Abertura da I Semana Internacional de Humanidades tem conferência sobre Ciências Sociais e decolonialidade
A I Semana Internacional de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) teve início na última segunda-feira (26) e conta com programação até a próxima sexta-feira (30). A noite de abertura do evento contou com conferência do professor e pesquisador Amurabi Oliveira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Oliveira abordou a necessidade de ampliar o olhar sobre a Sociologia para além dos ditos clássicos, determinados a partir de marcadores sociais como gênero, raça, classe e local onde nasceu – Norte ou Sul global. “Ao fazer um teste com o ChatGPT, solicitando uma lista dos dez mais importantes sociólogos, o resultado traz apenas homens, brancos e do Norte. É preciso refinar as questões até que apareçam mulheres e homens negros e do Sul global”, comenta.
Diante da problemática, o pesquisador pontua a necessidade de refletir sobre como temos ensinado Ciências Sociais e quem são os protagonistas. “Nós, os atuais professores, tentamos ensinar de uma forma diferente de como aprendemos. A geração de vocês é quem vai demonstrar que a Ciência Social é muito mais ampla”, estimou.
O professor considerou a formação oferecida pela Unilab como “privilegiada” com relação a outros cursos no país, quiçá no mundo. “Aqui vocês estudam todos esses clássicos do Norte, a ‘lista do ChatGPT’, e muito mais, é uma formação que leva em conta a produção decolonial”, afirmou, acrescentando que a Unilab representa um marco para o Brasil e outros países por conta de seu “projeto, diversidade e ter tido a primeira reitora negra no Brasil [Nilma Lino Gomes, 2013-2014]”.
A atividade de abertura da I Semana Internacional de Humanidades contou ainda com o lançamento dos livros “Metodologias interdisciplinares e interculturais para o ensino fundamental e médio: propostas didático-pedagógicas” e a coletânea “Ser poeta”, fruto de concurso de poesia organizado pela Associação dos Estudantes Guineenses na Unilab.
Construção coletiva
Durante a mesa de abertura, os coordenadores dos cursos de Antropologia, Luís Tomás; Bacharelado em Humanidades, Leandro Proença; Pedagogia, Rebeca Meijer (representando); e Sociologia, Joana Röwer, destacaram a formação afrorreferenciada a que os discentes têm acesso, bem como a possibilidade de participar da construção de uma universidade nova como a Unilab.
Para Leandro Proença, o fato de a universidade ainda estar em construção revela-se empolgante e tem reflexo nos cursos e suas atividades. “A Semana é um evento onde discentes não são só receptores de um conteúdo, mas protagonistas também desde o início. É uma atividade que quebra a dinâmica ‘normal’ da coisa. Mostra que queremos uma universidade onde todas as formas de vida são contempladas”, disse.
Luís Tomás reforçou que a interculturalidade na instituição tem tudo a ver com a Antropologia, por exemplo, que estuda o ser humano. “É possível estudar juntos, produzir saberes juntos, conhecer as diferenças e juntos avançar na nossa humanidade”, destacou.
No mesmo sentido, a diretora do Instituto de Humanidades, Luma Andrade, comentou sobre a diversidade e espírito de coletividade presentes. “É a presença da diversidade que nos fortalece. Tudo aqui foi pensado coletivamente”, celebrou.
Programação
A programação ocorre durante toda a semana, de 26 a 30 de agosto. Confira aqui.