Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Projeto da Unilab distribui cinco mil manivas a comunidades do entorno do Campus dos Malês

Data de publicação  04/11/2019, 13:52
Postagem Atualizada há 4 anos
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Planejamento do plantio realizado conjuntamente com as Mulheres da comunidade da Baixa Fria e membros da equipe do projeto de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP.

O Projeto de Fortalecimento do Ensino, Pesquisa e Extensão em Segurança Alimentar e Nutricional na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) realizou, no município baiano de São Francisco do Conde, onde fica o Campus dos Malês, a atividade “multiplicação de manivas de mandioca”.

Como resultado, foram colocadas cinco mil manivas à disposição das comunidades localizadas no município de São Francisco do Conde. As manivas (sementes da mandioca) foram levadas a duas casas de farinha, sendo uma artesanal e uma mecanizada, ambas recebendo quantidades iguais, um total de 600kg in natura para cada uma. O resultado geral obtido foi de 224 kg de farinha – cada casa produziu 112 kg.

O total da produção foi distribuído nas comunidades da Baixa Fria, Vencimento, Quilombo Dom João, Jabequara da Areia e aos funcionários de serviços gerais da Unilab/Campus dos Malês.

Com o objetivo de incentivar o cultivo de mandioca e consequentemente a produção de farinha na região, a atividade ocorreu durante dez meses e contou com o apoio da Secretaria de Agricultura de São Francisco do Conde/BA.

Processo

De início, escolheu-se a área em que seria implantado o cultivo. Devido ao tamanho da equipe e os recursos disponíveis, foi demarcada uma área pequena, equivalente a 1.500 m2 (15% de um hectare), assim seria possível o manejo de todos os tratos culturais necessários ao desenvolvimento do cultivo e a sistematização dos resultados obtidos posteriormente.

Após a delimitação da área selecionada, foi realizada a limpeza, gradagem (preparação) e sulcagem do solo, para que ficasse nas condições ideais ao cultivo. Em relação à escolha do material genético a ser utilizado, optou-se por variedades locais, conhecidas popularmente como gravetão, amargosa e corrente, que foram plantadas em 10 de outubro de 2018. Devido à precipitação baixa ou ausente na região nesse período do ano, optou-se por irrigar o cultivo dois dias após as manivas serem plantadas. Para tanto, os participantes do projeto utilizaram um caminhão-pipa, garantindo assim o correto desenvolvimento do plantio, mesmo na ausência das chuvas. Passados 40 dias, e tendo se desenvolvido algumas espécies de plantas espontâneas, realizou-se a primeira capina, utilizando-se enxadas, instrumento comum na rotina dos agricultores da região.

O monitoramento do crescimento das plantas e do comportamento do solo esteve a cargo do engenheiro agrônomo Ismael dos Reis Alves, do técnico Ricardo da Silva e do secretário de Agricultura Renato Rosa.

Descasque manual das mandiocas produzidas a partir do experimento na comunidade do Vencimento-BA / Fonte: Leiva, 2019.

Descasque manual das mandiocas produzidas a partir do experimento na comunidade do Vencimento-BA / Fonte: Leiva, 2019.

Produção artesanal ou mecanizada

O processo de produção conta com cinco etapas: 1) descascar, 2) triturar/ralar, 3) prensar, 4) desintegrar/moer, 5) fornear. Foram encaminhados, ainda, 30 kg para a Secretaria de Agricultura para análise de qualidade, que irá apontar se há diferenças na farinha produzida na casa artesanal e na casa mecanizada ou se as duas se assemelham nas propriedades analisadas.

De acordo com a professora Jaqueline Sgarbi, da Unilab, embora a produção artesanal e mecanizada tenham apresentado resultados semelhantes, existem grandes diferenças no que concerne ao tempo de produção e à quantidade de recursos humanos necessários: na casa de farinha artesanal foram necessárias 48 horas de trabalho e na casa mecanizada somente 8 horas; enquanto a casa artesanal exigiu 15 pessoas trabalhando, na mecanizada foram necessárias somente cinco. A casa de farinha mecanizada é muito mais rápida se comparada à artesanal e oferece menos risco de acidentes.

“Contudo, ainda que a casa de farinha mecanizada ofereça vantagens, há expressões culturais que só se expressam na produção tradicional. São manifestações socioculturais de socialização das tradições folclóricas que acompanham o longo processo de descascar a mandioca realizado por mulheres que cantam, narram histórias e, por meio desse momento, as memórias coletivas são reconstruídas e trazem à luz os momentos vividos em comunidade”, sublinhou. Desse modo, as ações territoriais do projeto se relacionam ao campo produtivo, mas também contribuem para a reconstrução de práticas e saberes tradicionais associadas à produção de alimentos.

Sobre o projeto

O projeto de Fortalecimento do Ensino, Pesquisa e Extensão em Segurança Alimentar e Nutricional na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e na Unilab, apoiado pelo Ministério da Ciência Tecnologia Inovação e Comunicação do Brasil, desenvolve ações voltadas para a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) nos países da CPLP e nos territórios do entorno dos campi da Unilab. Entre as ações internacionais, destacam-se a I Escola de Verão, realizada no Campus dos Malês em 2017, Brasil; a II Escola de Verão, que aconteceu em 2018, na Unizambemze, na província de Tete, em Moçambique; e uma missão em São Tomé e Príncipe. Em 2019 foi implementada a Especialização em Segurança Alimentar e Nutricional na CPLP com quatro polos: São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e nos estados brasileiros de Ceará e Bahia. Além das ações internacionais, são desenvolvidas atividades relevantes no Maciço de Baturité/CE, coordenadas pela professora Jaqueline Sgarbi, e no recôncavo baiano, coordenadas pelo professor Pedro Leyva, vice-coordenador do projeto.

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