Comunidade acadêmica celebra os 48 anos da independência de Moçambique
“Na memória de África e do Mundo, pátria bela dos que ousaram lutar. Moçambique, o teu nome é liberdade, o sol de Junho para sempre brilhará”. Embalados pela força do hino de Moçambique, estudantes, professores e técnico-administrativos da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) reuniram-se para celebrar os 48 anos da independência do país do jugo colonizador de Portugal, ocorrida em 25 de junho de 1975.
A celebração teve início com o hasteamento da bandeira de Moçambique em frente ao Campus da Liberdade, em Redenção/CE. Na ocasião, o representante da Embaixada de Moçambique no Brasil, Faquir Sulemaine, afirmou que o feito foi o culminar de uma luta que durou séculos. “A independência custou a vida dos melhores filhos de Moçambique, tal como nos demais países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste. Valorizemos o esforço dos nossos heróis, que trouxeram a independência pro nosso país”, conclamou.
A reitora em exercício da Unilab, Cláudia Carioca, declarou que o momento aquece os corações. “Refletimos e percebemos ‘é isso mesmo que eu sou’. Cada moçambicano reafirma sua identidade nesse instante. Que vocês firmem dia a dia compromisso com os que ficaram [em Moçambique], pois é por causa deles que vocês podem estar aqui. Que possamos honrar Moçambique como aqueles que não estão mais aqui, mas estão em nossos corações”, ressaltou.
O representante da embaixada de Angola, Cristiano Micolo, salientou que os países desenvolveram lutas parecidas e às vezes partilhadas. “Moçambique é país irmão. Valeu a pena o esforço dos heróis”, concluiu.
Após o hasteamento da bandeira, a programação seguiu no auditório do campus, onde houve apresentação do Grupo Afromoz e mesa institucional.
O representante do Fórum de Estudantes Internacionais, Amarildo Diva, agradeceu o apoio da Pró-Reitoria de Relações Institucionais e Internacionais (Prointer) na organização do evento. Já o presidente da Associação dos Estudantes Moçambicanos na Unilab (Aemoz-Unilab), Alfredo Muchanga Júnior, relembrou o sacrifício dos heróis da independência, o que permitiu às gerações posteriores melhores condições de vida. O coordenador de Arte e Cultura da Proex, Nixon Araújo, destacou o protagonismo estudantil nos eventos de comemorações das independências. “Eles decidem tudo, a programação, convidados, nós, da Proex, damos suporte na execução”, comentou.
Pró-reitora de Relações Institucionais e Internacionais, Artemisa Candé, guineense, ressaltou que os líderes dos dois países foram irmãos de luta. “É com esse espírito de uma frente única, pan-africanista, que saúdo vocês. Precisamos de unidade na Unilab para enfrentarmos racismo e conquistarmos nosso espaço”, salientou. O pró-reitor de Políticas Afirmativas e Estudantis, o moçambicano Segone Cossa, considera que a atual gestão da universidade é a que mais trabalhou pela internacionalização. “Compreenderam que a ideia da Unilab é produto de uma utopia que produz sentido para uma coletividade e têm trabalhado para isso”, frisou.
A reitora em exercício, Cláudia Carioca, declarou sentir-se honrada com a participação de professores africanos pensando, junto à gestão, em como devem ser as ações de ingresso e permanência. “Os alunos são a parte mais importante que temos aqui. Moçambique é o primeiro país que, de fato, olha para a permanência dos estudantes. Olhar para o futuro se concretiza no presente, com a permanência de vocês aqui. E precisamos repensar todos os projetos pedagógico curriculares (PPCs) para ver se são eurocentrados ou afrocentrados. A defesa de África tem de estar também nos currículos” afirmou.
Histórico
O combate propriamente dito foi lançado oficialmente em 25 de Setembro de 1964, com o ataque ao posto administrativo de Chai, em Cabo Delgado. O conflito contra as forças coloniais se expandiu para outras províncias, como Niassa e Tete, e durou cerca de dez anos. Assim que as forças revolucionárias assumiam um território, elas estabeleciam as zonas libertadas, para garantir bases seguras, abastecimento em víveres e vias de comunicação.
A guerra findou-se com a assinatura dos “Acordos de Lusaka”, em setembro de 1974. Nesse período foi estabelecido um governo provisório composto por representantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e do governo português, até que, no dia 25 de junho de 1975, foi proclamada oficialmente a independência nacional de Moçambique.