Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
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Herança ancestral do reino Mbalundo foi tema de aula magna, proferida pelo rei angolano Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI

Data de publicação  22/11/2024, 19:02
Postagem Atualizada há 11 horas
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Herança Ancestral e Sabedoria Tradicional: A Cultura do Reino do Mbalundo e os Ovimbundu foi tema central de aula magna proferia pelo rei angolano Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga, que esteve no campus dos Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, onde também dialogou com a comunidade acadêmica, nesta última sexta-feira (22/11). O evento foi realizado pelo campus baiano da Unilab, em parceria com a Casa de Angola da Bahia.

O rei angolano é soberano dos Ovimbundos no reino do Mbalundo, localizado no sul de Angola. Ele abordou sobre a trajetória, o funcionamento, as lutas, a cultura, a herança ancestral, além das perspectivas desse reino, que possui raízes na ancestralidade e na preservação de valores milenares e, ainda, simboliza uma civilização que perpetua tradições de resistência, sabedoria e espiritualidade. Assim como outros reinos africanos, sofreu processos violentos de colonização europeia, que inicia-se no século XV.

“Àquela altura, a África estava estabilizada, os reis eram presidentes em África, o estado estava organizado, do ponto de vista social, econômico e financeiro”, pontua o o rei Ekuikui VI. A partir da vinda europeia, da tomada de terras dos ancestrais na África e do processo de exploração e escravidão, os reinos atualmente lutam e resistem para resgatar e valorizar heranças culturais ancestrais de seus respectivos povos. O reino do Mbalundo surgiu em meados de 1700. A região possuía autoridade tanto política quanto econômica, abrangendo as províncias como Huambo, Benguela e Bié. Os Ovimbundos são povos da etnia bantu de Angola e constituem 37% da população angolana, sendo o maior grupo étnico do país.

“Nosso reino, por sinal, que sempre se manteve firme, mesmo nos momentos difíceis, é um reino que hoje está reconhecido pelo estado angolano, foi requalificado e hoje o reino leva a cabo 4 pilares, que são o resgate, a preservação, a valorização e a divulgação da nossa identidade cultural”, explica o líder do reino Mbalundo. Ele prossegue destacando que a brutalidade da colonização europeia e, atualmente, a globalização, foram processos centrais no contexto de retirada do povo africano a espiritualidade, os costumes e as sabedorias ancestrais.

Ekuikui VI afirma, ainda, que seu reino busca um resgate de hábitos e valores como respeito aos mais velhos, amor ao próximo, cuidado com a natureza, além de outros elementos como a medicina natural, as vestimentas e a gastronomia. “Também estamos a resgatar a nossa musicalidade, nossa instrumentalidade, de forma a não depender totalmente daquilo que nos foi imposto e obrigado, porque muito da nossa instrumentalidade foi retirada e estamos a resgatar as nossas artes. É um desafio”, disse. E nesse contexto, ele coloca a universidade como um espaço de potência para que haja esse resgate de identidade cultural africana. Inclusive, compartilhou um sonho do seu reino, que é de criar uma Universidade da Oralidade Tradicional.

Angola e Unilab

O rei angolano Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga veio ao Brasil no período dos debates e de diálogos do mês da consciência negra no Brasil e também da celebração da independência de Angola, comemorado no dia 11 de novembro, segundo contextualiza Luandino Carvalho, diretor da Casa de Angola da Bahia. “A Unilab, fazendo parte de um dos locais com mais representatividade da comunidade angolana, principalmente da comunidade estudantil, sua Alteza manifestou seu desejo de também estar aqui neste espaço não só para partilhar com a grande comunidade a nível Brasil e Bahia, mas particularmente no campus dos Malês, a nível Unilab”, disse Carvalho.

Para a diretora do campus dos Malês, Mírian Reis, a fala do rei Ekuikui VI dialoga com a proposta da Unilab. “A explanação conversa muito com os currículos de nossa universidade. Temos feito esforço de fazer ensino superior afrocentrado, que reverencia nossa ancestralidade e os saberes tradicionais”, disse. Ainda segundo a diretora, a aula magna trouxe importantes reflexões que também dialoga com a identidade do povo baiano, especialmente do Recôncavo da Bahia. “Sua fala também estimula pesquisas para nossos alunos aqui. Fica aí um desafio”, pontua.

O reitor da Unilab, Roque Albuquerque, também presente à mesa, lembrou que a Unilab irá receber uma comitiva de Angola em um Seminário Internacional e também enviará 15 docentes do Instituto de Ciências Exatas e da Natureza para Angola. “Eles estarão trabalhando com a formação de quadros em Angola, em programa de mobilidade, e queremos nos colocar à disposição para estender essa possibilidade”, disse Albuquerque, referindo-se a um possível acordo de cooperação entre a Unilab e o reino do Mbalundo.

Estiveram presentes ao evento, além de membros da comunidade acadêmica e da gestão da Unilab, representantes institucionais do Itamaraty, da prefeitura de São Francisco do Conde, de entidades sindicais, da Casa de Angola da Bahia e do governo angolano, como o Ministério do Turismo.

Crédito fotos 3, 6 e 7 – José Filipe (TV Malês)
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