Na manhã deste dia 11, começou a segunda edição do Seminário Interdisciplinar das Ciências da Linguagem (SIC) no Maciço de Baturité, no Bloco Didático do Campus da Liberdade. O evento, promovido pela Unilab e pela Universidade Regional do Cariri (Urca), segue até o próximo dia 13. A programação conta com a realização de palestras, minicursos e apresentações de trabalho em formato de comunicação oral.

Programação completa no site: http://www.2sic.unilab.edu.br/

Conferência de abertura

O evento iniciou às 08h com a realização dos minicursos. Em seguida, foi realizada a mesa de abertura com a presença da reitora Nilma Gomes, do vice-reitor Fernando Afonso Ferreira, da diretora do Instituto de Humanidades e Letras (IHL), Monalisa Valente, do presidente da Comissão Organizadora e professor da Unilab, Vilmar de Souza, e do vice-presidente da Comissão Organizadora e representante da reitora da Urca, Raimundo Luís do Nascimento.

A reitora deu boas vindas aos participantes e parceiros do evento e parabenizou a Comissão pela iniciativa e organização do evento. Ela destacou a importância de discutir as questões ligadas à linguagem e entendê-la como prática social. “A linguagem como prática social pode ser potente, possante e também emancipatória. E esse é o papel da universidade, no caso é o papel da Unilab e Urca. Espero que a aqui aconteçam parcerias e produção do conhecimento”, afirmou.

O professor da Unilab, Vilmar de Souza, comentou sobre os eixos centrais do Seminário. “O encontro atua a partir de três eixos principais que são: a promoção da integração entre as universidades, professores e estudantes; a democratização do conhecimento linguístico para o interior do estado, saindo dos grandes centros hegemônicos; e a realização do diálogo entre as línguas que até então eram desconhecidas para nós, como as línguas africanas”, apontou. E assegurou ainda sobre a relevância do evento para estudantes e especialistas da área: “nós temos cerca de 300 pessoas inscritas, conseguimos atrair profissionais importantes de programas de Pós-Graduação da UFC, da UECE e de outras universidades fora do estado e do país, além disso, duas instituições já apresentaram as suas propostas para se tornarem sede do próximo Seminário. Então é um evento que já nasceu forte”.

O professor da Urca, Raimundo Luís do Nascimento, que também estava na organização da primeira edição do Seminário, falou sobre a necessidade de realizar grandes eventos acadêmicos no interior do estado. “É preciso perceber que o interior do Ceará não é algo pequeno e tem potencial e pessoas criativas para elaborar eventos dessa magnitude. Esse seminário se tornou uma referência para outras pessoas e a proposta é que ele seja itinerante pelas universidades localizadas no interior”, disse.

Conferências

A primeira conferência do evento foi realizada pela professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Irandé Antunes Morais, que abordou o assunto: “Teorias linguísticas e práticas pedagógicas – não tinha uma ponte no meio do caminho”. Segundo a professora, que possui mais de 10 anos de estudos da área, não há muitos indícios que as teorias abordadas durante a universidade não geram práticas pedagógicas diferentes das tradicionais que são utilizadas desde o início do século passado. “A universidade desenvolve o saber numa perspectiva, porém quando depois de formados, os alunos ficam nas teorias do passado. É lamentável que a universidade perca um pouco do seu papel ao formar profissionais que não são capazes de desenvolver uma prática pedagógica que seja de acordo com as novas bases teóricas da linguística”, analisou.

Prof. Dr. Armindo Ngunga – Universidade Eduardo Modlanne – Moçambique

Na noite da última quarta-feira (11), o prof. Dr. Armindo Ngunga, da Universidade Eduardo Modlanne, em Moçambique, ministrou a conferência “A diversidade linguística e a construção da democracia em África: o caso de Moçambique”. Na oportunidade, ele abordou a diversidade linguística da África como reflexo da instabilidade política, assim como da implantação da Língua Portuguesa em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Timor-Leste.

Prof. Armindo relatou o processo de como o português foi implantado em Moçambique, sendo obrigatório nas escolas e na imprensa, mesmo que apenas uma minoria falasse português. Como exemplo da diversidade linguística, dentro do contexto que a língua oficial é o português, o professor pontuou que em campanhas eleitorais, a cada cinco anos, há uma democracia nos meios de comunicação, os quais as informações sobre os candidatos são transmitidas em várias línguas. De acordo com ele, “esse é um tema importante. E com o advento da democracia na África, o desafio é como construir essa democracia respeitando a liberdade linguística”. Ainda segundo ele, “a forma de pensar livremente é na língua de cada um”.

Na palestra ele apresentou as 23 línguas que são faladas em Moçambique, assim como a porcentagem de quantos falam português nas principais cidades do país, de acordo com o último censo.

Na manhã desta quinta-feira (12), o evento contou com a presença do professor da Unicamp, Kanavillil Rajagopalan, que ministrou a conferência: “Linguagem: uma questão política antes de qualquer outra coisa”. “A língua é um instrumento política, a sua natureza é essencialmente política. Há vários jogos de interesse envolvendo as questões linguísticas. Por exemplo, as línguas consideradas independentes da Europa foram consolidadas a partir de ações políticas, relacionando a diretamente a pátria com a língua. Atualmente, nós vivemos em uma época transnacionalização da língua, em que novas identidades estão sendo formadas”, explanou.

Na noite deste mesmo dia, a prof. Fúlvia Rosemberg, da PUC-SP / Fundação Carlos
Chagas, ministrou a quarta conferência, com o tema “Desigualdade de gênero e raça na educação brasileira contemporânea”. Ela fez uma abordagem sobre a taxa de frequência de estudantes de pós-graduação, do sexo masculino, em universidades. De acordo com ela, os dados indicam baixos níveis de presença de rapazes, e isso gera uma polêmica no sistema educacional.

Luiz Paulo Moita Lopes, da UFRJ.

A palestra de encerramento, que ocorreu na manhã desta sexta-feira (13), foi realizada pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Paulo da Moita Lopes (UFRJ), para discutir a temática “Superdiversidade Linguística discursiva e vida translocais na internet e no rap: sexualidades e nacionalidades”. “Vivemos em um mundo onde a globalização é exacerbada, caracterizado pela mobilidade de pessoas, discursos e textos. A mobilidade física é cada vez maior, em que as pessoas atravessam as fronteiras, a Unilab é um claro exemplo disso. Não podemos pensar a língua como um pacote fechado, mas percebendo o falar e o escrever como um modo estratégico para a vida social”, esclareceu.

Apresentações de trabalhos

As estudantes do 3º semestre do curso de Letras da Urca, Gabriela de Carvalho Nascimento e Tatiana Oliveira dos Santos, vão apresentar pela primeira vez um artigo científico em um evento acadêmico. O trabalho, que tem com tema “Filologia: disciplina linguística ou histórica?”, será apresentado no GT “Linguística Histórica e Filologia”. “Nós fizemos essa disciplina no curso de Letras e sempre ficamos na dúvida sobre essa questão e assim surgiu esse trabalho. Estamos um pouco ansiosas, mas nós nos preparamos. Espero fazer um bom trabalho e ter bons frutos”, observou Tatiana. O trabalho foi feito sob a orientação da professora Adjanir Nascimento.

Para o aluno da Unilab, Ythalo Viana, também será a primeira vez que vai apresentar trabalho em um evento acadêmico. O artigo, que faz uma análise sobre a identidade no conto “Nós matamos o Cão-Tinhoso” do autor Luís Bernado Honwana, será apresentado no GT “Cultura e Sociedade: Experiências de Pesquisas na Graduação”. “Foi um trabalho bem difícil, mas é um passo importante para quando for apresentar trabalhos em eventos de outras universidades”, apontou.

GT1 – Estudos literários: crítica, reflexão e pesquisa.

GT5 – Sociolinguística e Dialetologia.

Minicursos

Prof. Wellington Costa ministra minicurso.

A programação do evento também conta com a realização de 11 minicursos que aborda assuntos como gêneros discursivos, fatos e mitos da Língua Portuguesa, filosofia e morfologia das línguas africanas, letramentos digitais e as origens do português brasileiro. O professor Wellington Costa, do IFCE de Crateús, ministrou o minicurso “Gêneros discursivos: uma tecnologia para o ensino de Língua Portuguesa na perspectiva funcional”. “Esses encontros têm como objetivo apresentar propostas do ensino de línguas a partir de elementos de comunicação, como notícias de jornal, trechos de filmes e músicas, dentre outros”, explicou.

Mesa Redonda

Prof. Maria Elias

Fazendo parte da programação do seminário, na tarde desta quinta-feira (12), houve cinco mesas redondas tratando de diversos assuntos ligados à ciência da linguagem. Na mesa 9, coordenada pela prof. Maria Elias, foi abordado o tema “Políticas Linguísticas e Ensino da Língua Portuguesa no Espaço da Lusofonia”. Na oportunidade, ela discutiu o assunto “Reflexões sobre o conceito de política linguística e de planejamento linguístico: diversidade, norma e ensino da língua portuguesa”, o qual ela fez uma abordagem da história da Língua Portuguesa no Brasil, assim como em outros países que tem a língua como oficial.

Seguindo a proposta do tema, ela definiu o conceito de Políticas Linguísticas como normas que os países adotam com o objetivo de uma língua de tornar oficial. Segundo ela, “atualmente, o português é uma língua em expansão, assim como o inglês e o francês foram um dia. Nós brasileiros, dessa geração, não percebemos a colonização da língua pelos jesuítas como os países africanos sentem hoje a implantação do português como língua oficial”. E com o objetivo de unificar essa língua, vários acordos foram feitos para o fortalecimento da mesma, como por exemplo, o acordo ortográfico.

Também fizeram parte dessa mesa os professores: Socorro Aragão (UFPB/UFC), Cláudia (UFC) e Camila Maria Peixoto (UFC).

Encerramento

Na sessão de encerramento do II SIC, estiveram presentes a magnífica reitora da Unilab, prof. Nilma Lino Gomes, e o representante da reitoria da Universidade Regional do Cariri, URCA, prof. Raimundo Luiz do Nascimento. A reitora da Unilab agradeceu a participação de todos e destacou que o momento também foi de confraternização e alegria para todos que participaram.

Na oportunidade, o presidente do II SIC, Vilmar Ferreira, anunciou o calendário para os próximos seminários que serão realizados em 2014, 2015 e 2016 na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e na Universidade Regional do Cariri (URCA), respectivamente.

Concluindo a sessão de encerramento, o presidente do seminário homenageou alguns servidores pelo empenho para a realização do evento. Entre eles, ao receber a homenagem, a prof. Nilma Lino Gomes foi aplaudida calorosamente pelo público presente.

Pró-reitora de extensão arte e cultura, prof. Ana Lúcia Silva Souza, recebendo a homenagem

Chefe de Gabinete, Ana Cristina Queiroz, recebendo a homenagem.

Servidora, Conceição Tavares, recebendo a homenagem

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