Mesa de abertura, conferência e apresentação de trabalhos marcam início da Semuni na Unilab
Na tarde desta terça-feira (23), foram abertas as atividades da XI edição da Semana Universitária da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Semuni/Unilab), com o tema “Ensino, Pesquisa e Extensão em Tempos de Inteligência Artificial: Implicações, Riscos e Possibilidades à Educação”, no auditório do Campus das Auroras, em Redenção/CE, como também, no Campus dos Malês, em São Francisco do Conde, na Bahia.
No Ceará, de início, houve a apresentação cultural da Banda Cabaçal Palmares e do Coral Ilu Ayê trazendo alegria e movimento para o evento junto aos participantes.


Coral Ilu Ayê 
A mesa de abertura contou com a participação do reitor da Unilab, Roque Albuquerque; do pró-reitor de Graduação (Prograd) Thiago Moura; do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (Proppg), Alexandre Cohn; da pró-reitora de Políticas Afirmativas e Estudantis (Propae), Cláudia Carioca; e do pró-reitor de Extensão, Arte e Cultura (Proex), Ricardo Ossagô.


Cláudia Carioca, pró-reitora da Propae 
Ricardo Ossagô, pró-reitor da Proex 
Roque Albuquerque, reitor da Unilab 
Thiago Moura, pró-reitor da Prograd 
Alexandre Cohn, pró-reitor da Proppg
Para conferência de abertura, foi convidado o professor do Instituto de Linguagens e Literatura (ILL) Tiago Martins da Cunha, além da participação do professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Júlio Araújo, que fez o lançamento do seu livro “Negro Algoritmização: notas para definir o racismo algorítmico”.

professor do Instituto de Linguagens e Literatura (ILL), Tiago Martins da Cunha 
Em apoio aos membros da comissão organizadora e demais servidores e colaboradores participantes, a pró-reitora da Propae, Cláudia Carioca, destacou que: “… quando os nossos alunos, professores estão mostrando pra tudo mundo o que estão fazendo nesta universidade da integração internacional, nós estamos mostrando a que viemos“.
Ricardo Ossagô, pró-reitor da Proex, destacou o papel da Extensão, tida como o terceiro pilar da universidade, e que hoje dispõe também da inovação, compondo as bases estruturais do ensino e da pesquisa.
Em dados, Ossagô divulgou que, nesta XI Semuni, houve resultados expressivos: no edital interno Pibeac foram selecionados 90 estudantes bolsistas; e no edital externo SASE, foram 07 projetos aprovados, envolvendo 31 bolsistas. Ao todo, 121 estudantes foram contemplados com as bolsas de extensão esse ano. Para o edital Pibeac 2026, em andamento, houve 202 projetos inscritos – número superior aos anos anteriores de 2025. O destaque também ficou no recorde alcançado no XII Encontro de Extensão, com 347 trabalhos inscritos e 300 validados para serem apresentados, até sexta-feira (26). Além dos mais de mil trabalhos em todos os encontros envolvendo a Semana Universidade, superando a média anual de 150 e 200 trabalhos. “Isso demonstra o crescimento, o engajamento na comunidade acadêmica dentro dos projetos de extensão“, destacou Ricardo Ossagô, pró-reitor da Proex.
A realização desta edição, em especial, configurou-se com o movimento de resistência e da luta dos reitores, pró-reitores e diretores de institutos, diante das dificuldades financeiras, atualmente enfrentadas pelas universidades públicas brasileiras. “É importante registrar e divulgar que, apesar do contexto tão complexo, a Unilab seguem respirando por resultados importantes e impactantes“, ressaltou Ricardo Ossagô, pró-reitor da Proex.
Segundo dados apresentados pelo professor e pró-reitor da Proppg, Alexandre Cohn, no CPQ, houve o seguinte quantitativo de trabalhos inscritos: no 1º Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, foram 289 (CE) e 38 (BA); no 13º Encontro IC, foram 227 (CE) e 27 (BA) e 581 trabalhos, sendo 20% a mais que na edição de 2024; no CPGRAD, foram inscritos 69 trabalhos da pós-graduação. Além disso, também houve a realização do maior encontro de inovação regional – III Inova Maciço, promovido em parceria entre a Coordenação de Inovação Tecnológica (CIT/Unilab) e o Sebrae/CE.
Quanto à realização da XI Semuni, o professor do ICS e pró-reitor de Graduação (Prograd), Thiago Moura, destacou a importância da edição, no ano em que a Unilab celebra o seu 10º ano de criação, com escolha de um tema de extrema relevância. Após os agradecimentos aos envolvidos, nos campi da Unilab no Ceará e na Bahia, Thiago Moura destacou que a edição de 2025 teve 1184 trabalhos inscritos e aprovados, em todos os campi da Unilab. A novidade ficou na realização concomitante e presencial da abertura oficial da Semuni, realizada pela vice-reitora da Unilab, professora Eliane Gonçalves, direto do Campus dos Malês, na Bahia.
Quanto ao tema, o pró-reitor de Graduação trouxe o contraponto diante do uso e vivências da Inteligência Artificial (AI): “o tema vai provocar a todos nós, enquanto docentes, discentes, técnicos, a remodelar o ensino, a pesquisa, a extensão e também a inovação. A gente vive um processo de inteligência artificial que, daqui a alguns anos, nós vamos estar entrando na inteligência geral, onde essa inteligência que, às vezes, ainda em alguns programas, é limitada para alguma ação, vai ter avanços maiores, mas isso é um contraponto do que a gente vive hoje na universidade, enquanto Unilab, interiorizada, internacional, onde a gente ainda luta para viver, luta ainda para poder vencer a questão do letramento digital nas comunidades. Como é que a gente está discutindo inteligência artificial se a gente ainda não conseguiu vencer nem o letramento digital de adultos em algumas localidades?”.
Outro ponto, com abrangência na área da saúde, o enfermeiro e professor Thiago expôs a preocupação com a utilização ampla e massiva da AI, em contraponto ao cuidado com a saúde mental. “A gente usa inteligência artificial para tudo. E me preocupa muito como o futuro da humanidade vai se comportar em relação a esse contexto de comunicação com a máquina, ou com o celular, ou com o computador, para tentar trazer resposta para tudo. Sendo que a humanidade, por si só, sabe que nós não temos resposta para tudo ainda. Talvez nem teremos. Então, a nossa gana enquanto pesquisador, professor e vocês, futuros pesquisadores da iniciação científica, é tentar encontrar a resposta para tudo. E aí vem uma inteligência artificial que vai dizer assim: o que é que eu faço para conquistar isso? O que é que eu faço para ter isso? É um prompt para isso e aquilo? Parece ser tão fácil, tão acessível, mas a gente tem que começar a pensar como é que vai estar a saúde mental da gente daqui para frente com essas ferramentas tão avançadas e tão poderosas”.

Reitor da Unilab, Roque Albuquerque
Diante dos desafios e das realidades de correlação entre as tecnologias analógicas e digitais, Roque Albuquerque destacou que precisamos superar as adversidades, com mais conhecimento e busca de novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento. “Nós estamos num momento que é de riscos e oportunidades. Isso tem implicações diversas, tem coisas boas que a Unilab não pode ficar para trás“.
A exemplo, o reitor da Unilab e sua equipe de apoio visitou as instalações da empresa de telecomunicações Brisanet, instalada em Pereiro (CE), divisa entre os estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Segundo Roque, a Unilab e a Brisanet buscam firmar parceria. A BrisaNet está concorrendo ao edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) de R$ 1.4 bilhões, para pensar sobre inovação, inteligência artificial, com uma perspectiva verde de energia sustentável.
A Unilab, com articulação entre os reitores das universidades do Nordeste (institutos federais e as universidades estaduais), deseja efetivar a assinatura de uma carta de intenção com a Brisanet, para que a Unilab tenha um Data Center, instalado no Campus das Auroras, de forma verde, mediante energia sustentável e solar. A Unilab gerenciaria 50% de tudo que for produzido e vendido, durante 10 anos. Já pensando nas startups, inovação, trabalhar com inteligência artificial, trabalhar com energia, desenvolvimentos diversos. Assim, a Unilab vai ter primeiro a internet em máxima velocidade.
“A gente não pode ficar pra trás, a gente precisa trazer isso, mas nós temos um papel social muito importante e temos algumas barreiras e riscos que a gente precisa estar muito cientes. Que nesta Semuni, não sejamos artificiais e que usemos de todas as características, todas as formas, para entender o nosso compromisso de continuar fazendo ciência, ciência de qualidade, e nessa universidade, atento a toda promoção que tenta nos colocar à parte, nos tornar desiguais, ou praticar qualquer racismo. Essa é a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia África Brasileira.” – Roque Albuquerque, reitor da Unilab
Exposições, apresentação de trabalhos, oficinas e minicursos
Pela manhã, deram inícios às apresentações de trabalhos, palestras, lançamento de livros e inúmeras oficinas. Entre elas, foi realizada a oficina “Produção de sabão caseiro com óleo residual: inteligência artificial como aliada”, com o estudante timorense do curso de Engenharias de Energias, vinculado ao Instituto de Engenharias e Desenvolvimento Sustentável (IEDS); e Delício Augusto Mondlane, do Laboratório de Análises Químicas do Campus das Auroras.
Estudante do oitavo semestre, já se apresentou em outras edições, conquistando ótimas notas nas avaliações realizadas pelos membros da comissão avaliativa dos trabalhos. O referido trabalho, segundo Delício Mondlane, veio da necessidade de aproveitar melhor o descarte dos óleos usados na utilização da cozinha. Realizará mais duas atividades nos dias seguintes: apresentação “A monitoria em Cálculo I e a Inteligência Artificial como ferramenta para a autonomia estudantil: experiência no semestre 2022.1” e “Oficina de Sabão Ecológico a partir de Óleo Residual: Relato de Experiência em Acarape-CE”.

Oficina: “Produção de sabão caseiro com óleo residual”, com discente do IEDS, Delício Mondlane 
Discentes da Unilab
Nas exposições, tivemos turmas de vários projetos, como: Projeto Lunetas – Meninas na Ciência e Tecnologia, que trabalha em rede das universidades e instituto federal de 3 cidades diferentes – Unilab/Redenção, UFC/Fortaleza e IFCE/Maracanaú. Outra equipe, foi do Grupo de Pesquisa em Ecologia e Recursos Naturais (Ecolab/Unilab), coordenado pelo professor do Instituto de Ciências Exatas e da Natureza (Icen), Jober Sobczak. Confira os stores no canal do Instagram da Unilab Oficial.
Abertura Semuni no campus dos Malês/BA

A Semana Universitária, no campus dos Malês, teve início oficial com uma mesa de abertura. Na ocasião, a diretora do campus dos Malês Mírian Reis destacou o esforço coletivo na construção do evento e também a temática escolhida este ano para a Semuni. “Nesse tempo que vivemos, em que a comunicação é muito dinâmica, fluida, de verdades e pós-verdades, pensar a temática da inteligência artificial, pensar como ela também pode ser aliada na produção de novos saberes é o que vamos discutir aqui”, aponta. Na sua fala, ela também salientou a importância de um pacto global em defesa das democracias e da soberania dos povos. “Isso a gente também faz com ciência, com tecnologia, com inovação, com a universidade pública qualificada, diferenciada como a gente propõe aqui, afrocentrada. Porque a gente precisa desses saberes para nos reconhecer enquanto povo também”, afirmou.

Na mesa de abertura, a diretora do Instituto de Humanidade e Letras (IHL) Carla Verônica também destacou a construção coletiva da Semana e a importância da discussão deste ano sobre inteligência artificial, além das diversas temáticas que vão ser abordadas na Semuni, que trazem trabalhos de 7 cursos de graduação do campus baiano da Unilab. “Que seja uma semana que tenha a ‘cara’ dos Malês, que represente também os Malês”, disse. “A universidade é pesquisa, extensão, convivência, é troca, são os aprendizados que a gente constrói, que a gente publiciza e troca”, complementou.

Também presente na abertura da Semuni, a vice-reitora da Unilab Eliane Gonçalves reafirmou o compromisso da presença de uma representação da reitoria no campus dos Malês, em especial no evento da Semuni. E também destacou o potencial da Unilab/campus dos Malês, na condição de uma universidade diferenciada. “Nós somos o coração da Unilab e temos que irradiar essa luta que temos de sermos a universidade mais negra desse país. Os trabalhos que vão ser apresentados são trabalhos que não vão acontecer em nenhuma outra universidade com a mesma proporção”, apontou. Ela também destacou a força da universidade, com a presença dos movimentos sociais e populares, além de um compromisso acadêmico. “Tenho certeza que daqui a uma década vamos ser referência no ensino, na pesquisa e nas implicações sobre a inteligência artificial”, disse.

Inteligência Artificial
Na conferência de abertura no campus dos Malês, com abordagem sobre o tema da Inteligência Artificial proposto pela Semuni, o docente do curso de História Eric Brasil Nepomuceno trouxe um contexto histórico do uso de ferramentas digitais e abordou o momento atual no debate da aplicação de grandes modelos de linguagem na pesquisa acadêmica, no campo das Ciências Humanas e Sociais. Uma atualidade que ele chama de “virada gerativa”, a partir das inteligências artificiais gerativas como o chatGPT. Ele aponta que, nesse contexto atual, vive-se em um momento de impasse metodológico e epistemológico. “Anda nem conseguimos lidar ou construir bases sólidas da reflexão metodológica nas nossas áreas sobre ferramentas digitais – para além do word, excel e do google docs -, e já fomos soterrados pela Inteligência Artificial generativa”, afirma. Nesse sentido, ele destaca a importância do cuidado e da reflexão metodológica sobre essas ferramentas, para além da naturalização delas.

Nepomuceno também aponta para uma possibilidade de desenvolver modelos de aplicações específicas de IA nas pesquisas, que entendam a perspectiva teórica do pesquisador. “A gente está, nesse momento, tentando dar um passo além do chatBot e encontrar possibilidades de uma aplicação real, sofisticada e ancorada na nossa perspectiva teórica. E mais que isso, capaz de rastrear os dados, diminuir alucinações, um modelo que não pode responder para além dos dados que fornecemos”, explica. Assim, ainda segundo o docente, isso garante também mais transparência no processo de pesquisa. “Existe um campo enorme de possibilidades de avanço nesse momento. A gente tá fazendo algo que a gente pode falar de ‘ciência de fronteira’ quando a gente tá lidando com isso, tendo que competir com as bigtechs, que estão em disputa gigante sobre esse debate, competindo com outros centros capitalistas que têm autofinanciamento para essas pesquisas. E nós estamos tentando lidar com isso sem o financiamento”, disse.

O docente também contextualizou que esse debate atravessa diversas outras questões como segurança nacional, privacidade dos dados, questão de plágio, integridade da informação, além do impacto ambiental que esses grandes modelos trazem.
Confira a programação da Bahia e do Ceará.
Outras informações na página da Semuni. Outras informações via e-mail: (semuni@unilab.edu.br).