Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
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Egressas do curso de Agronomia realizam trabalho de produção orgânica e agroecológica no município de Capistrano

Data de publicação  04/12/2020, 13:26
Postagem Atualizada há 3 anos
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Brenna Almeida, Luciana de Sousa e Naiane Santos durante trabalho de produção orgânica e agroecológica no município de Capistrano/CE, na região do Maciço de Baturité.

Assistência técnica especializada para agricultores e disponibilização de Cestas Agroecológicas para comercialização no mercado regional. Esses são alguns dos resultados do trabalho desenvolvido no município de Capistrano (Maciço de Baturité/CE) por três engenheiras agrônomas formadas pela Universidade da Integração Regional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab): Brenna Almeida, Luciana de Sousa e Naiane Santos.

Tudo começou quando as egressas do curso de Agronomia da Unilab perceberam que alguns produtores agroecológicos vinham recorrendo aos “atravessadores”, o que fazia a produção perder valor, uma vez que era comercializada por terceiros. Diante desse cenário, as agrônomas decidiram trabalhar com certificação orgânica dos agricultores do município de Capistrano, localizado no Maciço de Baturité/CE.

O que é a certificação orgânica?

“A certificação orgânica constitui um meio dos próprios produtores comercializarem seus produtos de modo independente sem que outros indivíduos capturem os rendimentos que deveriam ser dos próprios produtores”, explicam as agrônomas. Os produtores, assim, passam a ganhar mais independência e valor agregado em seus produtos certificados, sendo a certificação um processo importante para a vida dos pequenos agricultores locais.

As engenheiras agrônomas e a Secretaria de Agricultura Pecuária e Pesca de Capistrano, num primeiro momento, construíram a ponte entre produtores e a fundação Centro de Educação Popular em Defesa do Meio Ambiente (Cepema). Por meio dessa fundação, o processo de certificação orgânica será pelo mecanismo Organizações de Controle Social (OCS). Esse mecanismo não permite o uso do selo, propriamente, mas garante a qualidade orgânica dos produtos, possibilitando que eles sejam comercializados em programas governamentais e feiras livres, aumentando de maneira considerável os rendimentos dos agricultores – o que ficaria com os atravessadores passará a ficar com o próprio produtor. “Em alguns casos, temos ciência de que alguns atravessadores chegavam a ter lucros da ordem de 150% sobre os produtos atravessados”, explica Brenna Almeida.

O cerne do processo de certificação é garantir assistência técnica especializada para os produtores e permitir a comercialização de seus produtos sem necessidade de um atravessador. Em outras palavras, garantir informações importantes para a sua produção e garantir sua autonomia na comercialização.

Assistência técnica especializada

Um dos principais resultados alcançados foi garantir assistência técnica especializada para os produtores, acompanhando todos os passos da produção: acompanhando manejo, dando suporte técnico direto aos produtores para garantir qualidade e os elementos técnicos necessários para conseguir a certificação.

Cestas agroecológicas

Outro resultado importante foi a realização de Cestas Agroecológicas para comercialização no mercado regional. Essas cestas ligam o produtor agroecológico diretamente ao consumidor que procura um alimento saudável e de procedência conhecida. Funciona assim: o consumidor tem acesso, por meio do Instagram @cestaagro, aos produtos comercializados e seus preços, então, realiza o pedido e a equipe técnica organiza os produtos encomendados levando em conta a disponibilidade nos diversos produtores em processo de certificação. As entregas ocorrem na Região do Maciço de Baturité.

A equipe técnica faz antes um inventário dos produtos disponíveis com os agricultores e depois, com a lista encomendada de cada consumidor, organiza os produtos em Cestas Agroecológicas e faz entrega uma vez por semana, levando alimentos de produção agroecológica e de procedência conhecida para a casa dos consumidores da região. As cestas constituem um importante reconhecimento da qualidade da produção agroecológica que está sendo certificada.

Agricultores João e Agostinho.

Venda dos produtos para o governo

Outro ponto importante do processo de Certificação é garantir que os produtos possam ser adquiridos por programas governamentais, como Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), garantindo uma margem de valorização de 30% sobre os produtos orgânicos certificados. Além disso, a certificação pela fundação Cepema abre outras rotas de comercialização, pois proporciona uma ligação mais próxima entre produtores e consumidores.

Uma pretensão interessante, segundo as engenheiras agrônomas, é, a partir do processo de certificação, construir a Feira Agroecológica do Maciço de Baturité.

Famílias

Hoje, o processo de certificação conta com dez famílias – no início eram sete. À medida em que o processo avançou, outras famílias cujas propriedades são vizinhas àquelas iniciais foram agregadas ao processo de certificação. O interesse maior é que as famílias vizinhas também passem a produzir de modo agroecológico. A possibilidade real do selo fez com que outros produtores também quisessem modificar e aperfeiçoar suas práticas produtivas.

“Essa ideia de realizar a certificação orgânica para essas famílias de Capistrano nasce de um sonho que é melhorar a vida das pessoas, trazendo dignidade para elas de modo a garantir sua autonomia e a melhorar sua qualidade de vida sem prejudicar a natureza”, destaca Brenna.

Curso da Unilab dá ênfase a práticas agrícolas, assistência técnica, extensão rural e Agroecologia

As três agrônomas responsáveis pelo projeto foram estudantes das primeira turmas da Unilab. Brenna e Naiane da segunda turma e Luciana da quarta turma de ingressantes do curso de Agronomia da Unilab.

É visível a diferença para o desenvolvimento rural de um município com a possibilidade de formação em cursos superiores que a universidade tem ofertado, em especial ao Maciço de Baturité.

“Com a Unilab, o Maciço passa a contar com profissionais que, em seu processo formativo, tiveram a oportunidade de se apropriar de conhecimentos e, mais que isso, enxergar suas realidades e potencialidades de mudança”, afirma a professora do curso de Agronomia da Unilab, Daniela Queiroz.

Conforme explica Daniela, os estudantes do curso de Agronomia têm uma formação voltada para a produção agroecológica e familiar. “Inclusive nas disciplinas de Práticas Agrícolas, em especial dos últimos semestres, eles vivenciam um pouco as necessidades das comunidades, e assim, em constante diálogo com todos os atores sociais, podem atuar em busca de novas alternativas.

O ponto forte do curso de agronomia da Unilab é, segundo a docente, possibilitar uma grande aprendizagem para trabalhos de Assistência Técnica e Extensão Rural.

“A possibilidade de acompanhamento técnico, fornecido pela prefeitura para os agricultores, abre uma nova perspectiva para a melhoria das condições de produção e comercialização, impactando na renda das famílias, atraindo cada vez mais pessoas para a produção agroecológica e possibilitando maior oferta de alimentos saudáveis”, destaca Daniela.

A produção agroecológica, também privilegiada no curso, trata-se de uma forma de promover a produção sustentável de alimentos saudáveis, livres, por exemplo, de agrotóxicos. Além disso, nos sistemas de produção agroecológicos, busca-se recuperação e restauração do ambiente e possibilita-se maior produção.

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