover a colaboração entre instituições internacionais. “Estamos desenvolvendo um projeto com a Unilab, na área da saúde, que integra Brasil-África-Ásia. Queremos desenvolver estratégias para ajudarmos na superação dos problemas, levando inovação e tecnologia”, destacou.