Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Universidade Brasileira alinhada à integração com os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Missão garante parcerias financeiras e ajuda a estabelecer a internacionalização na Unilab

O fato de Moçambique conceder 150 bolsas anuais para seus estudantes na Unilab, sendo 22 bolsas de pós-graduação, é mais uma prova de que, finalmente, a internacionalização pavimentou um caminho de mão-dupla.

Data de publicação  17/02/2023, 16:09
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A primeira etapa da Missão Internacional ocorreu em Moçambique. O Instituto Superior de Artes e Cultura foi um dos compromissos.

Basta dedilhar rapidamente no teclado para o Google nos dizer que Missão “é um encargo, uma incumbência, um propósito, é uma função específica que se confere a alguém para fazer algo, é um compromisso, um dever, uma obrigação a executar”. Percorrendo os olhos com mais atenção na tela, logo se descobre que missão pode ser, e muitas vezes é, responsabilidade não apenas de um indivíduo, mas de um grupo de pessoas que recebe um encargo a cumprir, seja este de ordem diplomática, cultural, científica, empresarial etc.

Há ainda um tipo de missão mais abrangente, tecida ao longo dos anos e feita de muitas mãos, de um empenho coletivo, que visa de sobremodo evidenciar os valores de uma empresa ou instituição. Por exemplo, discentes, docentes, técnicos-administrativos e terceirizados trabalham cotidianamente, e com afinco, para que a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) cumpra a sua missão institucional que é “formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional”.

Se não há dúvida de que, ao longo da última década, a Unilab conseguiu formar recursos humanos que têm contribuído não apenas para a integração, mas também para o desenvolvimento econômico e social da CPLP, permanece ainda a interrogação: mas… e a internacionalização deu-se, até aqui, de forma satisfatória? Depois de mais de uma década de fundação, que caminhos a Unilab traçou para fazer valer na prática essa internacionalização, que sonha em irmanar povos de culturas tão distintas e que tem nessa Língua Mãe, repleta de sotaques e variações linguísticas, seu principal ponto em comum?

Para a atual gestão que, depois de mais de dez anos, teve o primeiro reitor da Unilab eleito democraticamente pela comunidade acadêmica, muita coisa deixou de ser feita no terreno da internacionalização. A gestão entende que durante muito tempo a tão sonhada e alardeada internacionalização foi apenas e na prática uma via de mão-única, com a Unilab recebendo os estudantes internacionais e se responsabilizando sozinha com todos os investimentos deste projeto educacional. Isto porque as tratativas de gestões passadas da Unilab com os países da CPLP ficaram, a nível institucional, restritas a articulação com as embaixadas brasileiras para a execução do processo seletivo de estudantes internacionais, em ações de inscrição, coleta e repasse de documentos, informações a candidatos e aplicação de provas.

Reunião na fundação Amilcar Cabral.

E ainda, segundo a gestão, para além do fator financeiro, a questão diplomática, seja fortalecendo a aproximação com as embaixadas ou fomentando parcerias com os governos desses países, ficou a desejar. Faltou esforço para construir uma via de mão dupla em benefício do bem comum, que, certamente, potencializaria ainda mais a missão da Unilab.

Sobre a retomada do caminho da internacionalização, o reitor da Unilab, prof. Dr. Roque Albuquerque, ressaltou: “É parte de uma política externa da nossa universidade. Todos sabem que eu sou obstinado pela internacionalização e creio que toda a Unilab precisa entender o valor disso, que é o DNA da nossa universidade, aquilo que a distingue de todas as demais. Eu, particularmente, tenho grandes dificuldades em viajar, eu não gosto de viajar e, para ser bem honesto, tenho problemas de circulação que me incomodam, mas é um compromisso institucional importante. Por quê? Porque a Unilab nos seus primórdios tinha interconexão como política da gestão e ela se perdeu na caminhada e novamente se acha fazendo pontes que vão ser impactante na vida dos nossos estudantes”.

Outro ponto destacado pelo reitor é o papel da representatividade que a Missão Internacional desenvolve: “Quando nós vamos para Angola, para solicitar apoio para os estudantes angolanos, vamos com muita ousadia representando os estudantes angolanos. Quando vamos para Moçambique, e estamos chegando lá, vamos com muita ousadia, porque lá falamos, sim, em nome da comunidade unilabiana e em nome de todos os estudantes moçambicanos que estão e aqueles que querem vir para a Unilab e assim os Timorenses, e todos demais países. E é desta forma que a missão também tem um impacto nas nossas decisões pedagógicas, administrativas e na relação dialógica entre os continentes que estão envolvidos, não é? Continente asiático, continente africano e continente americano e nós da da América do Sul, na parceria global Sul-Sul. Então, é muito importante esse momento, ver a integração acontecendo, inclusive, convidamos esses países a chegarem com uma contrapartida que vai refletir na vida dos estudantes, porque nós queremos continuar crescendo, não temos condições de ter auxílios para todos, mas aqueles que tem auxílio ou bolsa [oriunda de seu país] darão oportunidade para outros que estão chegando, para outros que vão realmente precisar.”

Os Magníficos Reitores Roque do Nascimento Albuquerque, da Unilab e o Mário Jorge Brito, da UniRovuma.

Para a vice-reitora, profa. Dra. Cláudia Carioca, a internacionalização é mais um compromisso assumido e realizado pela gestão. “Este é um objetivo que nós temos na universidade, que realmente a sua gestão assumiu, que é de cumprir a Missão Institucional, que está muito bem descrito no artigo dois da Lei de Criação da Unilab, está se concretizando. Para mim, é um privilégio muito grande, para além do sacrifício de sair da minha casa, de sair de Redenção, para o outro lado do Atlântico, vir conhecer pessoas que antes eu só via através das telas e muito mais: conhecer famílias e ver no olhar das pessoas, o quanto a Unilab é importante.”

Assim que assumiu o comando da Unilab, a atual gestão superior constatou a necessidade urgente de fazer algo concreto para diminuir as distâncias diplomáticas, buscar aproximações com os governos da CPLP, fomentar parcerias científicas e financeiras com as instituições, tirando a internacionalização do papel e colocando-a na vida de todos e todas da Unilab.

A responsabilidade por esta difícil tarefa ficou a cargo, principalmente, da Pró-Reitoria de Relações Institucionais e Internacionais (Prointer), que é comandada pela profa. Dra. Artemisa Candé. Além do esforço e trabalho diários desta Pró-Reitoria, coube as missões internacionais uma parte deste protagonismo de impulsionar a internacionalização, de cruzar os mares e buscar nestes encontros olho no olho a aproximação necessária para fundar parcerias e instaurar definitivamente uma via de mão dupla. Em outras palavras, a intenção desta Missão foi e é avançar para além da assinatura de protocolos de intenção e da seleção estudantil, estabelecendo parcerias na mobilidade acadêmica, assistência estudantil, políticas linguísticas, pesquisa internacional, divulgação institucional, logística do processo seletivo, instalação de polos nos países de maior demanda, internacionalização de currículos, formação de quadros, entre outros pontos afins

Ciente dos desafios, mas cheia de esperança e determinação, a mais recente Missão Internacional saiu de Redenção no dia 12 de novembro de 2022, passando por Lisboa, com destino a Maputo, capital de Moçambique, onde teve uma agenda cheia. De lá, a Missão seguiu para Cabo Verde e depois para São Tomé e Príncipe, retornando ao Brasil/Ceará no dia 04 de dezembro de 2022.

Professora Dra. Cláudia Carioca estabeleceu diálogos profícuos para a Unilab com a Universidade de São Tomé e Príncipe, na pessoa do Magnífico Reitor Peregrino do Sacramento.

Esta missão contou com a participação, em momentos distintos, do reitor prof. Dr. Roque Albuquerque, da vice-reitora profa. Dra. Cláudia Carioca, da Pró-Reitora de Relações Institucionais e Internacionais (Prointer), profa. Dra. Artemisa Candé, do Pró-Reitor de Políticas Afirmativas e Estudantis (Propae), prof. Dr. Segone Ndangalila, do Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (Proppg), prof. Dr. Carlos Henrique Pinheiro, e dos Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs): o Pró-Reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças (Proplan), Antônio Célio dos Santos, e o coordenador da Secretaria de Comunicação Institucional (Secom), Vinicius Alves que, inclusive, ficou responsável pela criação de uma memória audiovisual da Missão, na qual destaca-se o compromisso da gestão superior na busca por estreitar e renovar os laços de amizade e cooperação entre as instituições de Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e a Unilab.

Segundo Artemisa Candé esta missão teve uma grande diferença entre as outras missões, explica: “Porque nós assumimos uma gestão no meio da pandemia e tivemos pela frente grandes desafios de reaproximação das embaixadas com a Unilab e, além disso, os próprios países, as instituições e nós, buscamos um outro foco, a tão almejada parceria, a contrapartida dos países com a Unilab, que agora está se concretizando. Moçambique é o primeiro país que concedeu 150 bolsas anuais para seus estudantes na Unilab, sendo 22 bolsas de pós-graduação. Agora, estamos retornando para ver o que a gente consegue granjear mais dessa parceria de bolsa e também para dizer como é a nossa experiência com a primeira instituição, Instituto de Bolsas e Estudos de Moçambique com a nossa universidade”.

Desta forma, a missão que passou por Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe fecha esse circuito que foi iniciado no ano passado com as visitas a Angola e Guiné Bissau. Em 2023 está previsto mais uma missão internacional aos países: Guiné Equatorial e Timor Leste, encerrando esse ciclo e começando a redesenhar as perspectivas, os planos de trabalho em conjunto no âmbito da mobilidade internacional, dos acordos de cooperação técnica, da produção de conhecimento e da divulgação da pesquisa científica etc.

“Trocas que a Unilab precisa verdadeiramente para fazer valer a sua lei de criação”, destaca Candé, acrescentando “Então essa é a nossa missão: sair para esse desafio, atravessar o Atlântico, sentar com os nossos parceiros e buscar outras epistemologias e outras latitudes da CPLP, que não é só o Brasil, enfim, sair da zona de conforto. E isto é gratificante, principalmente quando a gente tem um retorno como, por exemplo, o de Moçambique com a questão das bolsas, assim também esperamos trazer notícias positivas nesse sentido de São Tomé e Príncipe, Angola, Guiné-Bissau e o Timor Leste, que também já estão se organizando”.

Encontro na Universidade Pedagógica com o reitor Luiz Jorge Manuel Antonio Ferrão. Moçambique.

Para o Pró-Reitor prof. Dr. Segone Ndangalila, a missão teve e tem um papel fundamental para fazer com que a Unilab chegue até o interior dos países africanos, rompendo com uma lógica que se contentou apenas em atender os estudantes das capitais: “Fazemos um processo seletivo só nas capitais provinciais, então, ao invés de democratizarmos o acesso ao ensino superior nós retroalimentamos um nicho específico de pessoas que tinham acesso a esse capital epistêmico. Não estou a dizer com isso que os estudantes que vêm para a Unilab são pessoas oriundas de famílias de classe média. Não. Eu sei que o perfil de nossos estudantes é de famílias empobrecidas. Estou muito ciente disso. Mas, não é ainda o estudante do interior, das regiões mais recônditas de Moçambique, de Guiné Bissau, de Angola, de São Tomé, de Cabo Verde e Timor Leste. Então, nós começamos a traçar um novo modelo de contato diplomático com os países parceiros. Primeiro, para realçar essa importância da nossa instituição, dessa universidade que está preocupada em desenhar modelos pedagógicos e epistêmicos que sirvam para compreendermos, descrevermos e produzir conhecimento para toda CPLP. O que que isso implicou? Implicou em sairmos desse salto alto que tinha, sabe? Desse lugar de conforto e outorgarmos um papel que não era reconhecido pelos atores mais importantes na geopolítica e na área da educação na CPLP”.

Em um cenário nacional de recorrente redução no orçamento público, parcerias como a que foi realizada com o governo de Moçambique torna-se vital. Essa, aliás, é a visão do Pró-reitor de Planejamento, Célio dos Santos. “Nós teremos neste ano um orçamento de R$ 11,4 milhões para a assistência estudantil, o que representa uma redução de quase três milhões de reais [em relação ao ano passado]. Daí nessa missão a gente tem a intenção de conseguir novas parcerias, fazendo com que os países envolvidos [neste projeto] possam arcar um pouco com o recurso necessário para que o aluno possa participar efetivamente da nossa instituição. Logo, a função da Proplan nessa missão é de suma importância para buscar parcerias internacionais que possam ajudar no custeio desses estudantes, ou seja, garantir uma contrapartida dos países que fazemos parcerias.”

Encontro da comitiva da Unilab em São Tomé e Príncipe com Isabel de Abreu, Ministra da Educação.

Para o pró-reitor prof. Dr. Carlos Henrique Pinheiro, a Missão Internacional oferta, além do seu caráter institucional, um momento único de acompanhar in loco o posicionamento dos egressos em suas comunidades. “É importante colocar que a missão tem um caráter institucional muito significativo naquilo que se relaciona ao fortalecimento não só da marca da Unilab, mas da identidade que a Unilab tem no que se refere ao processo de internacionalização, ou seja, a sua matriz, o seu DNA. As suas diretrizes se voltam para a perspectiva da internacionalização e nessa possibilidade as missões  são relevantes para que a gente continue firmando parcerias, continue levando a marca da Unilab, que a gente continue estabelecendo acordos de cooperação, mas também que nós possamos entrar numa seara de acompanhamento dos nossos egressos, saber como os nossos egressos retornam para os seus países, dos postos que ocupam, das dificuldades que vivenciam, mas sobretudo o que nós conseguimos perceber das inúmeras conquistas que eles vivenciam e ao vivenciá-las eles colocam toda uma ordem de que a Unilab foi e é importantíssima, fundamental, indispensável em suas vidas.”

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