Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Campus dos Malês da Unilab celebra formatura de 67 graduados, de 6 cursos

A cerimônia de colação de grau aconteceu na última quarta-feira (15/01), no auditório da Secretaria de Educação de São Francisco do Conde

Data de publicação  16/01/2025, 17:02
Postagem Atualizada há 3 dias
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O campus dos Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) celebra a formatura de 67 novos profissionais, graduados em seis cursos: Humanidades (27); Pedagogia (19), Relações Internacionais (8); História (4); Ciências Sociais (3); e Letras – Língua Portuguesa (6). A cerimônia de colação de grau, do período 2024.1, aconteceu na última quarta-feira (15/01), no auditório da Secretaria de Educação de São Francisco do Conde (BA), município onde localiza-se o campus dos Malês.

Os estudantes oradores, representantes dos seus respectivos cursos, destacaram a luta, os desafios, a força ancestral e o apoio de familiares, colegas e da comunidade da Unilab, para conseguirem não somente encerrar o ciclo de graduação, como também abrir novos caminhos de uma jornada pessoal, profissional e acadêmica.

“Ninguém chega até aqui sozinho. Houve mãos que nos apoiaram, palavras que nos motivaram e olhares que acreditaram em nós, até nos momentos em que duvidávamos de nós mesmos. Às nossas famílias, amigos, professores e colegas que, com paciência e amor, caminharam ao nosso lado, o nosso mais sincero agradecimento”, colocou a oradora do curso de licenciatura em Ciências Sociais Thaís Souza do Rosario, que destacou a potência das construções coletivas.

“Mais do que uma celebração da nossa formatura, este momento é um testemunho do poder transformador da educação. Neste espaço, aprendemos que nossos sonhos ganham força quando compartilhados e construídos no coletivo. Que essa conquista nos inspire a ir além, questionando e transformando o mundo ao nosso redor”, disse Rosario.

A oradora do curso de Licenciatura em História Sueide Menezes, em seu discurso, lembrou que a trajetória de graduação no campus dos Malês da Unilab foi uma jornada de aprendizados, desafios e também de crescimento. “Carregamos nos ombros a responsabilidade e o privilégio de sermos parte da Unilab, uma instituição que simboliza a integração de povos, culturas e histórias, e de estarmos no campus dos Malês, que carrega um nome tão potente e cheio de significados”, disse. Ela também destacou que o legado da revolta dos Malês é um marco de resistência negra da história do Brasil que impulsiona os estudantes.

“Hoje, ao olharmos para frente, sabemos que o caminho não será fácil. Mas também sabemos que o espírito dos Malês vive em nós, inspirando-nos a resistir, a lutar e a sonhar. Levamos conosco não apenas um diploma, mas a missão de fazer da sala de aula um espaço de transformação, de promover o respeito à memória e à diversidade, e de sermos vozes ativas na luta contra as injustiças”, afirmou.

A persistência dos graduados em continuar a acreditar na força do conhecimento e na capacidade transformadora da educação humanística foi destacado pelo orador do curso de bacharelado em Humanidades José Félix Maússe. “Nosso curso não foi apenas uma formação acadêmica. Foi, sobretudo, uma escola de vida. Aprendemos a valorizar as diferenças, a trabalhar em equipe e a respeitar perspectivas diversas. Desenvolvemos habilidades críticas que nos tornaram mais atentos às injustiças do mundo e mais preparados para enfrentá-las”, salientou.

O orador também destacou o encerramento e o início de um capítulo na história dos novos profissionais, com muitas lições aprendidas. Maússe deixou mensagem de encorajamento nessa nova jornada. “Que tenhamos coragem para enfrentar os desafios que nos aguardam, sabedoria para tomar decisões com responsabilidade e determinação para jamais desistir dos nossos ideais”, apontou.

Os desafios, resistências, revoltas e vitórias coletivas na jornada na Unilab foram destacados na fala da oradora do curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa Janaína Costa. “Malês não é só resistência. Malês é também revolta. É revolta contra as desigualdades que tentam nos silenciar. É luta. É a construção de sonhos por e para um povo que se recusa a ser apagado. Este momento, mais do que uma cerimônia, é a celebração de várias vitórias do povo preto”, disse.

Mulher negra, do interior da Bahia, pesquisadora, artista e professora de Letras, Costa destaca também o seu lugar de potência e também de um coletivo. “Que esse momento fique gravado na memória como um símbolo de nossas lutas, um reflexo de nossas conquistas e uma inspiração para quem ainda virá. Que ele seja lembrado como o momento em que olhamos para nós mesmos com orgulho, dizendo: ‘nós vencemos!’ ”, pontuou.

Um olhar de retrospectiva para a trajetória da graduação – e enxergar vitórias e aprendizados nesse processo – também foi pontuado pela oradora do curso de Licenciatura em Pedagogia, Jessyelle Chagas de Oliveira. “Hoje, ao olharmos para trás, vemos o quanto crescemos e aprendemos. A Pedagogia nos ensinou não apenas a educar, mas também a enxergar o mundo com outros olhos. Aprendemos que educar é, antes de tudo, um ato de amor. É acreditar na capacidade do outro de aprender e de se transformar. É ser persistente, mesmo quando as circunstâncias são adversas”, disse.

Com a vitória de graduar-se também vem, segundo aponta, as responsabilidades, agora como profissionais. “Como pedagogos, temos o dever de preparar nossos alunos para enfrentarem as questões de forma crítica e consciente. Nosso papel vai muito além das paredes da escola. Somos construtores de pontes, ligando gerações e formando cidadãos capazes de contribuir para uma sociedade mais justa e solidária”, afirmou Oliveira.

O papel do profissional formado – e suas responsabilidades – também foi abordado na fala da oradora do curso de bacharelado em Relações Internacionais Antonia Mayane. “Como graduados em Relações Internacionais, temos a responsabilidade de contribuir para um mundo mais justo e pacífico. Vivemos em um tempo em que a interconexão entre países é mais importante do que nunca. Temos o poder de influenciar políticas, promover a paz e defender os Direitos Humanos. Que possamos usar nosso conhecimento para construir pontes e não muros”, disse.

Ela finaliza o discurso com olhar para o futuro e afirmação da importância desses novos profissionais que estarão atuando na sociedade. “Parabéns a todos nós, formandos! O mundo está esperando por nossas contribuições. Vamos em frente, prontos para enfrentar o mundo e fazer a diferença!”, apontou Mayane.

Na solenidade, a diretora do campus dos Malês Mírian Reis lembra que, na data da colação de grau (15 de janeiro), o pastor Martin Luther King completaria 96 anos. Ela também aponta que o ativista político falou do sonho de uma sociedade em que pessoas negras e brancas pudessem viver harmoniosamente, do sonho de uma sociedade sem racismo, com justiça. “Acredito que o que fazemos na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira é parte do compromisso desse sonho. É uma universidade pensada a partir do princípio da solidariedade entre os povos, e esse é o nosso grande mérito mas também nosso grande desafio”, disse.

A diretora também citou outro marco histórico – a Revolta dos Malês -, que no dia 24 de janeiro deste ano completa 190 anos. “Carregamos a marca de algo que é muito maior que o nome, é um símbolo, é memória, é história da resistência de um povo, da revolta de um povo, e de uma revolta que ainda não está apaziguada, porque ainda não alcançamos essa sociedade de justiça que precisamos. Parabenizo os formandos e formandas reconhecendo aqui o enorme desafio que foi cumprir essa jornada”, destacou.

O reitor da Unilab Roque Albuquerque lembrou do seu percurso de vida até chegar a universidade e parabenizou os estudantes por essa trajetória até a conquista de uma formação acadêmica de nível superior, em uma universidade com proposta de currículo afrorreferenciado. “Vários de vocês vão receber um canudo, mas é muito mais que isso. É a materialização de um sonho de universidade antirracista”, disse. “Parabenizo vocês que atravessaram o oceano Atlântico, a vocês do interior, pois a Unilab avançou para o interior”, afirmou ainda o reitor, referindo-se ao processo de interiorização da Unilab, não só no Brasil, como também no processo seletivo de estudantes internacionais.

Albuquerque também apontou para a possibilidade de expansão dos cursos no campus dos Malês e sublinhou a importância da atuação dos estudantes da Unilab. “Precisamos ser reconhecidos por essas cidades [onde a universidade está inserida] que a Unilab faz história, faz diferença e os alunos que chegam de outro lugar não são visitantes; são estudantes, pesquisadores e residentes prontos pra transformar aonde quer que nós cheguemos”, disse.

Durante a cerimônia de colação de grau, também foram entregues os prêmios da Optica para os formandos Janaina dos Santos Costa e Tomás Gomes João. Essa premiação é uma iniciativa do projeto de extensão Unilab student chapter, formado por professores e estudantes da Unilab, com objetivo de promover a excelência acadêmica e incentivar a participação dos estudantes em projetos de pesquisa e extensão.

O prêmio busca homenagear aqueles estudantes que, ao longo de sua trajetória acadêmica, conseguiram se engajar de forma bem-sucedida nessas atividades, contribuindo para o cumprimento dos objetivos da Unilab.

Estiveram presentes na mesa de cerimônia de colação de grau, além do reitor da Unilab Roque Albuquerque e da diretora do campus dos Malês Mírian Reis, a vice-reitora da Unilab Cláudia Carioca; o pró-reitor de Graduação Thiago Moura de Araújo; a diretora do Instituto de Humanidade e Letras Eliane Gonçalves da Costa; o coordenador do curso de licenciatura em Ciências Sociais Márcio André dos Santos; a coordenadora do curso de bacharelado em Humanidades Carla Benitez; o representante da coordenação do curso de licenciatura em História Pedro Leyva; a coordenadora do curso de licenciatura em Letras – Língua Portuguesa Carine Gurunga de Matos; a coordenadora do curso de licenciatura em Pedagogia Andréia Silveira; e o coordenador do curso de bacharelado em Relações Internacionais Ercílio Langa.

Crédito fotos 1, 2, 4, 5, 6, 7, 11 e 12: José Filipe / Crédito fotos 3, 8, 9, 10: Paulo Freitas
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