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“Empoderamento pela apropriação do conhecimento” foi destaque no “II As Pretas na Unilab”

Data de publicação  31/07/2018, 15:55
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II As Pretas na Unilab – Intervenção artística no Monumento Negra Nua, em Redenção/CE | Foto: Ivan Freire

Na última quinta-feira (26), a segunda edição de “As Pretas na Unilab”, evento realizado em alusão ao Dia da Mulher Negra no Brasil e ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho) pelo Projeto de Pesquisa e Extensão “Ciclo de estudos e debates: Sobre o Corpo feminino – Literaturas Africanas e Afro-brasileira (PIBEAC), coordenado pela professora do Instituto de Humanidades e Letras da Unilab (IHL), Luana Antunes Costa, apresentou o encontro de mulheres afro-latino-americanas e caribenhas, com atividades durante dois dias, no Campus da Liberdade, em Redenção/CE.

Para o encontro, as intervenções artísticas e poéticas tiveram destaque este ano. No dia alusivo, 25 de julho, houve a performance “Não desiste, negra” com os discentes da Unilab trabalhando o texto de Mel Duarte.

Abertura da segunda edição do “As Pretas na Unilab”, Dia 25/7, Dia da Mulher Negra

Na expressividade dos ideais das mulheres negras intelectuais da Unilab, a Mesa Escrevi(vência) contou com a presença da convidada, Rosane Lorena de Brito, professora da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro, atuando como docente em Língua Portuguesa e Produção Textual, além das professoras do IHL, Joanice Conceição, Jacqueline Costa e Rosangela Ribeiro.

No período da noite, a intervenção artística tomou o espaço do Monumento “Negra Nua”, localizado em frente ao Campus da Liberdade, com a leitura dramática: “Comédia do Absurdo”; a apresentação do texto de Cristine Sobral “Contracena”, além do desfile subversivo do Grupo Unissons (fruto de projeto de extensão), com a temática “Sementes de Marielle”.

Apresentação artísticas no Monumento Negra Nua, em frente ao Campus da Liberdade (Unilab) | Foto: Ivan Freire

No último dia de trocas de conhecimento e vivências, dia 26, as atividades foram iniciadas com a intervenção poética da estudante do curso de Antropologia (IHL/Unilab) e também estudante do Mestrado Associado de Antropologia (UFC/Unilab), Mona Lisa Silva, com o discurso crítico-analítico que expôs a realidade da mulher negra nas diversas classes sociais, nível de conhecimento e perfil profissional, com atuação e propósitos comuns: a defesa e a luta antirracista.

Nesta defesa, a mestranda Mona Lisa, segue a linha de pesquisa sobre “ativismo e ciberativismo de mulheres negras”, às quais, realizam suas produções cotidianas, em diferentes espaços de atuação, como também, buscando ampliá-los através do uso da internet. “Elas criam esses espaços nas redes sociais para ampliar suas lutas e demandas, envolvendo outras mulheres. Talvez, se não tivesse o ciberespaço, muitas mulheres não seriam alcançadas”, esclarece Mona Lisa.

Mona Lisa Silva, intervenção poética da estudante de Antropologia (IHL/Unilab)

“A Unilab está desempenhando bem o seu papel, sendo uma universidade com espaço de maior acolhimento as temáticas voltadas às relações ético-raciais para população afro-brasileira, inclusive de propor as temáticas na grade curricular”, complementou a estudante de Antropologia, cursando o último semestre.

Segundo a coordenadora do Projeto de Pesquisa e Extensão “Ciclo de estudos e debates: Sobre o Corpo feminino – Literaturas Africanas e Afro-brasileira (PIBEAC), professora Luana Antunes Costa, este evento não era previsto no calendário universitário da Unilab, e, após atuação e repercussão da edição anterior, a segunda edição foi sucesso de público, estendendo-se em dois dias de trocas, vivências, defesas, intervenções e reflexões sobre a atuação da mulher negra na vida cotidiana.

Encontro de mulheres afro-latino-americanas e caribenhas, do grupo de pesquisa coordenado pela professora Luana Antunes Costa | Foto: Ivan Freire

No segundo dia (26), participaram da mesa: “Diversas, mas não dispersas”, (brado da vereadora do PSOL e socióloga, Marielle Francisco da Silva, feminista, defensora dos direitos humanos e política brasileira assassinada no Rio de Janeiro/RJ, em 14 de março de 2018), a convidada Ana Maria Eugênio da Silva, acadêmica de Serviço Social do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), militante do Movimento Quilombola Sítio Veiga – Quixadá/CE e das professoras do IHL/Unilab, Rebeca Meijer (mediadora), Vera Rodrigues, Rosalina Tavares e Artemisa Monteiro.

Entre as atividades de pesquisa desenvolvidas pelo corpo docente e estudantes da Unilab, a professora Vera Rodrigues apresentou o Projeto de ensino, pesquisa e extensão “Mulheres Negras Resistem: processo formativo teórico-político para mulheres negras”. O grupo é composto pela professora do IHL/PPGAS/Unilab, Vera Rodrigues e das estudantes Ariadne Rios (Masts/Unilab) e Mona Lisa da Silva (PPGAS/Unilab), buscam fomentar o protagonismo feminino e negro, por meio da formação de quadros de representação social e política. Tal representação visa atingir espaços públicos e privados de produção de conhecimento, elaboração e execução de políticas públicas, através de atos de intervenção com exposição dos trabalhos realizados durante os encontros nos módulos de atividade.

Apresentação das atividades do projeto de ensino, pesquisa e extensão pela professora Vera Rodrigues

As atividades do projeto são desenvolvidas junto ao Centro de Estudos Interdisciplinares Africanos e das Diásporas (CEIÁFRICA/Unilab), a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para promoção da igualdade racial (CEPPIR) e ao Laboratório de Estudos e Pesquisas em Afrobrasilidade, Gênero e Família (NUAFRO), vinculado ao Centro de Estudos Sociais Aplicados (Cesa), da Universidade Estadual do Ceará.

A militante do Movimento Quilombola Sítio Veiga de Quixadá/CE, Ana Maria da Silva realizou a intervenção crítico-poética; “Negra”, além de compartilhar sua vivência e experiências pessoais, além da atuação e relação desenvolvida em seu projeto de pesquisa acadêmica na defesa do povo negro e suas lutas.

Ana Maria da Silva, estudante do Pronera/Uece e militante do Movimento Quilombola Sítio Veiga de Quixadá/CE

Outra participação significativa foi a oratória da professora do IHL, a guineense Artemisa Candé, com reflexões sobre desigualdade, descriminações, machismo ocidental, falta de sonoridade das mulheres – “das mulheres com as mulheres”, do impacto da violência que os negros e negras estão sofrendo, e além da necessidade de mudanças quanto atuação de empoderamento.

Na realidade e contextos apresentados, “a formação, o conhecimento não é para negros. Quanto mais se cria oportunidades para a formação, para a politização das mulheres, mais mulheres serão empoderadas. Empoderamento no sentido da apropriação de conhecimento, não somente de lugar e espaço. Se não tiver conhecimento, não existe empoderamento”, afirma Artemisa Monteiro.

“Empoderamento pelo conhecimento”, a força da Mulher Negra | Foto: Ivan Freire

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