Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Pesquisadores da Unilab coordenam estudo que descreve nova espécie de opilião e realiza levantamento da biodiversidade no CE

Data de publicação  26/11/2021, 09:50
Postagem Atualizada há 3 anos
Saltar para o conteúdo da postagem


Uma equipe de pesquisadores – entre eles Jober Fernando Sobczak e Jullyana Sobczak, docentes do Instituto de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) – realizou a descrição de uma nova espécie de opilião, que pertence à classe dos aracnídeos. Essa nova espécie foi denominada Auranus quilombola, em referência e homenagem ao local onde foi descoberto, no Quilombo Nazaré, no município de Itapipoca (CE). Os opiliões são um dos maiores grupos de aracnídeos, com mais de 6500 espécies distribuídas em 1500 gêneros e 50 famílias.

“Esse estudo teve como objetivo fazer o levantamento da diversidade de espécies que estão presentes nas regiões úmidas do Ceará, também conhecidas como Brejos de Altitude”, explica Jober Sobczak. Ele aponta que a pesquisa visa também “demonstrar a importância do conhecimento da biodiversidade para a espécie humana e para a ciência como um todo. Sempre a descoberta de uma nova espécie é muito importante para a ciência”, destaca. Ainda segundo o pesquisador, para a Unilab, esse estudo – desenvolvido no Laboratório de Ecologia e Evolução – “mostra que a universidade está inserida e preocupada em promover ciência de qualidade e comprometida com o conhecimento e a proteção da biodiversidade”, afirma.

Pesquisa e resultados

No trabalho em campo, realizado em 2019, foram encontrados 89 opiliões da nova espécie Auranus quilombola, dos quais 22 deles estavam infectados pelos fungos araneopatogênicos (que ataca aranhas) da espécie Gibellula sp.

“Esse fungo ataca a nova espécie de opiliões (Auranus quilombola) e induz modificações de comportamento. O que observamos é que os opiliões parasitados estão nos troncos das árvores, o que pode ser um caso de manipulação comportamental”, esclarece o docente da Unilab.

Esse estudo resultou em publicação de um artigo que, segundo aponta o docente Jober Sobczak, é o primeiro, a nível mundial, que levanta a hipótese sobre a manipulação de comportamento de fungos em opiliões, e um dos poucos que pesquisou a interação entre fungos e opilião. Essa pesquisa integra diversos outros projetos que estão sendo desenvolvidos e coordenados por ele e a professora Jullyana Sobczak, com apoio da Funcap (CE).

“O artigo em questão chama a atenção para a proteção dessas áreas úmidas do estado [do Ceará], pois estão isoladas desde a última glaciação do Pleistoceno (era geológica) e formam hoje ilhas de matas atlânticas com alto nível de endemismo (quando espécies e grupos só existem em determinada região geográfica)”, destaca Jober Sobczak.

O grupo coordenado por ele e colaboradores já descreveram as vespas Eruga unilabiana, Zatypota muluhuensis, a aranha Macrophyes pacoti, além de diversas interações encontradas nos Brejos de Altitude do Ceará. “Isso demonstra que tem muita riqueza nessas matas, que precisam ser conhecidas pela ciência, antes que os impactos humanos destruam os habitats onde estão existindo”, alerta o pesquisador da Unilab.

Rede de pesquisadores

Outro ponto importante do trabalho é o envolvimento de outras instituições – Unicamp, UFC e UFPB -, que colaboram neste artigo e em outros que estão sendo escritos. “Isso cria uma rede de pesquisadores focados em conhecer a biodiversidade cearense e fortalece a proteção dessas áreas úmidas do Ceará, que são verdadeiras ilhas de biodiversidade da mata atlântica e que estão sofrendo fortemente com a destruição do habitat”, aponta Jober Sobczak. Ele ainda destaca o envolvimento de estudantes, que contribuíram para a publicação desse artigo e outros, o que, segundo pontua, “reforça que a iniciação científica é extremamente importante e necessária para o fortalecimento e avanço da ciência brasileira”, conclui.

 

Categorias
Palavras-chave

CONTEÚDO RELACIONADO