Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Filha de Che, Aleida Guevara profere conferência na Unilab sobre resistência na América Latina

Data de publicação  01/10/2018, 14:33
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Aleida Guevara profere conferência na Unilab. Foto: Assecom/Unilab.

Com a conferência “Desafios contemporâneos e resistência social: perspectivas do Brasil e América Latina”, Aleida Guevara, filha do guerrilheiro Che Guevara, esteve na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), no último dia 27. A convite do projeto de extensão Agroecologia Alimentando o Conhecimento, a médica pediatra falou sobre o que faz um povo mais forte na resistência por uma vida mais justa e chamou a atenção para o retrocesso vivido na América Latina.

Dona de uma larga experiência de vida, a médica pediatra que militou e trabalhou durante a Revolução Sandinista (Nicarágua, 1979-1990) e Guerra Civil Angolana (1975-2002) compartilhou com a plateia o que considera não uma receita para uma sociedade justa, mas pontos norteadores: unidade, respeito e organização.

Plateia ocupa auditório do Campus das Auroras, em Redenção/CE.

“Falam de um mundo democrático, de direitos, mas vemos que isso não existe quando as pessoas não têm o básico. Podemos baixar a cabeça e receber ordens ou buscar soluções. (…) Para viver de outras maneiras temos que ser donos do que produzimos, senão como vamos fazer educação e saúde públicas? Vocês imaginam o FMI (Fundo Monetário Internacional) dando dinheiro pra isso?”, provocou.

Aleida chamou a atenção ainda para um retrocesso político na América Latina. “Nos últimos anos houve um retrocesso brutal, sobretudo no Cone Sul. As pessoas se deram conta de que podiam viver de outra maneira, com justiça, e como aceitarão um retrocesso agora?”, apontou.

Sobre a necessidade de organização popular, a militante lembrou a experiência argentina no início dos anos 2000, em que o povo destituiu cinco presidentes. “Mas, como essa força popular não se organizou, se perdeu”, lamenta.

Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram “mística” na abertura do evento. Foto: Assecom/Unilab.

Outro tema em destaque na atualidade e tratado por Aleida foi a situação da Venezuela. Para a médica, a crise em que o país se encontra se deve a uma retaliação dos Estados Unidos, antigos compradores do petróleo venezuelano. “Venezuela sofre por ter se recusado a vender o petróleo a preço de banana aos EUA; vende agora o barril a preço internacional. Pela primeira vez, a Venezuela é dona do que produz. Se não somos donos de nossos recursos naturais, quem desfruta disso?”, questiona.

“Não há receita, cada povo verá suas necessidades. Somos um país pequeno, 11,5 milhões de habitantes, e temos 60 anos de governo socialista, resistindo ao governo imperialista dos Estados Unidos. Unidade do povo é o mais importante. Sem ela, nunca poderíamos enfrentar um governo tão perverso. Como se conseguiu a unidade? Com respeito ao ser humano, ao diferente, buscando compreendê-lo e atraí-lo à nossa luta. Podemos aprender com as diferenças e ser melhores como humanos”, resumiu.

Sobre o projeto

Agroecologia Alimentando o Conhecimento, projeto de extensão da Unilab, propõe-se a realizar um evento periódico entre a comunidade acadêmica e demais convidados por meio de seminários e palestras envolvendo inicialmente os docentes do curso de Agronomia para promover a socialização dos resultados de ações atividades de extensão e pesquisa, aprofundamento de temas contemporâneos, além do planejamento de futuras ações, buscando selar parcerias e projetos associados.

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