Lutas antirracistas e conscientização sobre os direitos são temáticas do II Novembro Afro-brasileiro
A segunda edição do “Novembro Afro-Brasileiro”, realizada na semana alusiva ao Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 1695, trouxe atividades nas áreas de arte, educação e cultura afro-brasileiras para promover a conscientização e reflexão sobre a busca pelos direitos já conquistados, a importância da cultura, do povo africano na formação da cultura nacional.
Para abertura do evento, dia 21, estiveram presente a coordenadora do Núcleo da Promoção da Igualdade Racial (NPIR), Eliane Costa Santos, representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE/Unilab) e do Coletivo Nacional de Juventude Negra (Enegrecer), Geyse Anne da Silva, da coordenação do Centro de Estudos Interdisciplinares Africanos e das Diásporas da Unilab (Ceiáfrica), Vera Regina Rodrigues da Silva e da Pró-Reitoria de Extensão, Arte e Cultura (Proex), Marcos Vinícius.
Para a coordenadora do NPIR, “a importância do II Novembro afro-brasileiro, não mais se restringe apenas às comemorações com foco no grande Líder Zumbi dos Palmares, Dandara e todas as lideranças que se rebelaram dizendo não ao regime escravista. Hoje, reconhecemos a importância dessa luta, vamos além, discutindo Saberes, Vivencias e Resistências, traduzida inclusive no logo do evento.
A palestra, mediada pelo coordenador do curso de Bacharelado em Antropologia e professor do Instituto de Humanidades e Letras (IHL), Lailson da Silva, sobre “Racismo e intolerância religiosa nas escolas” foi ministrada pelo antropólogo professor do IHL, Patrício Carneiro Araújo, que trouxe o conteúdo de sua pesquisa de mestrado, realizado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). A pesquisa foi transformada em um livro que aborda a intolerância religiosa nas escolas como uma manifestação de racismo sob o título “Entre ataques e atabaques: intolerância religiosa nas escolas”, publicado pela editora Arché de São Paulo.
A programação do dia 22 trouxe a ministração da oficina “Decolonialidade do saber: caminhos da Etnomatemática por meio do jogo Mancala Awelw”, apresentando os jogos africanos ao grupo de alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Dr Brunilo Jacó, de Redenção/CE. A oficina foi ministrada pela professora do IHL, Eliana Costa Santos e coordenadora do Núcleo da Promoção da Igualdade Racial (NPIR) e o discente de pedagogia, Willame Lima.
Sobre o jogo Mancala Awelw
Nesse diálogo as ticas (técnica) da matema (calcular) de uma etno (cultura), quebra paradigmas direcionado pelo racismo epistêmico. O Awele, é uma das variações de um milenar do continente africano – Jogo Mancala. É um jogo de estratégia, disputado entre dois jogadores sobre um tabuleiro constituído de 12 cavidades, dividido em duas filas e 48 sementes a qual utilizamos a baobá. É um jogo interdisciplinar, cheio de estratégias. Vence a partida quem tiver recolhido 25 sementes ou mais.
Em outra atividade o professor moçambicano do Associado de Filosofia da Educação, na Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas, da Universidade Pedagógica (UP), em Moçambique, José Paulino Castiano, autor de muitas obras, realizou a palestra sobre “A Relação entre os Estudos Africanos e Afrodescendentes” e o minicurso “Filosofia Africana”, no Campus das Auroras, em Redenção/CE.
O evento foi coordenado pelo Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (NEAAB) da Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas (Propae) com apoio do Instituto de Humanidades e Letras (IHL) e do Núcleo das Africanidades Cearences da Universidade Federal do Ceará (Nace/UFC).
Dando continuidade a programação, a atividade cultural de apresentação musical ficou por conta dos grupos “Tambores de safo” e “As Negras”.
Na sexta-feira (24), na Unidade Acadêmica dos Palmares, em Acarape/CE, houve o Círculo de Debate com a temática “A construção histórica da invisibilidade da população negra no Ceará”, com o professor da Faculdade Ateneu, mestrado em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), José Hilário Ferreira Sobrinho e pelos debatedores do Grupo de Estudos e Pesquisas África Contemporânea, do Programa Áfricas do Joá/Unilab, Jordan Matias, Paulo Ferreira e Armando Leão.
Nesta noite de segunda-feira (27), teremos outro Círculo de Debate com o tema “A juventude negra quer viver!”, com o professor Antônio Marcos de Souza Silva e representantes do Coletivo Nacional de Juventude Negra (Enegrecer), da Marcha Mundial das Mulheres (Núcleo Dandara dos Palmares) e do Diretório Central de Estudantil da Unilab (DCE), a partir das 19h, no bloco I, da Unidade dos Palmares, em Aracapé/CE.
Confira a programação dos demais dias de atividades.