O historiador francês Michel Cahen discute lusofonia e África lusófona na Unilab
O Grupo de Pesquisa Oritá, da Unilab, promoveu hoje (04) duas atividades com o prof. Michel Cahen, pesquisador da Universidade de Bordeaux, na França. Ele, que está no Brasil como pesquisador visitante na USP/Departamento de Sociologia, é historiador e especialista na evolução política da África contemporânea de colonização portuguesa, realizando suas pesquisas principalmente a partir de Moçambique.
No período da tarde, o prof. Cahen reuniu-se com alguns docentes da Unilab para discutir sobre os conceitos de África Lusófona e Lusofonia. O encontro aconteceu no auditório do Campus da Liberdade. À noite, o pesquisador proferiu uma conferência para o público universitário em geral sobre o tema “Heterogeneidade da África Colonial Portuguesa (1878-1975)”, no anfiteatro do campus.
Em sua fala, o prof. Michel Cahen fez análises críticas ao uso de conceitos como África Lusófona e Lusofonia. Para ele, o conceito de lusofonia é válido a nível político-institucional, mas não como conceito sociocultural. “Em Moçambique ou Guiné-Bissau a população como um todo não fala português ou pelo menos não tem o português como língua materna. Não se deve utilizar o conceito de lusofonia como se todos os habitantes de países de língua oficial portuguesa fossem lusófonos”, declarou.
Para o pesquisador, a experiência da Unilab é muito interessante para estudar e ele vislumbra que daqui a alguns anos haverá teses de doutoramento sobre as identidades que estão construindo a instituição. “A Unilab caminha na tentativa de criar relações horizontais que podem contribuir para um melhor equilíbrio das línguas. O importante é não entrar numa ideologia do imperialismo cultural, de impor a língua portuguesa a povos africanos”.
Para a professora Jacqueline Pólvora, membro do Grupo de Pesquisa Oritá, as discussões promovidas pelo prof. Cahen trazem temáticas vinculadas não apenas à pesquisa do grupo, mas à própria ação da Unilab, contribuindo tanto para a formação dos alunos quanto dos professores.